No Tomorrowland, Âme relembra da pista sem celulares: 'Cresci desse jeito'
A dance music há tempos deixou de ser um nicho dentro da indústria do entretenimento. É um negócio avaliado em US$ 11,8 bilhões (cerca de R$ 64,7 bilhões), segundo o IMS Business Report. Mas houve uma época em que a cena era bem diferente.
"Hoje tudo ficou maior, mais visual. As pessoas precisam de imagens, e parece que a todo momento estão esperando por momentos espetaculares", analisa o alemão Frank Wiedemann. "Quando começamos, não era assim."
Wiedemann é uma das metades do Âme, nome que tem uma assinatura própria de techno: suas faixas parecem se desenrolar com uma textura aveludada, feita a partir de suaves tintas melódicas pinceladas por sintetizadores quentes. Um grande exemplo desse estilo é o principal hit do duo, "Rej", lançado em 2006.
A outra metade é Kristian Beyer. O Âme é uma dupla curiosa: eles raramente tocam juntos! Quando a apresentação é como DJ, o escalado é Beyer; quando o formato é live (ou seja, quando mostram apenas as próprias músicas), a missão fica com Wiedemann.
E é nesse formato live que o me desembarcará no Brasil, como uma das grandes atrações do Tomorrowland, festival gigantesco que será realizado no Parque Maeda, em Itu (interior de São Paulo), entre 11 e 13 de outubro. Mais de 200 mil pessoas são esperadas no evento. Além da dupla alemã, estarão presentes Alok, Vintage Culture, Mochakk, Charlotte de Witte, Ellen Allien & Badsista, Anna, Anfisa Letyago, Afrojack, entre muitos outros.
Wiedermann lembra que, quando o Âme ganhou vida, no início dos anos 2000, a cena de dance music era bem menor. Não havia tantos festivais, não havia tanta gente tocando e produzindo música. E não havia redes sociais.
"Muita gente diz que uma verdadeira experiência num clube é quando ninguém está filmando nada, todo mundo está apenas dançando. Isso é realmente único. Eu cresci desse jeito", conta.
Hoje, ele reconhece, além de gente dançando com o celular à mão filmando tudo, espera-se que os DJs e produtores saibam trilhar a linguagem específica das redes e criem espetáculos visuais que possam ser traduzidos para essas plataformas.
"A cena mudou. Honestamente, não me importo se a pessoa está se tocando e se esforçando para que a apresentação seja visualmente legal ou para criar momentos para as redes sociais, se isso é o que ela deseja. Eu tenho um perfil no Instagram porque acho divertido, mas não ligo muito para aquilo."
Mas, ele aponta, as redes podem ser uma importante ferramenta de divulgação, principalmente para os artistas mais jovens. "Já estou nesse negócio faz tempo, as pessoas me conhecem, então não preciso fazer o meu nome crescer para as pessoas me conhecerem. Se você é jovem, está nadando ao lado de um monte de tubarões, e precisa se proteger, precisa ser visto. Não culpo ninguém pelo que fazem para tentar aparecer para o mundo."
O ponto principal nessa questão, para ele, é: "Se você é um jovem e bom DJ e conseguiu um horário num grande clube ou festival porque sabe mexer no Instagram, está tudo certo. Mas, se você conseguiu esse lugar e não é um bom DJ e conseguiu esse lugar apenas porque tem muitos seguidores no Instagram, então logo, logo estará fora do negócio".
Sobre a relação que mantém com Beyer, Wiedemann diz: "Sabe o Booka Shade (dupla alemã de dance music)? Há um tempo encontrei com eles e me disseram que estão juntos há 40 anos. Imagina, 40 anos? Eles tinham uma banda quando estudavam juntos. E ainda são amigos! No Âme também somos bem amigos, e acho que o segredo são dois: não entramos nessa pela grana ou pela fama; e o fato de não tocarmos juntos ao vivo", afirma.
"Nos encontramos no estúdio durante a semana, às vezes até passamos as férias juntos, mas não excursionamos juntos. Isso ajuda."
Há alguns anos, Wiedemann e Beyer até se apresentaram juntos, mas ele diz que repetir a ideia não está nos planos num futuro próximo.
Questionado sobre qual seria a sua noite ideal, Wiedemann pensa um pouco: "Seria num clube pequeno, talvez no Robert Johnson (que fica em Frankfurt) ou no Stereo (em Montreal). Algo intimista, com bom soundsystem. Convidaria gente como Chloé Thévenin, Laurent Garnier, o Kristian, claro, porque ele é muito bom DJ, o Jeff Mills e a JakoJako". Nada mau, não?
Tomorrowland Brasil 2024
Quando: 11, 12 e 13 de outubro de 2024, das 13h à 1h
Onde: Parque Maeda - Rod. Dep. Archimedes Lammoglia - Km 18, Itu/SP
Ingressos: Para comprar ingressos, acesse o site oficial do Tomorrowland Brasil e siga o passo a passo. Para quem quer viver uma experiência incrível do Tomorrowland Brasil, os pacotes de DreamVille também podem ser adquiridos pelo mesmo link.
Mais informações estão disponíveis no site oficial do Tomorrowland Brasil.
Programação
Sexta-feira, 11 de outubro
- 13h00 - 14h30: Jessica Brankka
- 14h30 - 15h30: Mariana Bo
- 15h35 - 16h35: Andromedik
- 16h30 - 16h35: Cerimônia de abertura
- 16h35 - 17h35: Carola
- 17h40 - 18h40: Yves V
- 18h40 - 19h40: B Jones
- 19h40 - 20h40: Sunnery James & Ryan Marciano
- 20h45 - 21h45: Afrojack
- 21h50 - 22h50: ANNA
- 22h50 - 23h50: Armin Van Buuren
- 23h50 - 00h50: Hardwell
- 00h50 - 01h00: Show de encerramento
Sábado, 12 de outubro
- 13h00 - 14h30: Malifoo
- 14h30 - 15h30: Illusionize
- 15h30 - 16h30: Dubdogz
- 16h30 - 16h35: Cerimônia de abertura
- 16h35 - 17h35: Öwnboss
- 17h40 - 18h40: Amber Broos
- 18h40 - 19h40: Nervo
- 19h40 - 20h40: Adriatique
- 20h45 - 21h45: Lost Frequencies
- 21h50 - 22h50: Axwell
- 22h50 - 23h50: Dimitri Vegas
- 23h50 - 00h50: Timmy Trumpet
- 00h50 - 01h00: Show de encerramento
Domingo, 13 de outubro
- 13h00 - 14h30: Giu
- 14h30 - 15h30: Liu
- 15h30 - 16h30: Cat Dealers
- 16h40 - 17h40: Da Tweekaz
- 17h40 - 18h40: Vini Vici
- 18h40 - 19h40: Don Diablo
- 19h40 - 20h40: Steve Aoki
- 20h45 - 21h45: Alesso
- 21h50 - 22h50: ALOK
- 22h50 - 23h50: Charlotte de Witte
- 23h50 - 00h00: Show de encerramento
- 00h50 - 01h00: Show de encerramento
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