Com Arnaldo, Vitor Araújo explica como 'criou' baixo com piano: 'Liberdade'

Vitor Araújo e Arnaldo Antunes comentaram no No Tom, programa de Toca apresentado por Zé Luiz e Bebé Salvego, sobre como foi "equilibrar" as sonoridades de voz e piano na gravação de "Lágrimas do Mar".

"Ficou sinfônico. Às vezes ele usa uns pedais, o piano soa como se fosse um baixo, uma percussão. Às vezes é um piano preparado que muda a timbragem toda", explica Arnaldo.

Vitor diz que, por conta disso, muitas pessoas perguntam quem teria gravado certos instrumentos que, na realidade, não existem nas músicas. "Muitas pessoas perguntam quem no disco gravou o contrabaixo — mas não é contrabaixo, é piano", lembra.

Ele diz que algumas músicas foram "mais difíceis" de trazer para o ao vivo por conta dessa sonoridade experimental. "Eu tenho um pedal de loops e vou fazendo uma série de loops. Tem uma série de coisas que eu faço, usando palheta", explica.

Arnaldo diz que sua forma de interpretar a música mudou depois que se permitiu ter essa "liberdade de tempo". "Fui acostumado a cantar no tempo rígido de uma banda", explica. "Quando você canta só com piano, a gente vai surfando junto, podendo estender uma nota quanto quiser [...] Cada show é meio de um jeito, cada música, cada execução? isso é um prazer. É um jeito de interpretar que pra mim foi uma descoberta surpreendente".

Dupla comenta projeto experimental: 'Coisa esquisita'

Vitor Araújo e Arnaldo Antunes também contaram sobre o processo de lançamento do álbum "Lágrimas do Mar" em conjunto.

Após se unirem para o show de um outro projeto de Arnaldo, "O Real Resiste", chegaram em "Lágrimas no Mar" (2021). Era para ser um single, depois dois, virou um disco, uma turnê e, finalmente, invadiu o Museu de Arte Moderna da Bahia. Ali, a dupla não só promoveu um lindo show na capela, como tomou o espaço com música, arte visual, performance e poesia. Esse projeto virou o documentário "Lágrimas no MAM" (Globoplay).

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Zé Luiz quis saber por que a Bahia foi o lugar escolhido. "Vitor costuma dizer que é o ponto equidistante entre São Paulo e Pernambuco", diz Arnaldo. O ex-Titãs é paulistano e o pianista é do Recife.

O fruto desse trabalho foram muitas coincidências felizes. Nos ensaios, surgiu uma sintonia. Fomos descobrindo uma linguagem em conjunto. Arnaldo Antunes

Vitor lembra que eles tinham "uma série de músicas". "Muito facilmente a gente chegava a um lugar muito bonito, de piano e voz, e a gente foi radicalizando", afirma. "Descobrimos que, juntos, não tínhamos problema de ir para um lado mais experimental."

Sempre separei performance de poesia e show de música. É a primeira vez que digo poesia entre as canções. Os arranjos que Vitor fez para as poesias são bem experimentais. Descobrimos outras formas de parcerias além de voz e piano Arnaldo Antunes

Nosso 'voz e piano' já era uma coisa esquisita. Nosso show vai desde músicas extremamente silenciosas e singelas até músicas com excesso de ruídos e porrada. Essa quantidade de sonoridades que a gente foi capaz de chegar apenas com a voz e piano acho que é o mais potente do nosso concerto Vitor Araújo

O músico define o disco criado como comovente, mas não triste.
"O disco tem essa ideia da lágrima, que é o mínimo elemento, e gera uma emoção transbordante", disse. "A gente gravou no auge da pandemia, sem perspectiva de quando voltar pro palco. Tem uma atmosfera de concentração emocional grande pelo que estávamos vivendo, a gente levou isso para o estúdio."

Arnaldo Antunes relembra Castelo Rá-Tim-Bum: 'Tocar para crianças é uma delícia'

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Vitor Araújo contou que sua primeira lembrança de Arnaldo Antunes é sua canção no Castelo Rá-Tim-Bum, "Lava Uma Mão".

Quando nasci, em 1989, Arnaldo já era um hit e eu só estava nascendo Vitor Araújo

Arnaldo diz que fez a música para a TV Cultura muito rápido, "por encomenda", e que acabou dando certo. "Fazer coisas para crianças é uma delícia, e o retorno que você tem é muito. Até hoje tem gente que fala da música", diz.

Ele também comentou sobre o reencontro dos Titãs após cerca de 30 anos fora da banda. "Tinham até três gerações. Foi muito gratificante de ver", disse. "Foi uma celebração".

No Tom

No novo programa de Toca, Zé Luiz e Bebé Salvego entrevistam artistas de diferentes vertentes num papo cheio de revelações, lembranças e muito amor pela música. Assista ao programa completo com Vitor Araújo e Arnaldo Antunes:

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