Topo

Os gênios também erram: veja as mancadas de Darwin, Einstein e Pauling

Getty Images
Imagem: Getty Images

Fernando Cymbaluk

Do UOL, em São Paulo

10/06/2017 04h00

Seres humanos cometem erros, mesmo quando são grandes gênios da ciência. Mancadas estão presentes na história das teorias que levaram nomes como Darwin e Einstein à fama. E se não fossem esses “vacilos”, mentes brilhantes poderiam ter antecipado descobertas que viriam só depois. 

O físico e matemático Mario Livio, chefe da divisão científica de telescópio espacial Hubble, investigou os erros de gigantes da ciência. Para ele, o que explica os erros dos gênios são as limitações da mente humana.

Na obra “Tolices brilhantes” (editora Record), o autor lembra que é percorrendo caminhos “errantes” que a ciência muitas vezes avança.

O erro de Darwin seria corrigido por Mendel, e o de Einstein alimentou um debate na física com diferentes reviravoltas --além de um “mito” sobre uma suposta frase de Einstein que Livio descobre ser “papo furado”. 

Na obra, são explicados detalhadamente os erros de Charles Darwin, William Thomsom (Lord Kelvin), do químico Linus Pauling, do astrofísico Fred Hoyle e de Albert Einstein. Veja abaixo alguns deles. 

Charles Darwin - wikimedia commons - wikimedia commons
Imagem: wikimedia commons

O erro de Darwin

O criador da teoria da seleção natural e da evolução das espécies poderia ter ido muito além da imensa contribuição que deu para o entendimento da vida na Terra. Charles Darwin chegou a fazer experimentos com ervilhas iguais aos feitos por Gregor Mendel, que desvendou o funcionamento da hereditariedade e é considerado o pai da genética.

Em sua teoria da evolução das espécies, Darwin já estabelecia o princípio de que as características herdadas pelos seres vivos de seus progenitores são selecionadas pelo ambiente. Assim, os mais bem adaptados prevalecem sobre os que enfrentam dificuldades de sobrevivência. Contudo, Darwin foi incapaz de perceber como as características são transmitidas de uma geração para outra.

O cientista britânico se agarrou a teorias erradas, mas que eram dominantes em sua época. Acreditava que a característica do pai e da mãe se misturam nos filhos - da mesma forma que acontece em uma lata de tinta. E seu grande erro foi ter ignorado que o mecanismo de seleção natural que ele mesmo concebeu não podia funcionar sob essa suposição da hereditariedade por mistura.

A teoria da seleção natural de Darwin não teria funcionado sem a explicação de Mendel, que mostrou que as características hereditárias seguem regra de proporção, em que alguns traços são dominantes sobre outros.

Albert Einstein - AFP - AFP
Albert Einstein, provavelmente, teria dificuldade, hoje, para conseguir obter o "visto Einstein"
Imagem: AFP

O erro de Einstein

O nome que é sinônimo de genialidade especulou erroneamente sobre as forças que mantêm o universo em equilíbrio. Sua fórmula da relatividade geral permitia a previsão de um comportamento acelerado do universo. Einstein, contudo, apostava que o universo era estático, que não se expandia. Por isso, introduziu um fator de correção na fórmula, chamado de “constante cosmológica”.

Segundo Livio, Einstein não gostava desse elemento “intruso” em seus cálculos. Achava que ele violava a simplicidade estética da física. Quando o astrônomo Edwin Hubble provou que o universo de fato se expandia, o físico alemão revisou suas fórmulas e excluiu dela o fator de correção. Existe um mito na história da física de que Einstein teria dito que a constante cosmológica foi “o seu maior erro”.

Mario Livio fez uma profunda investigação sobre a suposta frase de Einstein e descobriu que ela provavelmente foi inventada por colegas do físico. Para Livio, não foi a inserção da constante cosmológica nas fórmulas da relatividade de Einstein o erro do gênio, mas sim sua posterior exclusão. Isso porque ela se mostraria necessária para explicar outro fenômeno, descoberto em 1998 por uma equipe de astrônomos: a de que a expansão cósmica não está desacelerando, mas sim, acelerando.

Linus Pauling - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

O erro de Pauling

Linus Pauling, químico duas vezes laureado com prêmio Nobel, construiu, com pressa, um modelo errado de DNA. Pauling chegou a apresentar com pompa seu modelo alfa-hélice, um modelo tridimensional composto por bastões e bolas e que constituiriam a principal característica estrutural de muitas proteínas. Mas a pressa para não perder o prazo para a publicação de sua pesquisa levou o químico a cometer erros crassos.

Seu modelo era extremamente semelhante a um modelo rapidamente descartado por Francis Crick , que com seu colega James Watson descobriu a verdadeira estrutura do DNA. E o pior foi que o maior químico do mundo construiu um modelo completamente equivocado devido a um erro básico de química – justamente sua praia. O próprio livro de Pauling de química elementar contradizia característica utilizada no modelo errôneo, ligada a carga de fosfatos.

Serviço

"Tolices Brilhantes"
Autor: Mario Livio
Editora: Record
Quanto: R$ 42,00