Escavações para obras em Alagoas descobrem 21 ossadas com até dois séculos
As obras de revitalização do largo da igreja da Matriz Nossa Senhora da Conceição, no centro histórico da cidade de Marechal Deodoro (região metropolitana de Maceió), descobriram 21 ossadas humanas que foram enterradas entre os séculos 18 e 19, além de artefatos colocados no mesmo espaço dos mortos, como terço e pedaços de cerâmicas.
Os esqueletos estavam dispostos num espaço de 2 metros por 2 metros, no adro da igreja e a apenas 50 centímetros de profundidade.
O prédio da igreja da Matriz teve sua construção concluída no ano de 1783. Ele é o segundo prédio erguido no local na época do Brasil Colônia. O primeiro prédio da igreja foi edificado por um português em 1654, mas foi queimado por holandeses durante a invasão do território.
A arqueóloga Karine Miranda, coordenadora da pesquisa, explica que até o ano de 1850 não existiam cemitérios e as pessoas comuns eram enterradas nos arredores de igrejas. Já o enterro de corpos de religiosos e abastados ocorria dentro das igrejas.
Em outubro do ano passado, obras de revitalização realizadas na praça da igreja Senhor do Bonfim, no bairro de Taperanguá, descobriram quatro ossadas humanas. Os esqueletos foram datados do século 17 e estavam no adro da igreja, que é a primeira construção religiosa erguida no município.
Terço e cerâmicas
Além dos 21 esqueletos, um terço foi encontrado junto da ossada de uma criança, fragmentos de vestimentas e pedaços de cerâmicas. Os resgates de ossadas ocorrerão até o dia 28 de outubro, e mais ossadas ainda podem ser encontradas.
Os estudos complementares devem ser finalizados em novembro. Após a fase de estudo arqueológico da área, dois arqueólogos acompanharão a obra de revitalização para isolar trechos caso sejam encontrados novos achados.
Cinco áreas foram demarcadas para serem escavadas, entre as igrejas da Matriz e de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, baseadas em mapas holandeses antigos que mostram as construções das igrejas, para, assim, descobrir se existia material arqueológico a ser retirado do local e as obras de revitalização do largo prosseguirem.
Como se estivessem assistindo a missa
“Existia toda uma etiqueta para os enterramentos. As crianças tinham as cabeças viradas para o altar-mor, os adultos eram dispostos com os pés virados para o altar-mor como se estivessem assistindo a missa e encontramos outras arrumações diferentes”, diz a arqueóloga.
“A área pequena mostra que os enterramentos eram organizados para atender a grande demanda de mortandade para o local. Já observamos que existia reaproveitamento da área porque depois que foram retiradas as primeiras ossadas, à medida que escavamos, estão aparecendo outras”, diz Miranda.
Agora, os corpos serão estudados por arqueólogos e bio-arqueólogos da Ufal para descobrir o sexo, doenças que foram acometidas que causaram as mortes -- caso exista algum resquício nos ossos.
Marechal Deodoro tem três áreas tombadas
Três áreas do município de Marechal Deodoro são tombadas pelo Iphan desde 2009. A área de proteção são o Centro Histórico, o largo do Carmo e o bairro Taperaguá - todos com seus elementos de interesse, devido à sua importância histórica e relevância paisagística.
O município foi a primeira capital de Alagoas e a cidade natal do proclamador da República, que deu nome à localidade.
O centro histórico de Marechal Deodoro começou a ser construído em 1660 sob a influência da colonização e arquitetura portuguesas.
A cidade tem dois importantes registros para a história do urbanismo no Brasil: a praça de origem da vila com a forma original do período de 1611 a 1636, e os remanescentes de ajustamento topográfico da arquitetura às variações de níveis dos leitos das ruas.
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