Victoria, do Måneskin, vai do rock à eletrônica: 'Estereótipos são idiotas'

Victoria de Angelis, baixista do grupo italiano Måneskin, se lançou oficialmente como DJ e, em novembro, vem pela primeira vez ao Brasil sem a banda, trazendo seu projeto de música eletrônica.

Em entrevista ao UOL, Vic elogiou Anitta, com quem colabora em sua primeira faixa solo, conta como é ser uma mulher na indústria da música, da importância do sexo e da sensualidade para sua arte e do apoio que tem recebido dos colegas de banda na nova empreitada.

Vic diz que a paixão pela música eletrônica começou há alguns anos, por ser amiga de outros DJs. "Sempre fui a boates e sempre amei música eletrônica, mas nunca cogitei ser DJ porque sempre estava muito ocupada. Mas tenho muitos amigos DJs e, há alguns anos, pedi que eles me ensinassem e começamos a tocar juntos. Eu me apaixonei imediatamente, desde a primeira vez que toquei."

Ela diz que, como baixista e DJ, não busca aprovação e rejeita estereótipos "idiotas". "Há tantas regras do tipo: 'Para ser um DJ de verdade, você só pode usar camiseta preta e não sorrir e só tocar faixas sem vocais'. A mesma coisa no rock. Há muitos estereótipos idiotas que eu acho que realmente te prendem e fazem com que você não consiga se libertar e ser você mesma."

Não me importo de conseguir aprovação de outras pessoas. Quero compartilhar minha música e quero que gostem e criem uma conexão, mas que seja algo genuíno e que gostem de mim do jeito que sou. Não quero ter que mudar para conseguir respeito. Acho que esses estereótipos são muito limitantes. Victoria de Angelis

Em destaque como baixista do Måneskin há oito anos, Vic diz que as críticas a ela, em geral, são sexistas. "A maioria dos comentários negativos são porque eu estou 'muito pelada' ou 'muito provocativa'. Eu sempre me sinto muito reduzida a isso e acho muito triste, mas infelizmente acho que é assim em todos os aspectos da indústria musical e no mundo em geral. As pessoas realmente precisam aceitar e deixar os outros serem quem são e serem livres sem julgar."

Para ela, a sensualidade é uma forma de expressão e de se sentir "livre" na própria pele. "Não quero esconder ou ser puritana, como geralmente esperam que meninas sejam. Eu acho que especialmente na indústria da música, muitas vezes as meninas são diminuídas se são muito confiantes sexualmente."

Alguns comentários nos meus vídeos diziam: 'Ela nem está tocando, é só uma stripper' e merdas desse tipo. São pessoas que literalmente nunca me ouviram tocar, nunca ouviram meu set, provavelmente nem sabem tocar ou como essa p*rra funciona. Mas querem te diminuir porque você está 'pelada demais', 'gostosa demais', dançando, se divertindo. São pessoas frustradas. Vic de Angelis

Também por admirar a liberdade de Anitta, convocou a funkeira para seu primeiro single. "Ela também é muito livre. Eu a amo por ser muito explícita e não se importar com comentários idiotas."

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Apaixonada por funk, ficou com medo de a cantora não topar o convite, mas se surpreendeu. "Ela é enorme e esse é um projeto mais underground, talvez não seja a música mais comercial de todas. Mas ela imediatamente disse: 'Ai, meu Deus, eu amei essa música. Sim, vamos fazer isso juntas!'".

As duas protagonizam cenas quentes no clipe, e se divertiram gravando juntas. "Ela é muito tranquila, superdivertida e legal. Eu só preciso melhorar meus passos de dança, minha rebolada e meu quadradinho."

Victoria diz que a banda é sua prioridade, e que conciliará os dois projetos tranquilamente. "Eles me apoiam muito! Quando eu comecei a tocar, nós sempre estávamos organizando festas juntos. Continua assim porque toda vez que eu toco, eles vêm e nos divertimos demais."

Não é um problema equilibrar as duas coisas porque agora acabamos de encerrar a turnê, então tenho um tempo onde posso focar nisso. Mas claro que toda vez que eu precisar trabalhar com eles, eles serão minha prioridade e eu sempre terei tempo pra isso. Vic de Angelis

Além de Anitta como amiga, Victoria também namora a modelo brasileira Luna Passos e diz ser apaixonada pela cultura do país. [Luna] me mostrou muitas músicas e sempre me mostra coisas típicas da cultura daí. Eu acho que visitar o Brasil e ter tantos amigos brasileiros acabou passando algumas coisas para mim. [...] Amo a energia que os brasileiros têm, porque são muito divertidos e livres, são os mais doidos."

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