Clique Ciência: Você sabe qual o tipo sanguíneo do seu animal de estimação?
Animais de estimação também têm tipos diferentes de sangue entre eles. Os cães possuem 13 tipos (algumas frentes de pesquisa já apontam para vinte) e os gatos, apenas três. Mas, apesar dessa grande variedade de perfis sanguíneos, há uma grande prevalência de alguns tipos nas duas espécies.
Nos gatos, os tipos sanguíneos são três: A, B e AB. Acredita-se que haja um quarto, chamado de MINK, mas que ainda está sendo estudado.
A prevalência de cada um pode variar muito de acordo com a localidade e raça do pet. “No Brasil, encontramos uma superioridade muito grande do tipo A”, comenta Márcio Moreira, veterinário responsável pelo Hemocentro do Hospital Veterinário da Universidade Anhembi-Morumbi.
Estima-se que mais de 95% dos felinos tenha esse perfil de sangue, 3% o B e uma minoria muito ínfima o AB.
“Nem coletamos o sangue B, porque é tão difícil aparecer um receptor que esse sangue estragaria”, diz Moreira. As bolsas de sangue podem ser armazenadas por até 35 dias, depois disso são descartadas. Nesse caso, o animal é registrado e entra para uma relação de doadores que podem ser acionados quando necessário.
Apesar da alta prevalência do sangue A entre os felinos, é preciso fazer todos os testes antes de alguma transfusão. Se o animal receber um tipo incompatível, ele pode ter uma reação sistêmica grave e morrer.
E os cachorros?
Nos cães, a classificação é um pouco distinta. Os 13 tipos compõem o sistema DEA (sigla em inglês para Dog Eritrocyte Antigen, ou Antígeno Eritrocitário Canino), com nomenclatura numeral – por exemplo, DEA 1, DEA 1.1, DEA 3. A prevalência de cada um é muito variada.
Estima-se que em torno de 60% dos cães sem raça definida (vira-latas), 80% dos rottweilers e metade dos pastores alemães sejam DEA 1.1.
Os cachorros não possuem anticorpos naturais contra a maior parte desses tipos (ao contrário dos gatos e dos humanos). Isso significa que um sangue diferente não será rejeitado pelo corpo logo no primeiro contato. “Apenas em uma segunda transfusão, quando já houve a sensibilização do sistema imune, que pode haver rejeição”, comenta Moreira.
A tendência, no entanto, é que essa reação seja moderada na maior parte dos tipos. Apenas no DEA 1.1 ela é grave e pode levar à morte.
Por isso, os kits de tipagem disponíveis hoje no mercado testam apenas se o animal é positivo ou negativo para o DEA 1.1. Uma segunda possibilidade para trazer segurança à transfusão é fazer o teste de compatibilidade. “Não consigo determinar qual o tipo, mas se ele vai ter alguma reação ou não”, explica Moreira.
Animais doadores de sangue
Para se tornar um doador de sangue, os animais precisam preencher alguns pré-requisitos. Isso garante que a retirada seja feita de maneira segura, tanto para a saúde dele quanto para a do animal que vai receber o sangue.
Antes de ser realizada a coleta, é retirada uma amostra de sangue para realização de exames prévios. “São investigadas uma série de doenças transmissíveis pelo sangue”, comenta Moreira. Nos cães, essas doenças incluem, por exemplo, a erliquiose, babesiose, leishmaniose e dirofilariose.
nos gatos, micoplasma, leucemia viral felina e imunodeficiência felina (FIV e FELV).
Cães – Ter entre 1 e 7 anos de idade e mais de 25 quilos. Precisa ser dócil, vacinado, ter tomado vermífugo e ter feito controle de pulga e carrapato. É possível retirar até 20mL de sangue por quilo, sem prejudicar sua saúde. A doação pode ser realizada em intervalos de 60 dias.
Gatos – Ter mais de 4,5kg. Precisa estar vacinado, com vermífugo e ter feito controle de pulga e carrapato. Também não pode ter passado por procedimentos cirúrgicos recentes. É possível retirar de 10 a 15mL de sangue por quilo, sem prejudicar sua saúde. A doação pode ser realizada em intervalos de quatro meses.
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