Morte de criança italiana em desafio no TikTok reacende debate sobre regulamentação de redes sociais
A Justiça italiana abriu uma investigação sobre a morte de uma menina de Palermo, na Sicília, asfixiada quando participava de um desafio no TikTok. O incidente fortalece o debate sobre a regulamentação das redes sociais e da proteção de usuários menores das plataformas.
A Justiça italiana abriu uma investigação sobre a morte de uma menina de Palermo, na Sicília, asfixiada quando participava de um desafio no TikTok. O incidente fortalece o debate sobre a regulamentação das redes sociais e da proteção de usuários menores das plataformas.
Na quarta-feira (20), Antonella, de 10 anos, se fechou no banheiro da casa onde morava com a família para participar de um "desafio de blackout" no TikTok. Ela colocou um cinto ao redor do pescoço e o apertou com o objetivo de ficar sem respirar o máximo de tempo possível.
Pouco depois, uma de suas irmãs, de 5 anos, encontrou a menina desmaiada. Ela foi transportada imediatamente ao Hospital das Crianças de Palermo pelos pais, mas não sobreviveu.
O Ministério Público indicou ter aberto uma investigação por "incitação ao suicídio". O telefone celular da menina foi apreendido pelos investigadores, que devem determinar se Antonella estava participando de uma live com outros participantes, se alguém a convidou para entrar no desafio ou se ela fez o vídeo para um amigo ou conhecido.
A "brincadeira do cachecol" já é bastante conhecida na Europa e temida por pais e professores. Nela as crianças bloqueiam a respiração com a ajuda de um lenço amarrado no pescoço até desmaiarem com o objetivo de sentir sensações fortes. O jogo provoca acidentes a cada ano, alguns deles mortais.
"Brincadeira da asfixia"
Os pais da menina contam ao jornal La Repubblica que foi a outra irmã de 9 anos de Antonella que explicou que a menina "estava fazendo a brincadeira da asfixia".
"Nós não sabíamos nada", explicou o pai, Angelo Sicomero, ao jornal. "Nós não sabíamos que ela participava dessa brincadeira. Eu sabia que ela usava o TikTok para fazer coreografias, para ver vídeos, mas como eu poderia imaginar essa atrocidade?", disse. "Minha filha, minha pequena Antonella que morreu por causa de uma brincadeira radical no TikTok: como posso aceitar?", acrescentou.
Os pais informaram ao jornal que decidiram doar os órgãos da menina para que "outras crianças possam viver graças a ela".
Proteção de menores
Em reação à tragédia, a rede social publicou um comunicado dizendo que "a segurança da comunidade TikTok é nossa prioridade absoluta, nós estamos à disposição das autoridades competentes para colaborar com a investigação".
A Autoridade Italiana de Proteção de Dados processou a rede social em dezembro de 2019 por "falta de atenção à proteção de menores, facilidade de contornar a proibição de inscrição de crianças e falta de transparência e de clareza das informações transmitidas aos usuários e configurações predefinidas que não respeitam a vida privada".
A morte de Antonella causou comoção na Itália e aumentou as demandas de regulamentação da internet. "As redes sociais não podem se transformar em uma selva onde tudo é permitido, inclusive o que a lei proíbe no mundo real", disse a presidente da comissão parlamentar encarregada da proteção da infância, Licia Rozulli.
O TikTok - que permite aos usuários publicarem vídeos de até um minuto que podem ser gravados e editados na plataforma - foi lançado em 2016. Hoje a rede social tem 800 milhões de pessoas cadastradas no mundo, entre elas 7 milhões de brasileiros, e é muito popular entre crianças e adolescentes.
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