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Ciclone bomba: o que é o fenômeno que pode congelar pessoas na rua nos EUA

Forte nevasca atinge parte dos EUA; fenômeno é chamado de ciclone bomba - Getty Images
Forte nevasca atinge parte dos EUA; fenômeno é chamado de ciclone bomba Imagem: Getty Images

Rosália Vasconcelos

Colaboração para Tilt, do Recife

23/12/2022 16h19

O intenso fenômeno climático de inverno que atinge os Estados Unidos e parte do Canadá desde quarta-feira (21) deve piorar ainda mais neste fim de semana do Natal. As baixas temperaturas extremas - algo entre -45ºC e -56ºC -, previstas pelo Serviço Nacional de Meteorologia americano, são causadas pelo chamado ciclone bomba e são capazes até mesmo de congelar uma pessoa viva.

Em alguns estados, como em Wyoming , o termômetro congelante já vem sendo sentido, com -37ºC registrados nesta quinta-feira (22). No Colorado, as temperaturas caíram para -23°C. E a ciência já mostrou que corpos submetidos a valores tão baixos podem sucumbir ao gelo.

No século 18, o médico inglês Charles Blagden já havia realizado testes para saber quais as temperaturas extremas, altas e baixas, suportadas por um ser humano. Segundo seu estudo, uma pessoa seria capaz de aguentar até -29°C sem vento e muito bem agasalhado. Mas se houver ventos superiores a 40km/h, a pele pode congelar em menos de 30 segundos, porque a sensação térmica pode chegar a -66ºC.

Entendendo o ciclone bomba

Segundo os órgãos de meteorologia, essas baixas temperaturas estão sendo provocadas por um fenômeno conhecido como ciclone bomba.

O ciclone bomba é provocado pelo choque de uma massa de ar congelante vinda do Ártico com a massa de ar quente do continente.

A massa de ar fria atravessará praticamente todo o território dos Estados Unidos até a fronteira com o México - onde estão previstas rajadas de vento de 100 km/h - além de atingir algumas regiões do Canadá.

O fenômeno ganhou esse nome porque a tempestade provocada pela onda de ar frio vai se intensificando e perdendo pressão atmosférica de maneira tão rápida que chega a cair 24 milibars (unidade de medida de pressão do sistema) em 24 horas, puxando o ar extra gelado da região polar, congelando tudo o que tiver em sua rota.

É como se fosse um efeito de explosão causado pela rápida queda de pressão. A tempestade pode evoluir com tanta força e rapidez que se equivale a um furacão na categoria 3. Os ventos e a rotação da Terra criam um efeito de centrifugação.

Segundo os meteorologistas, a área mais afetada será a região dos Grandes Lagos, que pega o nordeste dos Estados Unidos e o sudeste do Canadá. Em Chicago, além da nevasca, estão previstas rajadas de vento de 80km/h.

Além de voos cancelados, estradas cobertas de neve e sem visibilidade, há previsão de corte no fornecimento de energia até a passagem da tempestade. A expectativa é de que este seja o fim de ano mais frio nos Estados Unidos das últimas quatro décadas.

A gravidade da situação é tanta que o presidente dos Estados Unidos fez um pronunciamento nesta quinta e chegou a emitir alertas para os norte-americanos e utilizou os adjetivos "perigosa e ameaçadora" para se referir à tempestade.

E avisou: quem tiver de sair de casa, "saia agora, não é brincadeira", orientando as pessoas a se anteciparem em suas viagens. Os principais aeroportos já cancelaram voos em antecipação à tempestade. Só nos EUA, as temperaturas podem afetar mais de 100 milhões de pessoas.