Sem jantar e caução de R$ 31 milhões: como foi a prisão do dono do Telegram

Acompanhado pelo seu guarda-costas e pela sua assistente, o bilionário de origem russa Pavel Durov, de 39 anos, fundador do Telegram, foi detido na noite de sábado no aeroporto de Bourget (norte de Paris) e acusado por dois juízes de instrução parisienses nesta quarta (28) de não agir contra a disseminação de conteúdo criminoso em mensagens, mas já foi liberado.

Durov estava chegando de Baku, no Azerbaijão, e deveria passar pelo menos a noite em Paris, onde planejava jantar.

Depois de detido, passou por várias horas de interrogatório por numerosos crimes e, segundo comunicado de imprensa da procuradora de Paris, Laure Beccuau, os juízes o indiciaram por "recusa de comunicação de informações necessárias para interceptações autorizadas por lei", cumplicidade em crimes e crimes organizados na plataforma (tráfico de drogas, pedofilia, fraude e lavagem de dinheiro) e "prestação de serviços de criptologia destinados a garantir funções de confidencialidade sem declaração".

Segundo uma fonte próxima, Pavel Durov e seu irmão Nikolaï, ambos cofundadores do Telegram em 2013, eram alvo de mandados de busca emitidos pela Justiça francesa desde março, como parte de uma investigação preliminar conduzida pelo Centro de Combate ao Crime Digital (C3N) e do Gabinete Nacional Antifraude (Onaf).

Além da nacionalidade russa, ele possui cidadania francesa e dos Emirados Árabes, onde mora em Dubai, sede do Telegram.

Durov agora fica sujeito a uma forte supervisão judicial, que prevê a obrigação de pagar uma caução de 5 milhões de euros (R$ 31 milhões) e se apresentar à Justiça duas vezes por semana, além da proibição de deixar o território francês.

Questionado, o seu advogado não comentou.

No seu comunicado de imprensa, a procuradora de Paris explica que o Telegram "aparece em múltiplos documentos relativos a diferentes crimes" e apresenta uma "quase total ausência de resposta às requisições legais", informou o Ministério Público.

Durov é indiciado por 12 acusações

Ele é acusado de uma série de crimes, incluindo ajudar na administração de uma plataforma online que permite transações ilícitas para gangues, e de ser cúmplice em fraudes e tráfico de drogas.

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Além disso, é acusado de ser responsável por espalhar material de abuso sexual infantil e crimes de ódio no Telegram, por lavagem de dinheiro e por não cooperar com a Justiça quando solicitado a fornecer dados e informações sobre possíveis ações criminais.

"Outros serviços de investigação e promotores franceses, bem como vários parceiros da Eurojust, especialmente belgas, compartilharam a mesma observação", acrescentou o Ministério Público francês em seu comunicado.

Também veio à tona que Durov está sendo investigado por supostamente maltratar um de seus filhos, nascido em 2017, quando ele e sua ex-parceira, a mãe da criança, estavam em Paris. A mulher apresentou queixa contra ele no ano passado, na Suíça, onde a criança vive atualmente, disse uma fonte à AFP.

De acordo com a promotoria de Paris, a investigação permitirá que sejam feitas verificações com a Suíça para descobrir se "já existe uma estrutura judicial" nesse país sobre esses eventos. Em caso afirmativo, a justiça francesa não substituirá a justiça suíça, de acordo com uma fonte próxima ao caso.

O Telegram divulgou uma nota dizendo que a plataforma "está em conformidade com as leis da União Europeia, incluindo a Lei de Serviços Digitais" e que "sua moderação está dentro dos padrões da indústria e está constantemente melhorando".

"Pavel Durov não tem nada a esconder e viaja com frequência pela Europa. É absurdo que uma plataforma ou seu proprietário seja responsável por abusos em sua plataforma", acrescenta o comunicado. (Com EFE, AFP)

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