Gary Clark Jr. volta ao Brasil em turnê com Eric Clapton: 'Ele toca muito'
Thales de Menezes
Colaboração para Toca, em São Paulo
23/09/2024 05h30
Na última turnê que fez pelo Brasil, em 2011, Eric Clapton trouxe o guitarrista americano de blues Gary Clark Jr. para abrir os shows. Então com 27 anos, ele estava lançando seu primeiro álbum por uma grande gravadora, "Blak and Blu", e causou uma boa impressão nos fãs do deus britânico da guitarra. Tanto que voltou mais uma vez ao país, no Lollapalooza de 2013.
Agora, com mais três álbuns na bagagem, o quarentão Clark volta de para fazer novamente o esquenta da nova visita de Clapton, com shows em Curitiba (terça, 24), Rio (quinta, 26) e São Paulo (sexta, 28, e sábado, 29). Desta vez, o público já sabe o que esperar dele: canções que contemplam o blues mais tradicional ao lado de algumas que se conectam com outros gêneros.
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Críticos musicais costumam associar Clark a rótulos como "blues rock", "soul blues", "Texas blues" e até mesmo pop rock, entre outros. "Eu acho isso espantoso", afirma o guitarrista. "Incrível. Você pode escolher o rótulo que bem entender. Não sei como lidar com essas classificações, simplesmente não penso nisso. Pode chamar minha música como quiser."
O retorno com Clapton é mais uma etapa de uma parceira duradoura. Além de dividirem muitas turnês, Clark é constantemente convidado para o Crossroads Festival, evento de celebração do blues comandado por Clapton desde 1999, para arrecadar fundos destinados a uma fundação de recuperação de viciados, criada pelo próprio guitarrista britânico. Clark participou de quatro das sete edições do Crossroads, a última delas no ano passado.
Minha relação com Eric é muito bacana, ele me proporcionou oportunidades fantásticas. Eu agradeço demais. E uma coisa que talvez muita gente não saiba é que ele é muito engraçado. Viajar e tocar com ele é sempre muito divertido. É até difícil ficar concentrado com ele fazendo piadas, mas você precisa manter o foco. Ele toca muito! Gary Clark Jr.
Clark lançou em março deste ano "JPEG Raw", um álbum elogiadíssimo pela crítica. E o trabalho vem com duas participações muito especiais: Stevie Wonder, em "What about Children", escrita pelos dois, e o grande mestre do funk George Clinton, em "Funk Witch U". Clark fala que é ótimo se aproximar de artistas que admira, mas esse dois são realmente gigantes.
Alguns encontros são mais agitados, outros são mais calmos. Estar ao lado de lendas da música já é incrível, mas o melhor é quando você consegue realmente compartilhar um processo criativo com esses caras. Às vezes é preciso você recuar um pouco e esperar o que eles propõem, você tem de respeitá-los. Os resultados são incríveis, alguns especialmente felizes, como aconteceu nesse álbum. Gary Clark Jr.
Indagado sobre quais seriam seus ídolos no blues, ele lista algumas figuras lendárias e destaca um nome contemporâneo no gênero. "Meus heróis? São muitos. Stevie Ray Vaughan, Jimi Hendrix Albert King, Albert Collins, B.B. King Buddy Guy, Muddy Waters, Robert Johnson... E se você quiser pensar em alguém que tenha conseguido tocar o blues de uma maneira inovadora, eu dou todo o crédito a Robert Cray. Um monstro."
De uns tempos para cá, fãs de blues andam contestando as performances do gênero em grandes arenas. Defendem o blues em lugares menores, mais intimistas, como clubes e bares. Uma posição tradicionalista, sem dúvida. Clark, visitando grandes estádios na turnê com Clapton, discorda.
Claro que é bom tocar nessas imensas arenas. O blues pode ir a todos os lugares. Você pode ter quantas mil pessoas quiser na plateia, mas a conexão é individual. Você toca para cada pessoa que está ali. Não gosto de pensar no público como uma entidade. São indivíduos, cada um reage de um jeito. Quanto mais gente em busca disso, mais eu gosto. Gary Clark Jr.
Alguns heróis citados por Clark, como Buddy Guy e Albert King, repetiram em muitas entrevistas que um guitarrista de blues deve tocar todos os dias. Sem assumir uma posição radical nessa questão, Clark considera que as fases diferentes de seu trabalho acabam impondo ou não uma rotina.
"Há períodos intensos. Quando você está gravando um álbum, toca para experimentar, para arriscar. É um processo criativo que pode durar meses. Ao preparar um show, toca para consolidar as canções, para entender melhor cada uma. E, nas turnês, aí é trabalho e diversão. Nos últimos tempos estou tocando todo o dia, numa fase de usar mais o violão. Mas é bom dar umas paradas para fazer outras coisas, claro. Ir pescar, por exemplo."
Na internet podem ser encontradas canções falsas de Clark. Afinal, basta pedir a uma Inteligência Artificial generativa que produza um blues com sua voz e seu estilo de tocar guitarra.
Ele dá uma boa risada. "Olha, isso não vai matar a música. Acho que é só mais um jeito de fazer coisas, de brincar. Talvez seja um pouco assustador, claro, mas pode ser usado para coisas legais, desde que isso seja avisado a quem quiser consumir aquele produto. Não é música. É entretenimento, só isso."
Eric Clapton e Gary Clark Jr.
- Curitiba
Ter. (24), na Ligga Arena, rua Buenos Aires, 1.260
- Rio de Janeiro
Qui. (26), na Farmasi Arena, av. Embaixador Abelardo Bueno, 3.401
- São Paulo
Sáb. (28), no Vibra São Paulo, av. das Nações Unidas, 17.955
Dom. (29), no Allianz Park, av. Francisco Matarazzo, 1.705
Ingressos à venda pelo site da Livepass.