Cidade mineira mapeia fósseis de dinossauros para virar patrimônio mundial
A Prefeitura de Uberaba (MG), município distante 475 Km de Belo Horizonte, está mapeando as áreas urbanas do município onde foram encontrados fósseis de dinossauros do período Cretáceo, entre 80 e 65 milhões de anos atrás. Nesses locais serão instaladas placas trazendo informações sobre o afloramento fossilífero (depósito de fósseis), como o achado feito no local, as características e as imagens do animal e em que período ele viveu, além das características rochosas da área.
A iniciativa faz parte das medidas que o município está tomando para preparar-se para a candidatura, em maio de 2019, ao título de patrimônio geológico mundial, concedido pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e a consequente participação de Uberaba na Rede Global de Geoparques (Global Geopark Network), que envolve 126 países em todo o mundo. Atualmente, só existem três geoparques reconhecidos pela Unesco nas Américas: o Geoparque Araripe, no Ceará, o Gruta Del Palacio, no Uruguai, e o Stonehammer Geopark, no Canadá.
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Cerca de 60 técnicos de nível médio e superior, além de moradores voluntários, de diversas instituições, a exemplo da própria Prefeitura Municipal, do Sebrae, da Fiemg (Federação das Indústrias de Minas Gerais) e da UFTM (Universidade Federal do Triângulo Mineiro) participam da iniciativa. Já foram gastos cerca de R$ 200 mil no projeto. A estimativa é de que ainda serão gastos mais de R$ 1 milhão até maio do próximo ano, para que o município cumpra as exigências para atender aos critérios da Unesco.
A ideia é a criação de um geoparque, ocupando os 4.540 quilômetros quadrados do município e reunindo 12 sítios: sete geossítios e cinco sítios históricos e culturais. Os sete geossítios propostos são Ponte Alta, Caieira, Peirópolis, Univerdecidade, Serra da Galga, Santa Rita e Vale Encantado. Os cinco sítios históricos e culturais denominam-se Museu da Cal, Museu da Capela, Museu do Zebu, Fazenda Cassu e Casa Museu Chico Xavier.
O objetivo é ampliar a proteção das áreas que abrigam os enormes cemitérios e depósito de esqueletos de dinossauros no município, aumentar o turismo científico e pesquisas educacionais em Uberaba.
“Com a chancela da Unesco, o município vai participar de um nicho de turismo altamente qualificado, ampliar as visitas de cientistas e de estudantes ao parque dos dinossauros em Peirópolis (distrito de Uberaba), e aumentar os estudos científicos dos fósseis encontrados”, diz a secretária-adjunta de Turismo de Uberaba, Anne Roy Nobrega.
Fósseis na área urbana do município
Os fósseis em Uberaba não se limitam a área rural e o entorno da cidade. Toda a área do município é um enorme cemitério de dinossauros. Fósseis das criaturas que habitaram o município há milhões de anos são encontrados na área urbana de Uberaba. Na construção do Estádio de Futebol Engenheiro João Guido, o Uberabão, nos anos 1970, foram encontradas vértebras de dois tipos diferentes de tiranossauros.
Em 2011, durante a construção do Hospital Regional de Uberaba, próximo ao cemitério São João Batista, o maior da cidade, foram achados fragmentos do esqueleto de um dinossauro do grupo dos megaraptores. Na rua das Orquídeas, no bairro de Lourdes, a companhia de saneamento do município encontrou ossos de titanossauros. Fósseis dessas criaturas foram encontrados na construção de um edifício residencial no bairro São Benedito, ao lado de um shopping center, que também estava em construção, no início da década de 2010.
Anne Nobrega lembra que, para a construção de qualquer edificação em Uberaba, desde 2015, é necessário observar critérios na movimentação do solo, escavação e outros procedimentos que possam interferir nas reservas fossilíferas. “Os empreendimentos têm que ter profissional habilitado para verificar os impactos da construção nas rochas e verificar a existência de fósseis”, afirma.
O Titã de Uberaba
O principal depósito - e onde são feitas as coletas sistemáticas de fósseis em Uberaba – é o distrito de Peirópolis, 20 Km da área urbana do município. Ali funcionam o Complexo Cultural e Científico de Peirópolis, que abriga o Centro de Pesquisas Paleontólogicas Llewellyn Ivor Price e o Museu dos Dinossauros, mantidos pela UFTM.
O local ainda abriga um parque de dinossauros, com diversos modelos gigantes dessas criaturas, reproduzindo espécies encontradas no local, a exemplo do Uberatitan ribeiroi, o maior dinossauro brasileiro, com 25 metros de comprimento, quatro metros de altura na região lombar e sete metros de altura até a cabeça.
O distrito tem cerca de 300 habitantes. Pousadas, bares e restaurantes se espalham pelo centro histórico do distrito, que abrigou uma antiga estação ferroviária. As réplicas de dinossauros estão expostas nas áreas externas e em dois prédios: a própria antiga estação de Peirópolis e no prédio do Centro de Pesquisas.
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