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Ancestrais das cobras provavelmente tinham patas

Fósseis recém-descobertos com aproximadamente 140 milhões de anos indicam que o desenvolvimento do crânio e da mandíbula, não a falta de membros, diferenciou a evolução das cobras da evolução dos lagartos - Chris Gash/The New York Times
Fósseis recém-descobertos com aproximadamente 140 milhões de anos indicam que o desenvolvimento do crânio e da mandíbula, não a falta de membros, diferenciou a evolução das cobras da evolução dos lagartos Imagem: Chris Gash/The New York Times

Douglas Quenquia

11/02/2015 06h00

O que faz um animal ser classificado como cobra? Os fósseis mais antigos de cobras já registrados estão forçando os pesquisadores a reconsiderar essa pergunta.

Durante muito tempo os paleontologistas consideraram as patas um fator determinante ao diferenciar cobras de lagartos: os últimos as possuem enquanto as primeiras, não.

Em um artigo publicado no periódico "Nature Communications", cientistas descreveram quatro fósseis recém-descobertos de 140 milhões a 167 milhões de anos. Pensava-se que dois deles fossem lagartos. Todavia, eles acabam de ser classificados como cobras devido à forma em que os ossos do crânio e da mandíbula estão estruturados. De acordo com os pesquisadores, o desenvolvimento dessas características ocorreu antes da ausência de patas.

"O desenvolvimento do crânio e os mecanismos de alimentação provavelmente compeliram as cobras à evolução. A ausência de patas veio depois", afirmou Michael Caldwell, paleontologista da Universidade de Alberta e principal autor do estudo.

Os fósseis não possuíam um conjunto de ossos na parte superior da mandíbula que os unisse ao resto do corpo como ocorre com os lagartos, afirmou Caldwell. É a ausência dessa conexão que faz com que a cobra consiga uma abertura da boca maior que sua cabeça.

Todavia, o cientista afirma estar quase certo de que, tendo em vista partes das vértebras, esses antepassados das cobras andavam sobre quatro patas.

Influenciando a sede dos camundongos

Pesquisadores descobriram um circuito presente no cérebro de camundongos que controla a sede. Caso seja ativado, o camundongo continuará bebendo não importa quanto já tenha bebido. Caso seja desativado, o animal para de beber água.

Publicadas na revista Nature, as descobertas sugerem que o órgão subfornical ou OSF – uma parte incomum do cérebro que se acredita ajude a regular o apetite e a reter líquidos – possua uma nova função.

Ao contrário da maioria das regiões do cérebro, o OSF está localizado fora da barreira hematoencefálica, o que faz com que seja bastante irrigado pela corrente sanguínea. Biólogos da Universidade Columbia questionaram se isso significava que o OSF podia determinar quando a hidratação era necessária.

Para descobrir isso, eles introduziram uma proteína sensível à luz no OSF dos camundongos, que contém dois conjuntos de neurônios (excitatório e inibitório). Em seguida, com o uso de um laser, os pesquisadores conseguiram desativar e ativar os neurônios.

Quando os neurônios excitatórios foram ativados, os camundongos beberam com avidez por períodos prolongados, consumindo até oito por cento do seu peso corporal em água. (Os camundongos não demonstraram interesse por outros fluídos.) Quando os neurônios inibitórios foram ativados, os camundongos reduziram o consumo em até 80 por cento.

O resultado sugere que o OSF atua como um "sensor sanguíneo" interno, afirmou Yuki Oka, principal autor do estudo.

"Acreditamos que o OSF seja um tipo de 'língua' do cérebro. Como está exposto à corrente sanguínea, sua localização lhe permite monitorar a situação interna", afirmou Oka, que hoje está no Instituto de Tecnologia da Califórnia.