Voz de hit com Pabllo, francesa Yseult treina português e quer gravar funk
Yseult surgiu de surpresa no palco de Karol G, na semana passada, e cantou para 100 mil pessoas no Rock in Rio. Foi a primeira vez que ela subiu ao palco ao lado de Pabllo Vittar e da iraniana Sevdaliza para cantar o hit pop "Alibi".
Meu Deus, eu realmente vou fazer isso agora?
Yseult, antes de subir ao palco do Rock in Rio
Diva acessível
Yseult começou a chamar atenção em 2019, quando lançou a música "Corps" ("Corpo", em tradução do francês para português. Ela era acompanhada somente por um piano. Cinco anos depois, tem mais de 18 milhões de ouvintes mensais no Spotify e chama atenção por onde passa.
Agora, está pronta para criar uma conexão real com os brasileiros, conta ela ao Toca. "Comecei a praticar português desde que "Alibi" foi lançada. Baixei o [aplicativo] Duolingo e estou dando o meu melhor", diz ela, antes de mostrar que sabe contar de um a dez em português.,
A relação que tenho com os brasileiros é incrível. Estou ansiosa para fazer uma turnê, talvez um show acústico, encontrar meus fãs, conversar com eles, abraçá-los e passar um tempo com eles. Também estou animada para colaborar com outros artistas aqui. Falo com meus fãs brasileiros no BlueSky todos os dias. Sei que está substituindo o Twitter no Brasil agora. Yseult
A relação com o Brasil começou com Pabllo Vittar. As duas chegaram a se encontrar em São Paulo meses atrás para gravar um vídeo promocional de "Alibi". "Ela é incrível, ela é como uma mãe para mim, ela me apoia todos os dias. Até mesmo agora, enquanto estou prestes a lançar meu álbum, 'Mental', ela comenta em cada post dizendo: 'Eu te amo, você é uma estrela, eu acredito em você'. E eu fico tipo: 'Pabllo Vittar está aqui!'. É tão legal ter essa relação com ela. Eu a amo muito."
"Alibi", lançada em junho deste ano, figurou entre as 20 músicas mais escutadas do Spotify Global e apresentou Yseult ao mundo. Hoje, ela conta que o país que mais lhe escuta é o Brasil, seguido dos Estados Unidos e de seu país natal, a França. Recentemente, a faixa ganhou um remix com Anitta, a quem ela chama de Rainha do Funk: "É uma mulher poderosa, forte e eu realmente aprecio isso. Sou abençoada por estar cercada por mulheres tão poderosas."
Yseult, que rasga elogios a Pabllo Vittar e Anitta, também admira Ludmilla e outros artistas do funk. "Se algum artista no Brasil quiser uma bela parte em francês em um funk, estou super disposta. Apenas me chame no Instagram. Vamos fazer isso acontecer, por favor."
No controle
Dona de si, Yseult se orgulha de ser uma cantora independente. Sem empresários ou grande gravadora por trás da sua carreira, o que permite liberdade criativa para lançar "Mental", seu primeiro disco, da maneira que deseja.
Esse projeto é como uma carta ao mundo. É um grito de alegria, raiva e vulnerabilidade. É muito pessoal... meu objetivo com esse álbum é causar emoções. Pode ser raiva ou surpresa, porque esse é o primeiro projeto em que canto em inglês. Para os franceses, é surpreendente me ouvir cantar em inglês, porque não é minha língua. Yseult
O trabalho, divulgado na semana passada, traz 13 faixas e flerta com diferentes estilos musicais. Uma de suas primeiras apresentações aconteceu no programa de Jimmy Fallon, nos Estados Unidos. "É tão bonito ver que agora não apenas os franceses estão me ouvindo, mas também o Brasil, Estados Unidos e outros países. É um grande passo na minha carreira."
Deixe-me dizer que sou versátil e gosto de criar uma ponte entre gêneros diferentes. Sou uma artista pop, então, sei que essa é minha base principal, sabe? E eu gosto de criar uma ligação com techno, deep electro, electro house ou até mesmo fazer bem pop apenas... Não dá para me colocar em uma caixa só. Yseult
Além da música, ela está no controle do próprio corpo. Mulher francesa, negra e gorda, ela se tornou um ícone fashion ao desfilar para marcas conceituadas na Europa. "Não me importo com o que as pessoas pensam sobre meu corpo, porque originalmente sei quem eu sou e como me vejo, sabe? Sei que sou bonita, inteligente e tenho uma alma linda. Então, obrigado aos haters por todos esses comentários 'lindos' (risos)... Estou focada nos meus objetivos, na minha saúde, na minha arte e mais nada. Se você se importar, você pode destruir sua carreira e acabar triste"
Ela lembra que o primeiro estilista a lhe abrir as portas do mundo da moda foi Olivier Rousteing, da Balmain, que fez ela acreditar que poderia caber, sim, nesse universo. "Ele me disse: 'Te aprecio, curto o seu trabalho e quero colaborar com você'. Fiquei surpresa porque pensei: 'Como ele vai me vestir? Não sirvo nas roupas'. Ele desenhou um vestido exclusivamente para mim... Depois, vieram outras peças e marcas... Agora, estou desfilando com a Balenciaga e a Dior. É histórico."
A cronologia da minha trajetória é uma loucura. Há dois anos não esperava que tudo isso fosse acontecer... É como uma onda de boas notícias: 'Alibi', Billboard, remix com Anitta, Jimmy Fallon, Olimpíadas, estou aqui... Loucura por eu ser uma artista independente. Yseult