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Deu Tilt #6: Tem como "acalmar o cérebro" diante da incerteza? Neurocientista explica

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De Tilt, em São Paulo

06/04/2020 04h00

Em tempos de pandemia, o home office virou a rotina de trabalho de quem pode trocar o escritório pela casa. Os aplicativos de gestão de tarefas e de reuniões online aparecem como a salvaguarda para manter o ritmo da empesa funcionando, mas a maior aliada para um trabalho realmente produtivo pode ser a neurociência.

Para entender a relação do cérebro com os padrões de comportamento, com os erros e acertos e até com a inteligência artificial e com a capacidade de automatizar a inovação, nós convidamos uma neurocientista para o sexto episódio do podcast de ciência e tecnologia, o "Deu Tilt" (ouça no arquivo acima o programa). Nele, o colunista Ricardo Cavallini, o Cava, bate um papo com Carla Tieppo, doutora em neurofarmacologia pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP), pioneira na aplicação da ciência do cérebro no desenvolvimento organizacional e humano.

"O fato de a gente não conseguir mais levar a nossa vida como levava antes, essa quebra de rotina, nos coloca nesse lugar de incerteza, que chega num volume absurdo. Porque tudo que a gente fazia, todas as certezas, todos os planos desmoronaram de um dia para o outro. Então é muito dramático. Fundamentalmente, o que as pessoas vão precisar é reconstruir neste momento seus planos, suas ideias e suas convicções e isso diante de um clima onde a gente não sabe o que vai acontecer na semana que vem", explica. (a partir de 11:46)

"A mente humana gosta de ter esse controle, a previsibilidade, a constância, o automatismo. Isso se perdeu, então que a gente pode fazer? Podemos colocar a serviço da dinâmica cerebral um gerenciamento emocional, que é o que mais faz falta hoje em dia às pessoas. As emoções têm um papel muito claro, mas isso foi sendo deteriorado, depreciado dada a apologia que a gente faz da racionalidade."

Para quem pensa que home office é trabalhar de pijama, o cenário real, ao menos o produtivo, é muito distante disso. Cava perguntou à neurocientista como criar mecanismos mentais para fazer esse tipo de trabalho dar certo. (ouça a partir de 34:00)

Tieppo alertou que é importante construir em casa uma rotina parecida com que era vivida quando se ia trabalhar no escritório e tomar cuidado para não misturar canais. "Não usar aquele espaço que você usa para entretenimento e aí você usa para trabalhar também, porque isso mistura a sua dinâmica cerebral. Você precisa encaixar naquela tarefa trabalho como encaixava antes. Senão fica tudo meio parecendo férias ou parecendo que você está fazendo as coisas porque você está trabalhando, mas não está e aí se compromete pouco", explicou a neurocientista.

Se o isolamento pode ser um mal desses tempos de confinamento, Carla reforça que as reuniões online precisam ir além do papo formal sobre o trabalho.

"Não deixa o papo do café de lado. Porque era naquele momento que você entrosava afetivamente ou emocionalmente com aquelas pessoas. Então, você precisa continuar existindo", lembra ela. No entanto, separar as ferramentas também é muito importante e Carla explica o porquê: "Se você usa Zoom para trabalhar [...] use Skype para bater papo com a sua família e vice-versa. Porque toda a tela, toda conformação estimula circuitos neuronais e emocionais que são condizentes com o trabalho", comentou. (a partir de 37:00)

Tieppo também é professora e pesquisadora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, é CEO e sócia-fundadora da Ilumne Consultoria, autora do livro "Uma viagem pelo cérebro: a via rápida para entender Neurociência" e é faculty da Singularity University Brazil, corporação beneficente que atende corporações e executivos brasileiros nos campos da tecnologia, tendência, estratégias e inovações.

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Projetos citados:
Singularity University Brazil
Podcast Naruhodo!

Autores citados:
Platão
Aristóteles
René Descartes

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