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Deu Tilt #4: Falta muito para eu ter um filho que brilha no escuro?

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De Tilt, em São Paulo

21/03/2020 13h12

No quarto episódio do nosso podcast de ciência e tecnologia, o "Deu Tilt" (ouça no arquivo acima o programa), o colunista Ricardo Cavallini, o Cava, conversou com Martín Bonamino, pesquisador do grupo de imunologia tumoral do INCA (Instituto Nacional do Câncer) e especialista da Fiocruz. No papo, ele explica o que é a ferramenta de edição genética Crispr e como ela vai mudar os rumos da medicina e dos tratamentos das doenças.

A técnica pode inclusive ser usada com muita precisão para achar o coronavírus no corpo de um paciente. "Uma das aplicações de Crispr mais fáceis de levar para comercializar é a do diagnóstico. Então, vamos supor que tem alguém com esse coronavírus e você quer fazer um teste. Você pode usar uma [técnica Crispr] CAS-9 que reconheça o genoma do coronavírus, mas não de outro vírus. Aqui tem um aspecto importante: ela é bem precisa", explicou Bonamino. (a partir de 5:53 no arquivo acima)

A edição genética em seres vivos é tão poderosa que levantam uma série que questões éticas. Cava pergunta se "é como brincar de Deus", porque pode levar a práticas absurdas, eugenistas, racistas ou especistas, desde escolher a cor do olho do filho a usar animais como escravos. "Exatamente, justamente por isso se pediu uma pausa para discutir as implicações e os limites éticos. Depois, se retomou. E a verdade é que hoje a gente já faz isso muito bem em laboratório há algumas décadas. Mas o que essas tecnologias fazem agora é fazer isso, acessar o genoma e cortá-lo, dentro do ser vivo." (a partir de 8:20)

"Isso de escolher a cor do olho é eticamente questionável e estúpido, mas onde a gente viu esse tipo de coisa acontecer? Em plantas e animais. Você vai selecionando os traços que você quer, vai cruzando aquelas características, até chegar a uma espécie determinada. A diferença agora é que essas técnicas novas não inserem nada novo, só editam. Hoje, em vez de você inserir uma página nova, você edita o trecho que quer mudar. É uma maneira muito mais refinada de fazer o que já é feito naturalmente." (a partir de 9:27)

Rola então fazer um filho que brilha no escuro? "Rola, a gente já tem camundongos que brilham no escuro. Vai dar trabalho, mas dá para fazer", afirma o pesquisador. "A gente já teve os primeiros exemplos de crianças editadas geneticamente na China." (a partir de 11:46)

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Referências citadas

  • Dráuzio Varella
  • Filme: Gattaca, uma Experiência Genética (1997)
  • Livro: O Gene, de Siddhartha Mukherjee e Laura Teixeira Motta