Teste em ponto de ônibus e choro no Corujão uniram Salgadinho e Katinguelê
Colaboração para Toca, em São Paulo
02/10/2024 17h11
Salgadinho contou ao No Tom, programa de Toca apresentado por Zé Luiz e Bebé Salvego, que antes de crescer na carreira, vivenciou algumas coincidências.
Ainda quando tocava de forma recreativa, ele conheceu um pagodeiro em um ponto de ônibus e apresentou seu dom para ele. "Um teste no ponto de ônibus", brinca Zé Luiz.
A partir daí, acabou conhecendo outros músicos e criou uma rede de contatos. Na época, ele chegou a integrar um grupo e foi convidado, em cima da hora, para tocar em um evento —de madrugada, enquanto começava o Corujão (Globo). "O cara [que me convidou] começou a chorar de desespero e falei: 'Eu vou'".
Foi assim que ele entrou oficialmente no grupo Katinguelê e alavancou a carreira como músico.
Cantor criou 1ª videoaula de cavaquinho
Salgadinho também recordou que foi o primeiro a lançar uma videoaula de cavaquinho, em 1993 e por VHS.
O cantor conta que aprendeu a tocar a partir do que ouvia em músicas —enquanto hoje há centenas de videoaulas no YouTube para a nova geração. "É um orgulho ver a molecada jovem pegando isso", diz.
Onde eu morava, nas bancas, não tinham as revistas que as pessoas comentavam [de ensino de música]. Comecei a prática de ver as pessoas tocarem, ir perguntando como era. Sempre fui muito curioso Salgadinho
Aos poucos, ele entendeu os perfis de samba e começou a mergulhar na música, a fim de se profissionalizar. "Hoje, nas bandas de pagode, não tem um cara que toque pandeiro que não saiba ler [diferentes partituras]. Eles tocam de tudo, são profissionais de verdade."
Enquanto lembrava do início de sua carreira, Salgadinho contou que frequentou muitas casas e escolas de samba e que uma delas ganhou seu coração. "Sou um corintiano que torce pra Camisa Verde e Branco", brinca.
Assédio no auge do pagode: 'Sequestro da minha mãe mudou a chave'
Salgadinho ainda lembrou do assédio que sofreu em sua carreira. "Fui aprendendo no processo. Nos palcos, nos bastidores", conta. "[A fama] Muda a forma de você ser recepcionado; as pessoas começam a querer te agradar mais".
Mas a experiência que o fez "virar a chave" como cantor foi o sequestro de sua mãe, afirma. "Comecei a filtrar e me retrair um pouco mais do contato social em qualquer lugar que eu pudesse", lembra. "Não dá para confiar em todo mundo."
Nessa época, o caso se tornou notório e o cantor sofreu ameaças que o impediram de dar entrevistas sobre o ocorrido —aumentando as especulações.
A fuga de sua mãe, inclusive, ocorreu durante uma reportagem do Fantástico (Globo) sobre o caso. "As duas pessoas que estavam com minha mãe no cativeiro foram assistir. Ela percebeu e pulou, saiu correndo. Já tinha uma viatura da PM passando. Prenderam 16 pessoas na época, e só 3 foram condenadas. Depois disso, passei a maior represália. Me ligavam dizendo: 'A gente sabe onde você vai tocar, vamos te buscar'. E passei a andar com segurança comigo."
O "choque" o fez acreditar que se resguardar e mudar sua postura era a melhor decisão.
No Tom
No novo programa de Toca, Zé Luiz e Bebé Salvego entrevistam artistas de diferentes vertentes num papo cheio de revelações, lembranças e muito amor pela música. Assista ao programa completo com Salgadinho:
Ouça Salgadinho com Toca: