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Hipopótamos despejam toneladas de fezes nas águas, e isso mata os peixes

Howard Singleton/National Geographic Traveler Contest
Imagem: Howard Singleton/National Geographic Traveler Contest

Do UOL, em São Paulo*

17/05/2018 17h30

Os hipopótamos produzem tanto excremento que, de acordo com dois estudos, poluem ecossistemas e até matam outros animais. Somente em um rio no Quênia monitorado durante cinco anos, os animais produziram 8,5 toneladas de fezes por dia e foram responsáveis, pelo menos em nove ocasiões, pela morte de peixes por falta de oxigênio.

Estima-se que no ambiente selecionado havia cerca 4.000 hipopótamos - o que resulta em uma média de 2,125 quilos de fezes por animal por dia. É 16 vezes a quantidade produzida por um ser humano - evacuamos, em média, 128 gramas diárias.

Estudos anteriores já haviam mostrado os efeitos positivos das fezes dos hipopótamos no ecossistema. Os excrementos, por exemplo, levam nutrientes para as águas africanas.

As pesquisas de agora, publicadas na Nature  e na Proceedings of the National Academy of Sciences, mostraram o peso, literalmente, das fezes dos hipopótamos na vida de outras espécies do Rio Mara, que vai do Quênia à Tanzânia.

Na época de seca, os animais se juntam em cerca de 100 piscinas naturais da região e depositam fezes no fundo das formações. O material alimenta os micróbios, que acabam roubando o oxigênio da água. Isso, por fim, prejudica a vida de outras criaturas que vivem no rio e mata os peixes.

Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores Chris Dutton e Amanda Subalusky utilizaram barcos robóticos que analisaram as piscinas naturais. Eles construíram pequenas barragens para represar a água e verificar o papel do estrume dos hipopótamos. Na seca, o rio Mara se torna mais estreito e raso, e a água, por causa das fezes, se torna rica em amônia, metano e outros elementos. 

Em um segundo estudo, outra equipe de pesquisadores mediu a qualidade da água e a biodiversidade em piscinas de hipopótamos no rio Ruaha, na Tanzânia. Durante a época das secas, a diversidade de espécies nessas piscinas diminui. Há por exemplo uma queda de 41% na quantidade de tilápias, o peixe mais consumido pelas comunidades locais.

Os estudos têm como principal objetivo alertar os africanos em relação a construção de novas barragens e projetos hídricos nas regiões com muitos hipopótamos, que podem causar ainda mais problemas aos ecossistemas locais.

*Com agências internacionais