Três maiores poluidores rejeitam acordo climático obrigatório
Os três maiores poluidores mundiais - China, Índia e Estados Unidos - rejeitaram na terça-feira um novo acordo vinculante para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, o que aumenta o risco de que a atual conferência climática da ONU termine sem nenhum avanço significativo nesta semana.
A União Europeia lidera os esforços para manter vivo o Protocolo de Kyoto, tratado climático global cuja parte mais crucial expira no final de 2012. Mas os europeus condicionam sua participação à adesão dos três grandes poluidores - que não participam do Protocolo de Kyoto.
Falando aos representantes de quase 200 países presentes em Durban, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, admitiu que "um acordo abrangente e juridicamente vinculante pode não ser possível em Durban, mas essa tem de ser a nossa prioridade."
O Protocolo de Kyoto prevê obrigações apenas para países industrializados (sendo que os EUA se retiraram do tratado). Já os países emergentes, como China e Índia, ficam dispensados de qualquer redução obrigatória.
A meta da UE é que até 2015 seja definida uma atualização do Protocolo de Kyoto que reflita o aumento das emissões em grandes países emergentes.
"A União Europeia gostaria de ver as coisas concluídas assim que possível", disse a jornalistas a comissária (ministra) europeia do Clima, Connie Hedegaard, quando questionada sobre a possibilidade de o acordo ficar para depois de 2015. "Queremos um acordo juridicamente vinculante. Temos razões realmente boas para querer isso."
Existe um consenso de que não há mais tempo para negociar um tratado complexo até o final de 2012. Pela proposta da União Europeia, as novas regras seriam definidas até 2015 para entrarem em vigor em 2020. Cientistas dizem que, se as emissões globais de carbono não começarem a diminuir nesse prazo, o mundo enfrentará consequências climáticas catastróficas.
Embora lidere os esforços globais, a União Europeia responde por apenas 11 por cento das emissões globais de gases do efeito estufa, ao passo que China, EUA e Índia emitem juntos quase metade desse material.
O trio quer deixar para 2015 qualquer compromisso sobre cortes obrigatórios nas emissões. Ou seja, o acordo ficaria para depois da publicação de uma revisão científica a respeito dos efeitos da mudança climática, e de medições sobre a eficácia das promessas de redução de emissões feitas unilateralmente por certos países.
Na semana passada, Pequim acenou com a possibilidade de aceitar metas obrigatórias, mas desde então se recusa categoricamente em falar sobre cifras e prazos.
O principal negociador chinês, Xié Zhenhua, disse a jornalistas que a China pode participar do acordo se, após 2020, os esforços globais forem compatíveis com "responsabilidades comuns, mas diferenciadas".
As nações emergentes alegam que os países desenvolvidos, após se beneficiarem de dois séculos de progresso econômico decorrente das emissões, deveriam ter obrigações maiores que as nações em desenvolvimento.
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