Veja como foi o voo da Virgin Galactic que levou uma passageira ao espaço
A nave da empresa de turismo espacial Virgin Galactic, do milionário britânico Richard Branson, voltou a cruzar nesta sexta-feira (22) a fronteira do espaço, segundo a definição americana de 80 km de altitude, durante um voo de testes na Califórnia.
"SpaceShipTwo, bem-vinda ao espaço", escreveu a Virgin Galactic.
A instrutora chefe de astronautas da Virgin Galactic, Beth Moses, que treinará futuros turistas espaciais, viajou juntou com os pilotos a bordo da unidade VSS Unity, para avaliar a experiência do cliente e a cabine.
Moses chamou de "passeio indescritível" e disse: "Richard, você vai adorar."
"Há um ditado na aviação de que os pilotos têm o melhor lugar na casa, com a vista lá de cima. Mas hoje, eu não tenho certeza", disse o piloto David Mackay após o voo, referindo-se ao que Moses podia ver e fazer.
A nave, comandada por dois pilotos e projetada para levar até seis passageiros turistas, havia cruzado esse mesmo limite pela primeira vez, em dezembro. A convenção internacional, no entanto, estabelece a fronteira espacial mais acima, a 100 km de altitude, na chamada "linha de Karman".
O avião de transporte WhiteKnightTwo decolou logo após 8h (horário local) do Mojave Air and Space Port, na Califórnia. Ele lançou a embarcação de passageiros SpaceShipTwo a uma altitude de cerca de 44 mil pés e, em seguida, a nave espacial foi catapultada a 55 milhas acima da Terra.
A SpaceShipTwo, que é reutilizável, aterrissou sem incidentes na base especial do deserto de Mojave, na Califórnia.
Em 2014, um copiloto morreu durante os testes. Agora, Branson quer provar que os testes estão suficientemente avançados para que ele também vá a bordo.
Disputa pelo turista especial
Branson compete com a Blue Origin, a empresa espacial do fundador da Amazon, Jeff Bezos, e a SpaceX, de Elon Musk, para levar turistas ao espaço.
Mais de 600 pessoas de 58 países, incluindo o ator Leonardo DiCaprio e o popstar Justin Bieber, pagaram para voar com a Virgin --voo de 90 minutos que permite aos passageiros experimentar alguns minutos de ausência de gravidade e ver a curvatura da Terra.
A passagem custa US$ 250 mil. Segundo o empresário, eventualmente o preço da tarifa deverá para cair para cerca de US$ 50 mil na próxima década.
Já Musk calcula que uma passagem para Marte na SpaceX custaria em torno de US$ 100 mil. No Twitter, ele disse que o custo depende do volume de viagens, mas que estima que a viagem sairia por "menos de US$ 500 mil, ou até mesmo por menos de US$ 100 mil".
O foguete Starship, com o qual a viagem seria feita, continua em desenvolvimento. Recentemente, Musk publicou vídeos dos testes da versão funcional do motor responsável pela propulsão da nave. No ano passado, ele nomeou o magnata da moda, o japonês Yusaku Maezawa, como seu primeiro cliente em uma viagem ao redor da lua, agendada para 2023.
O plano de Musk para ver a SpaceX conduzir missões na Lua e em Marte está mais próximo. Isso porque a empresa conduziu o primeiro teste do Raptor, a versão funcional do motor que equipará o foguete Starship.
Esse motor é uma versão aprimorada do testado em 2016 e usará como combustível metano e oxigênio líquido. É uma solução similar à utilizada pelo motor mais forte da Blue Origin.
Blue Origin na frente
Enquanto isso, a Blue Origin, de Bezos, já fez o décimo voo de testes de seu foguete e atingiu uma altitude aproximada de 107 km, além da fronteira do espaço. O New Shepard partiu da plataforma de lançamento no Texas (EUA), levando experimentos científicos patrocinados pela Nasa.
Ariane Cornell, diretora comercial da Blue Origin, avisou na época que o próximo desafio da companhia era testar o foguete com humanos em seu interior. "Estamos planejando para o fim do ano", disse. "Mas como já dissemos, não temos pressa".
Futuramente, o New Shepard será lançado verticalmente, e uma cápsula tripulada se descolará e prosseguirá em sua trajetória acima da fronteira espacial por 11 minutos até retornar à Terra, em uma queda freada por um paraquedas. Cabem seis passageiros na cápsula.
O foguete New Shepard de Bezos já atingiu a linha Karman, um limite espacial internacionalmente reconhecido a 100 km acima da Terra e um ponto mais alto do que o alcançado pela SpaceShipTwo, mas as viagens da Blue Origin não transportavam seres humanos.
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