Atração do Rock in Rio, MC Hariel trava luta contra robôs: 'Tem uma guerra'
MC Hariel vai levar ao Rock in Rio seu projeto "Funk Superação", que expande o batidão na sonoridade e nas ideias. Ele canta neste domingo (15), no Espaço Favela, às 19h. O cantor de 26 anos é uma das maiores referências do funk de São Paulo.
Qual é a ideia?
O título do projeto faz trocadilho com o rótulo "funk ostentação". Para Hariel, o valor do funk é ainda maior do que o dos artigos de luxo que aparecem nas letras desta vertente.
O funk é a fortaleza de uma realidade difícil. "Para quem é de uma classe social abaixo, a gente já sente que o fim vem a qualquer momento", diz Hariel em entrevista a Toca.
As letras de Hariel refletem sentimentos de jovens de periferias. "Sentimos que nossa perspectiva não é tão longínqua. Sentimos medo e angústia — o que às vezes atrapalha, às vezes ajuda".
"Funk Superação" explora arranjos acústicos que dialogam com o som tradicional do funk. A mistura de instrumentos como flauta peruana e violão reflete essa exploração.
A riqueza musical já está presente no funk. "O funk já tem uma batida forte e uma indicação melódica marcante. Combinando nos lugares certos, tudo se encaixa. Hariel
O álbum tem participações de Iza, Péricles e outros. A escalação deve ajudar a levar "Funk Superação" a novos públicos.
Veja MC Hariel e Iza ao vivo
Cantar com Gilberto Gil remeteu à origem familiar de Hariel. "Já era um interesse por causa do meu pai." Celso Ribeiro fundou em 1979 o grupo Raíces de América.
O pai do funkeiro, já falecido, era um "bicho grilo", como ele define. Raíces da América era parte da "nueva canción", movimento que unia a música folclórica da América do Sul à resistência contra as ditaduras na região.
"O Gil foi referência para o meu pai, e agora estamos fazendo um som juntos", comemora Hariel. A música em que eles cantam juntos se chama "A Dança".
Hariel se lembrou do pai e homenageou o filho. Distância e saudade inspiram a faixa "Salve Jorge", que exalta seu primeiro filho. Hariel enfrenta estes desafios com a certeza de que "é prazeroso demais ter alguém ali para você, que você pode chamar de seu".
O funkeiro desabafa sobre a rotina corrida que o afasta dos filhos. Ele é pai de Jorge, dois anos, e Maitê, de um mês. "Às vezes a gente está em um Estado, amanhã em outro", descreve.
A longevidade do funk
Para Hariel, o funk deve à luta da geração de Gilberto Gil. Questionado sobre a longevidade do funk e a chance de construir um legado como o dos astros dos anos 1960 que ainda são ícones, o MC se mostra confiante, mas ciente do desafio.
Eles lutaram contra umas algumas coisas bem maiores. Lutaram para que hoje a gente tenha a liberdade para escolher as nossas lutas.A partir da vitória deles na luta pela liberdade de expressão, hoje a gente pode definir a nossa. Eles não tiveram opção. Hoje a gente tem tudo para construir um legado bonito. Hariel
Curiosamente, Hariel acha que uma luta importante do funk hoje é contra robôs. O estilo deve valorizar a originalidade em um cenário cada vez mais saturado pela busca por números e "robotização".
"A gente tem uma guerra muito grande contra a robotização", alertou o artista. Ele critica a compra de likes e reproduções, práticas que considera prejudiciais para a autenticidade do funk e outros estilos populares.
MC Hariel no Rock in Rio 2024
Quando: domingo (15), às 19h
Onde: Cidade do Rock, palco Espaço Favela
Quanto: R$ 397,50 (meia), R$ 675,75 (benefício Itaú 15%) e R$ 795 (inteira)
Classificação: 16 anos
Ingressos à venda pelo site da Ticketmaster.
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