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O teletransporte de Star Trek existe, mas não é como imaginávamos

Cena do seriado "Jornada nas Estrelas:a nova geração" mostra teletransporte na ficção - Reprodução
Cena do seriado "Jornada nas Estrelas:a nova geração" mostra teletransporte na ficção Imagem: Reprodução

Marcelle Souza

Colaboração para o UOL, em São Paulo

27/06/2017 04h00

Quem nunca desejou se teletransportar para casa em um fim de tarde de trabalho com trânsito intenso? Ou então chegar imediatamente naquele compromisso para que você está atrasado? A boa notícia é que o teletransporte já existe. A má é que ele ainda está muito distante do que vemos em séries, como Jornada nas Estrelas (Star Trek, em inglês).

“Eu diria que esse tipo de teletransporte que vemos na TV é realmente ficção científica”, afirma Marcelo Martinelli, professor do Instituto de Física da USP (Universidade de São Paulo). “A quantidade de recursos gastos para que a gente conseguisse teletransportar um sistema complexo, como um protozoário, seria enorme. É algo impensável, tecnicamente inviável.”

Quando se trata de seres humanos, o professor não acredita que tal tecnologia seja possível em um futuro próximo. “Não devemos chegar ao ponto de transferir um sistema tão complexo. Mas pode ser útil em comunicações e processamento de dados”, explica.

Enquanto o sonho de desaparecer de um lugar e chegar imediatamente a outro ainda está muito longe, cientistas já conseguiram fazer outro tipo de teletransporte.

Cristais contêm informação fotônica após teletransporte - GAP/ University of Geneva (UNIGE) - GAP/ University of Geneva (UNIGE)
Cristais contêm informação fotônica após teletransporte
Imagem: GAP/ University of Geneva (UNIGE)

O teletransporte possível

Na física quântica, o que são transportadas não são as partículas em si, mas informações sobre elas. Ou seja, quando eu quero teletransportar algo de um ponto A para o B, o que aparece no B é uma cópia, enquanto o original é destruído no ponto A.

“Esta cópia seria tão perfeita quanto a informação que podemos obter do objeto em A. Ou seja, um serviço de fax”, explica o professor da USP.

Esse teletransporte quântico só é possível por causa de um fenômeno que os cientistas chamam de entrelaçamento, um sistema de comunicação instantânea entre as partículas onde essas informações quânticas são compartilhadas.

“Perguntado se o teletransporte poderia levar o corpo e a alma de um ser, o físico israelense Asher Peres respondeu que, na realidade, transportaria somente a alma”, diz Martinelli.

A partir desse fenômeno, o inglês Samuel Braunstein, da Universidade de York conseguiu, no fim da década de 1990, teletransportar um feixe de raio laser em laboratório. Outro experimento, realizado por uma equipe de pesquisadores da Universidade de Ciência e Tecnologia da China, conseguiu teletransportar fótons (partículas que formam a luz) a 16 quilômetros de distância em 2010.

Além desses países, o teletransporte quântico tem sido estudado por cientistas na Áustria, Austrália, Dinamarca, Suíça e nos Estados Unidos, entre outros.

O principal interesse desses pesquisadores não é fazer você fugir rapidamente de situações embaraçosas, mas aplicar essas descobertas da física quântica na computação, melhorando a segurança da informação, e na indústria química, por exemplo.