No dia do rock, Palco Favela esquece roqueiros vindos da periferia

No dia em que o rock chega com força no Rock in Rio, reunindo Deep Purple e Avenged Sevenfold, o palco Favela fez uma escolha imprevisível em se dedicar ao funk.

Enquanto o palco Supernova apresentou o frescor que ainda pulsa no gênero, com bandas como The Monic e Black Pantera, o palco vizinho escolheu colocar dois nomes potentes do funk, MC Hariel e Poze do Rodo.

Como se apenas o funk pudesse se encaixar num palco dedicado a artistas vindos da periferia.

15.set.2024 - MC Hariel se apresenta no espaço Favela na terceira noite do Rock in Rio
15.set.2024 - MC Hariel se apresenta no espaço Favela na terceira noite do Rock in Rio Imagem: Divulgação/GR6

Ficou ruim para os artistas de rock de origem periférica, que foram excluídos, e para os funkeiros escalados, que poderiam ter tocado em dias que tinham mais a ver com eles.

Hariel não deixou o espaço vazio, mas encararou uma plateia mais dispersa do que o normal para ídolos do funk paulista. Cheio de carisma e jogando em casa, Poze fez um show animado, que merecia um palco maior no dia do trap.

Assim, o Palco Favela desperdiçou a chance de agradar mais o público que se vestiu de preto da cabeça aos pés e introduzir artistas jovens, que entre o rap e o funk, também dialogam e trazem frescor ao rock.

15.set.2024 -  MC Poze do Rodo se apresenta no espaço Favela na terceira noite do Rock in Rio
15.set.2024 - MC Poze do Rodo se apresenta no espaço Favela na terceira noite do Rock in Rio Imagem: Divulgação

O TOCA sugere alguns:

JUP DO BAIRRO

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Jup é de Valo Velho, bairro da região do Capão Redondo, periferia da cidade de São Paulo, onde cresceu viciada em Pitty e Slipknot. A artista já apresentou, nos EPs "Corpo Sem Juízo" e "in.corpo.ação", uma mistura de spoken word, rap e o hardcore e o rock dos anos 2000 - nos sons e na estética nos palcos. Nos últimos anos, ela fez parcerias com seus ídolos de adolescência, como Sugar Kane, Fresno e Pitty.

MATEUS FAZENO ROCK

Mateus Fazeno Rock, nome artístico de Mateus Henrique Ferreira do Nascimento, foi influenciado pelo som de Nirvana e Audioslave durante a infância e adolescência em Sapiranga, no Ceará. Fazer rock parecia improvável, mas o artista fez dois discos elogiados, explorando o gênero. Destaque para o último, "Jesus Ñ Voltará".

MULAMBO

Assim como Jup, Mulambo também vem do Capão Redondo, e joga nos versos de rap de seu primeiro disco, "Do Azar à Sorte", toda a referência estética e sonora do que ele chama de "punk rock de favela". Para os novos emos da quebrada, a faixa "Rock triste para chorar" é quase um hino.

MC TAYA

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A rockeira rapper lançou sua primeira música, "Preta Patrícia", em 2019, e foi elogiada por Ludmilla e Preta Gil. Baixista, a artista de Nova Iguaçu introduz no seu som elementos do Nu Metal e hardcore, estilo das bandas que ela teve na infância com os amigos.

*O repórter viajou a convite da Natura
*com colaboração de Rodrigo Ortega

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