Conheça "Steve", a aurora descoberta com a ajuda de 'caçadores de auroras'
Uma série de fotografias de feixes de luz colorida e vibrante no céu do Canadá chamou a atenção de cientistas e levou à descoberta de um novo tipo de aurora boreal. A análise científica, que revelou estruturas até então desconhecidas, foi feita por cientistas da Nasa (agência espacial dos EUA), com auxílio de satélites.
Mas foram as fotos que chamaram a atenção para o fenômeno óptico. Elas foram feitas por fotógrafos especialistas em armarem suas câmeras da melhor forma para capturarem tênues variações de luz no céu noturno. São como "caçadores de auroras".
Um feixe de luz observado na primavera e no outono em regiões onde auroras boreais não são tão comuns intrigava esses cientistas amadores. Quando foi capturada pelas máquinas fotográficas, no período entre 2015 e 2016, a aurora ficava visível no céu por cerca de uma hora. Sem saber o que era o fenômeno, os fotógrafos deram a ele um nome aleatório: Steve.
As auroras boreais são estudadas há décadas pelos cientistas, mas a nova estrutura jamais tinha sido alvo de investigações. Para Elizabeth MacDonald, física da Nasa (agência espacial dos EUA), a atenção despertada pela nova aurora está ligada ao uso de melhores câmeras que permitiram seu registro.
MacDonald liderou a equipe de cientistas profissionais que se debruçou sobre as imagens feitas pelos pesquisadores amadores para entender o fenômeno óptico. Um artigo com os achados foi publicado nesta quarta-feira (14) na revista Science Advances.
A equipe de MacDonald utilizou, além das fotos, dados colhidos pelo satélite europeu Swarm-A. Assim, conseguiu observar o que ocorria a cerca de 200 quilômetros acima da atmosfera, onde o fenômeno óptico se formava.
Os dados do satélite revelaram que as partículas carregadas que formavam a aurora tinham uma temperatura de cerca de 6.000°C, "impressionantemente quente" em comparação com a atmosfera próxima, diz MacDonald.
“Todo esse aquecimento e o movimento rápido provavelmente contribui para a aparência purpúra de Steve”, afirma a pesquisadora da Nasa. O comprimento de onda, que permite identificar onde ela está localizada no espectro de luz, ainda não foi determinado pelos cientistas. Também ainda não está claro quais átomos são bombardeados pelas partículas carregadas para emitirem a luz.
O que é certo é que o nome Steve pegou. A equipe de MacDonald resolveu adotá-lo oficialmente, transformando Steve em sigla para “Strong Thermal Emission Velocity Enhancement”, que em português significa algo como "emissão térmica forte com aumento de velocidade".
Um estrutura diferente
A nova aurora é distinta das auroras tradicionais em sua estrutura e com relação à região da Terra em que aparece. Em vez do formato cilíndrico que se abre no céu noturno, a Steve forma uma linha. E ocorre em latitudes mais baixas que a das auroras clássicas.
A cor é outro diferencial da aurora Steve. As auroras tradicionais possuem o verde como cor predominante. A luz verde é emitida por átomos de oxigênio da atmosfera terrestre que são bombardeados por partículas carregadas, como prótons, capturadas pelo campo magnético da Terra.
Já a cor predominante da nova aurora é o roxo. Ela é fruto de outra dinâmica, ligada ao fluxo de íons na atmosfera. Impulsionados por campos elétricos e pelo campo magnético da Terra, os íons viajavam de leste a oeste em velocidade próxima a 6 quilômetros por segundo.
As propriedades físicas de Steve são consistentes com um evento atmosférico caracterizado por um fluxo rápido de íons na atmosfera, que os cientistas teoricamente conheciam, mas que nunca tinha sido observado visualmente.
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