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Nasa simula recuperação de amostra de asteroide coletada a 300 mi de km

Equipe de recuperação participa de simulação de recuperação de material da cápsula Osiris-REx; a chegada do material coletada de um asteroide está prevista para 24 de setembro - Keegan Barber/Nasa
Equipe de recuperação participa de simulação de recuperação de material da cápsula Osiris-REx; a chegada do material coletada de um asteroide está prevista para 24 de setembro Imagem: Keegan Barber/Nasa

27/07/2023 10h00Atualizada em 27/07/2023 10h12

Em Houston, o laboratório da Nasa está pronto e os cientistas estão impacientes para finalmente receber amostras de asteroides pelas quais esperam há anos. Esses pequenos pedaços do asteroide Bennu devem pousar na Terra no final de setembro, após uma longa jornada. As amostras foram coletadas em 2020 pela sonda Osiris-Rex, a mais de 300 milhões de quilômetros da Terra.

O estudo do material coletado deve proporcionar um melhor entendimento sobre a formação do sistema solar e como o planeta Terra se tornou habitável. Esta é a primeira vez que a Nasa coleta uma amostra de asteroide para trazê-la de volta à Terra. O Japão já realizou missões desse tipo: a sonda Hayabusa-2 trouxe com sucesso em 2020 cerca de 5,4 gramas do asteroide Ryugu.

Desta vez, a Nasa espera encontrar na preciosa cápsula até 250 gramas de material.

A data de pouso está prevista para 24 de setembro em uma base militar no deserto de Utah, no oeste dos Estados Unidos, quase exatamente sete anos após a decolagem do Osiris-Rex da Flórida, em setembro de 2016.

As amostras serão então transportadas para o Johnson Space Center em Houston, no Texas. No local, uma grande caixa de metal e vidro os espera. O aparelho tem longas luvas brancas coladas a suas laterais, por onde os cientistas deslizarão seus braços para manipular o precioso tesouro. Manter um ambiente hermético e estéril é essencial para evitar a contaminação das amostras, trazidas em uma cápsula que exigirá muitos dias de trabalho meticuloso para abrir.

"Com base nas observações do asteroide, esperamos [encontrar] diversas rochas muito escuras, potencialmente muitos tipos que conterão carbono e compostos orgânicos", explicou Nicole Lunning, encarregada pela Nasa para a conservação das amostras.

"Elementos básicos da vida"

Esses compostos representam "os elementos básicos da vida", continua ela, enfatizando que não são elementos vivos em si. "Foi realmente isso que motivou a ideia de coletar essas amostras. Ir até esse tipo de asteroide permite entender quais elementos podem ter alimentado a vida na Terra."

Nem todas as amostras serão analisadas imediatamente, para que as gerações futuras possam estudá-las com novas tecnologias. O que também foi feito com as amostras da Lua trazidas pelos astronautas da Apollo, a maioria guardada também no Johnson Space Center.

Ao contrário dos pedaços de asteroides às vezes encontrados na Terra, quando caem naturalmente, os de Bennu não terão sido contaminados por sua entrada na atmosfera. "Essas amostras não atingiram a Terra", especifica a geoquímica da Nasa Eve Berger, que aguarda ansiosa a chegada das amostras. "[As amostras] não foram expostas a nada, exceto ao espaço."

O interesse de analisar a composição dos asteroides do Sistema Solar é que estes são compostos pelos mesmos materiais que formaram os planetas.

"Isso nos ajudará a entender o que estava disponível" na época, acrescentou Berger. E "se pudermos entender o que aconteceu na Terra, isso pode nos ajudar a extrapolar sobre outros corpos celestes".

Será que algo nunca visto antes será descoberto nessas amostras? "Nunca se sabe", responde a cientista. "Saberemos mais em alguns meses, e isso será ótimo!"

(Com informações da AFP)