No dia do rock, Palco Favela esquece roqueiros vindos da periferia
Tiago Dias
Direto do Rio de Janeiro
15/09/2024 23h17
No dia em que o rock chega com força no Rock in Rio, reunindo Deep Purple e Avenged Sevenfold, o palco Favela fez uma escolha imprevisível em se dedicar ao funk.
Enquanto o palco Supernova apresentou o frescor que ainda pulsa no gênero, com bandas como The Monic e Black Pantera, o palco vizinho escolheu colocar dois nomes potentes do funk, MC Hariel e Poze do Rodo.
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Como se apenas o funk pudesse se encaixar num palco dedicado a artistas vindos da periferia.
Ficou ruim para os artistas de rock de origem periférica, que foram excluídos, e para os funkeiros escalados, que poderiam ter tocado em dias que tinham mais a ver com eles.
Hariel não deixou o espaço vazio, mas encararou uma plateia mais dispersa do que o normal para ídolos do funk paulista. Cheio de carisma e jogando em casa, Poze fez um show animado, que merecia um palco maior no dia do trap.
Assim, o Palco Favela desperdiçou a chance de agradar mais o público que se vestiu de preto da cabeça aos pés e introduzir artistas jovens, que entre o rap e o funk, também dialogam e trazem frescor ao rock.
O TOCA sugere alguns:
JUP DO BAIRRO
Jup é de Valo Velho, bairro da região do Capão Redondo, periferia da cidade de São Paulo, onde cresceu viciada em Pitty e Slipknot. A artista já apresentou, nos EPs "Corpo Sem Juízo" e "in.corpo.ação", uma mistura de spoken word, rap e o hardcore e o rock dos anos 2000 - nos sons e na estética nos palcos. Nos últimos anos, ela fez parcerias com seus ídolos de adolescência, como Sugar Kane, Fresno e Pitty.
MATEUS FAZENO ROCK
Mateus Fazeno Rock, nome artístico de Mateus Henrique Ferreira do Nascimento, foi influenciado pelo som de Nirvana e Audioslave durante a infância e adolescência em Sapiranga, no Ceará. Fazer rock parecia improvável, mas o artista fez dois discos elogiados, explorando o gênero. Destaque para o último, "Jesus Ñ Voltará".
MULAMBO
Assim como Jup, Mulambo também vem do Capão Redondo, e joga nos versos de rap de seu primeiro disco, "Do Azar à Sorte", toda a referência estética e sonora do que ele chama de "punk rock de favela". Para os novos emos da quebrada, a faixa "Rock triste para chorar" é quase um hino.
MC TAYA
A rockeira rapper lançou sua primeira música, "Preta Patrícia", em 2019, e foi elogiada por Ludmilla e Preta Gil. Baixista, a artista de Nova Iguaçu introduz no seu som elementos do Nu Metal e hardcore, estilo das bandas que ela teve na infância com os amigos.
*O repórter viajou a convite da Natura
*com colaboração de Rodrigo Ortega