Clique Ciência: Por que há animais tão coloridos e outros discretos?
Por que algumas espécies são tão coloridas e deslumbrantes, enquanto outras apresentam tons de pelagem neutros e discretos? Para aumentar suas chances de sobreviver e se reproduzir, por que mais seria?
Ou seja, determinada cor ou a combinação de cores não predomina por acaso em cada animal, mas como uma resposta direita ao processo evolutivo da sua espécie. Ela pode ter sido selecionada ao longo dos anos para cumprir diferentes funções, como camuflagem, mimetismo, sucesso sexual e afastar predadores.
De acordo com o biólogo Classius de Oliveira, professor do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da Unesp, a coloração externa de cada espécie é resultado da sua interação com aquele meio específico em que vive.
“Existe uma linha muito tênue entre o sucesso e o fracasso nesse processo evolutivo”, comenta.
Um lagarto, por exemplo, que depois de um longo período de evolução chegou ao seu atual tom marrom para conseguir se camuflar perfeitamente em determinado lugar pode virar uma presa fácil se resolver mudar de região. “Seu padrão de cor não funciona mais como o esperado naquele ambiente”, afirma Oliveira.
Nos mamíferos, os tons tendem a variar sempre entre um bege bem claro e o negro, embora exista uma enorme variação de tonalidades intermediárias. Esse padrão neutro ocorre porque a base do grupo é dada pela melanina, o mesmo pigmento que prevalece na pele humana.
No leão e na onça com manchas, por exemplo, a coloração, embora discreta, é usada para facilitar a captura da presa.
No caso da onça, as manchas ajudam a criar um padrão de disruptura, quebrando seu formato corporal. Assim, a presa tem dificuldades em reconhecê-la como um perigo, como uma onça que é, e acaba não fugindo.
Há ainda os animais que usam sua coloração com finalidades reprodutivas, caso do pavão e da tilápia e do salmão. Durante a época reprodutiva, os machos desses peixes ficam com a região do ventre mais avermelhada, como uma forma de ficarem mais visíveis para as fêmeas – e conseguirem acasalar com sucesso.
“Nesses casos, a finalidade não é se proteger, mas o contrário, se tornar visível e aparecer para o cortejamento”, comenta o biólogo.
Algumas espécies “copiam” ainda a cor de uma outra que seja semelhante, porém mais perigosa, como um truque para afastar o perigo. É o caso de algumas cobras não peçonhentas, que mimetizam o padrão de outra, que é peçonhenta e maior, para levar vantagem.
“A cor e os padrões de cada espécie são um resultado também da sua interação com os demais animais daquela área”, comenta Claussius. “Se ele evoluiu para se alimentar e reproduzir com sucesso, a coloração está sendo usada a seu favor”.
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