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Museu de Auschwitz diz que vídeos do TikTok que 'imitam' vítimas do holocausto são uma 'ofensa'

Visitantes tiram foto no museu do antigo campo de concentração de Auschwitz-Birkenau em Oswiecim, na Polônia - Maciek Nabrdalik/The New York Times
Visitantes tiram foto no museu do antigo campo de concentração de Auschwitz-Birkenau em Oswiecim, na Polônia Imagem: Maciek Nabrdalik/The New York Times

Da RFI

27/08/2020 14h00Atualizada em 28/08/2020 19h39

A nova moda entre adolescentes é fazer uma maquiagem com marcas de machucados, roxos ou mesmo mimetizando um cadáver e publicar um vídeo na rede social TikTok em que atuam como vítimas do Holocausto. O museu polonês de Auschwitz-Bierkenau denunciou ontem a prática e chamou os vídeos de "dolorosos e ofensivos".

"Alguns dos vídeos online são perigosamente próximos ou ultrapassam as barreiras da trivialização da história e são desrespeitosos com as vítimas", afirma o órgão dedicado à memória do Holocausto em um comunicado publicado em suas redes sociais.

Nas imagens compartilhadas nesta plataforma muito usada por jovens, alguns vídeos são acompanhados por músicas pop ou por trilhas sonoras com sons de tiros. Em alguns vídeos, os jovens dramatizam um assassinato ou incorporam um cadáver.

A mensagem do museu afirma que as cenas podem causar dor para as vítimas e seus familiares. No entanto, o órgão destaca que os vídeos também podem ser motivados por uma necessidade dos jovens de falar sobre sua história de família.

"Eles usam a linguagem simbólica que lhes é familiar. Temos de ter muito cuidado neste debate porque a linguagem usada — muito comum nas redes sociais — parece causar muita emoção. Não podemos permitir a difamação, a humilhação e o ataque a jovens que podem apenas ter feito algo da maneira errada".

O comunicado do museu defende a necessidade de formar consciência sobre os usos adequados das redes sociais para falar do Holocausto. "É sempre preciso ter respeito com as vítimas, linguagem e contexto apropriados assim como precisão em relação aos fatos."

O museu lembra ainda que no debate em relação às mídias sociais há temas mais graves "como algoritmos que promovem o antissemitismo ou a presença de negacionistas do Holocausto, uma perigosa e hedionda fonte de antissemitismo e ódio. As empresas de mídias sociais, infelizmente, permitem conteúdo negacionista em suas plataformas".

O campo de concentração de Auschwitz tornou-se um símbolo do genocídio de judeus e outras minorias pelos nazistas. Entre 1940 e 1945, cerca de um milhão de judeus e 100 mil não-judeus morreram neste campo de concentração, segundo o museu.

Em comunicado, o TikTok destacou que as diretrizes de comunidade da plataforma deixam claro que não é tolerado "conteúdo de discurso de ódio que vise qualquer indivíduo ou grupo com base em atributos protegidos". A empresa informou que bloqueou preventivamente a capacidade de buscar por #holocaustchallenge no início da semana e passou a direcionar todas pesquisas pela hashtag para as diretrizes de comunidade.