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Telescópio de R$ 30 bi revestido com ouro promete a melhor imagem do espaço

Batizado de James Webb, telescópio da Nasa já consumiu cerca de R$ 30 bilhões - Divulgação/Nasa
Batizado de James Webb, telescópio da Nasa já consumiu cerca de R$ 30 bilhões Imagem: Divulgação/Nasa

Colaboração para o UOL

04/04/2018 12h25

A Nasa (Agência Espacial Norte-Americana) faz os últimos ajustes para lançar seu melhor telescópio espacial. O equipamento permitirá a observação de estrelas através de um espelho revestido com uma fina camada de ouro puro, formado por 18 segmentos. Batizado de James Webb, o telescópio já custou por volta de R$ 30 bilhões à agência e promete oferecer visões sem precedentes do espaço.

“O Webb irá resolver mistérios do nosso sistema solar, olhar através de mundos distantes e ao redor das estrelas, e desvendar as estruturas misteriosas e origens de nosso universo e nosso lugar nele”, afirmou Lee Feinberg, diretor do Elemento Óptico do Telescópio da Nasa em entrevista ao canal "CNN".

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O telescópio é desenvolvido como um sucessor aprimorado do Hubble, lançado em 1990. Mas diferente dele, que orbita a Terra numa altitude de aproximadamente 550 quilômetros, o Webb será lançado a mais de 1 milhão de quilômetros no espaço. O telescópio ficará em um local específico onde a gravidade da Terra e do Sol se equilibram de uma maneira que qualquer objeto fica em uma posição fixa em relação a esses dois corpos celestes.

26.set.2012 - A Nasa (Agência Espacial Norte-Americana) recebeu os dois primeiros hexágonos que vão formar o espelho do telescópio espacial James Webb, o sucessor do Hubble. Cada hexágono, que mede 1,3 metro e pesa cerca de 40 quilos, é coberto por uma camada de ouro, material que ajuda a refletir a radiação infravermelha das galáxias. Isso porque o objetivo do instrumento é olhar para o passado e buscar as galáxias mais distantes do Universo. Como elas possuem brilho mais fraco, a agência precisa de um grande espelho para refletir a maior quantidade possível de luz dos corpos - quando for montado, ele ficará com 6,5 metros de largura frente aos quase 2,5 metros do Hubble - Chris Gunn/Nasa - Chris Gunn/Nasa
Engenheiro da Nasa observa hexágono que forma espelho do telescópio espacial sucessor do Hubble
Imagem: Chris Gunn/Nasa

Essa localidade também é muita fria, exatamente como os cientistas da Nasa queriam. O James Webb conseguirá ter uma visão mais profunda do espaço pois usa radiação infravermelha, que emite bastante calor. Portanto, o espelho do telescópio precisa estar resfriado para que não ocorra nenhuma interferência nas observações.

Para se proteger do calor do Sol, o espelho ficará em um escudo solar de aproximadamente 20 metros – do tamanho de uma quadra de tênis – feito de um material resistente ao calor. O equipamento, que se parece com uma pipa gigante, deve manter o espelho a uma temperatura de -223º C, quase três vezes mais frio do que a temperatura mais fria já registrada na Terra.

Concepção artística do James Webb no espaço - Nasa - Nasa
Concepção artística de como o telescópio James Webb ficará no espaço
Imagem: Nasa

Cada um dos 18 segmentos do espelho pesa 20 quilos e tem 1.3 metros de comprimento. Para caber todo esse equipamento no foguete que lançará o telescópio, no entanto, ele precisa ser dobrado, o que explica o formato de hexágono. “A forma hexagonal permite que os segmentos sejam dobrados e encaixem perfeitamente, sem lacunas”, explicou Feinberg.

Depois de ser colocado em órbita, o maior desafio será fazer os espelhos focarem corretamente nas galáxias distantes. Só o processo de desdobrar, esfriar e posicionar todos os segmentos de forma certa deve demorar dois meses. 

O Telescópio James Webb foi nomeado em homenagem a um funcionário da Nasa que trabalhou no projeto Apollo nos anos 60. O equipamento já está totalmente construído e passa por testes na Califórnia. O lançamento, que já foi adiado várias vezes, está previsto para 2020.

A aparência de seus espelhos chama a atenção pela beleza e simetria. O telescópio já foi fonte inspiração, inclusive, para artistas que desenvolveram joias e pinturas. "Nós desenhamos e chegamos nessa estética do espelho por razões de engenharia, a fim de alcançar nossos objetivos científicos", finalizou Feinberg.