Vida no espaço? Esperma de rato armazenado na ISS gera filhotes saudáveis
O esperma de ratos armazenado na Estação Espacial Internacional por nove meses, trazido de volta à Terra após esse período, foi usado para inseminar fêmeas, gerando filhotes saudáveis e férteis, relata estudo publicado nessa segunda-feira (22) no jornal Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
O experimento, para os pesquisadores japoneses que desenvolveram o estudo, indica a possibilidade, no futuro, de ser realizada a reprodução --de animais domésticos ou de humanos-- no espaço.
Os cientistas afirmam que tais experimentos são necessários já que as futuras gerações podem vir a viver por anos --ou até por gerações-- no espaço. Assim, a tecnologia de reprodução assistida seria usada para manter a diversidade genética.
Ratos saudáveis e férteis
A pesquisa foi desenvolvida por cientistas da Universidade de Yamanashi, em Kofu, no Japão, que armazenaram o esperma de um camundongo por 288 dias, de agosto de 2013 a maio de 2014, na Estação Espacial Internacional, antes de o trazerem de volta à Terra para fertilizar uma fêmea.
Foi avaliado, neste período, o impacto da radiação --que é cem vezes maior no espaço do que na Terra-- sobre o esperma do animal, constatando-se que houve pequenos danos no DNA em comparação às amostras de filhotes gerados em condições normais, armazenadas na Terra --o chamado grupo de controle. Tais danos, no entanto, foram reparados após a fertilização.
A taxa de nascimento e a proporção de machos e fêmeas destes filhotes também mostraram-se semelhantes a dos filhotes do grupo de controle.
Reprodução no espaço, quem sabe um dia?
Ao "Guardian", Teruhiko Wakayama, líder do estudo, disse que o propósito do projeto é saber se a reprodução de mamíferos no espaço é possível. "Infelizmente, levar camundongos vivos e cuidar deles no espaço é muito difícil. Então, nós decidimos por um experimento muito simples, que poderia ser realizado com a tecnologia atual", afirmou.
O estudo lembra que já foram realizados experimentos em microgravidade com outras espécies de animal, como peixes, anfíbios e pássaros, mas os mamíferos se mostraram mais difíceis de serem mantidos no espaço.
O próximo passo do projeto, disse Wakayama ao "Guardian", será enviar embriões de ratos para a ISS (Estação Espacial Internacional) e cultivá-los sob microgravidade.
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