Bacharach, Hal e eu formamos 'trisal' que deu certo, brinca Dionne Warwick

Dionne Warwick volta ao Brasil neste final de semana com a turnê "One Last Time". A passagem pelo país acontece uma semana após a cantora ser homenageada no Hall da Fama do Rock & Roll com o prêmio de Excelência Musical, em que cantou um de seus maiores hits, "I'll Never Love This Way Again", ao lado de Jennifer Hudson.

Em entrevista ao TOCA, Warwick fala do prêmio, relembra a frutífera parceria com Burt Bacharach e Hal David, comenta a longa despedida dos palcos e também o amor de longa data pelo Brasil.

Dionne diz não se sentir uma "roqueira" e que experiência "mais rock'n'roll" foi fazer turnê com banda de rock. "Eu pensei: 'O que estou fazendo com essas pessoas?'", brinca a cantora, que já fez turnê com The Searchers e foi amiga dos Beatles.

Eu nunca me senti roqueira. Por isso questionei: 'Por que querem me incluir no Hall da Fama do Rock & Roll?'. No final das contas, não necessariamente me nomearam uma 'roqueira', mas incluíram minha música, o que é a melhor parte de tudo isso e me deixou muito feliz. Dionne Warwick

No evento, ela foi apresentada pela cantora e atriz Teyana Taylor, escolhida por Dionne para interpretá-la em um filme biográfico. "Se você olhar bem, há uma semelhança enorme entre nós. Ela é uma artista, cantora, dançarina, uma atriz maravilhosa. Não poderíamos ter encontrado alguém melhor para me interpretar."

Dionne diz que não tem "nada a esconder" na vida, e quer que isso seja transmitido pelo filme, em estágios iniciais de produção. "Não há nada que eu não queria que seja mostrado, ouvido ou dito. Eu vivi uma vida que todo mundo já conhece, e todos que me conhecem sabem que quero que a honestidade da minha vida seja mostrada. Não tenho problemas com isso."

Burt Bacharach e Hal David eram como parte da família, diz cantora

Alguns dos maiores hits de Dionne foram produzidos em parceria com os compositores Burt Bacharach e Hal David. "Walk on By", "I Say A Little Prayer", "Do You Know The Way to San Jose?", "Don't Make me Over" e "I'll Never Fall in Love Again" são alguns dos clássicos eternizados na voz de Dionne que contaram com o "toque mágico" da dupla.

"Nós éramos conhecidos na indústria musical como um 'trisal' que funcionou", brinca a cantora. "Cada um de nós trazia algo para o que produzíamos. Hal David escreveu palavras muito ricas para que eu pudesse cantar. Burt Bacharach compôs músicas incríveis para que eu pudesse cantar. E eles dependiam de mim para que isso fosse levado aos ouvintes."

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Eles se tornaram parte da família talentosa de Dionne. "Nós gostávamos da companhia uns dos outros. Nós verdadeiramente nos tornamos mais que amigos. Literalmente, viramos uma família e era muito divertido. Assim como toda família, tivemos altos e baixos, muitos. Mas também gostávamos uns dos outros, e essa é a razão básica de nos separarmos e depois nos unirmos."

Eles já se foram e sinto a falta deles, claro. Foram uma parte muito essencial da minha vida. E uma parte que não só eu conheço, mas vocês também. Vocês tiveram a oportunidade de aproveitar conosco o relacionamento que tínhamos. Dionne Warwick

Burt Bacharach, Dionne Warwick e Hal David juntos em 2002
Burt Bacharach, Dionne Warwick e Hal David juntos em 2002 Imagem: Theo Wargo/WireImage/Getty Images

Mudança para o Brasil continua nos planos de Dionne

Dionne pretende morar em Salvador (e aprender português!) depois de se aposentar. "Como posso descrever Salvador? Não descrevo. É preciso viver Salvador", elogia. "Eu preciso aprender português antes de pensar [em morar lá], mas é onde eu amaria viver", completa.

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Dionne teve casas no Rio e em Salvador até os anos 2000 e só guarda boas memórias do país. "Sempre estava ensolarado, sempre tinha boa comida. A música, as amizades que fiz, sabe, é o tipo de vida que todo mundo merece viver."

Eu sinto muita alegria quando visito o Brasil. A forma como as crianças são respeitadas, isso é algo primordial na vida de todos. A alegria de apenas levantar de manhã e conseguir se mexer. O respeito e o amor que vocês sentem pelos mais velhos, o que é muito, muito importante. O amor pelo país. Tive experiências maravilhosas e é por isso que escolhi morar aí, em algum momento. Dionne Warwick

Dionne gosta de ser ouvida nos palcos (e fora deles)

Conhecida nos EUA como a "rainha do Twitter", Dionne adora dar suas opiniões e costuma viralizar na plataforma. "Eu não tuíto muito, mas quando faço, é porque tenho algo a dizer. É aí que entro e busco respostas para as perguntas que tenho ou para as opiniões que dou. É incrível o quanto as pessoas me perguntam: 'Você vai tuitar nesta semana?'. Não sei. Talvez. Se eu tiver alguma coisa a dizer, sim."

Questionada se chama a plataforma de Twitter ou X, a cantora sai pela tangente. "Eu só chamo de 'comunicação'", ri.

Diferente de estrelas do pop mais recentes, como Taylor Swift ou Beyoncé, que fazem cada vez menos entrevistas, ela diz que "não dói" falar com a imprensa. "Sabe, sempre há algo novo acontecendo na minha vida e acho que as pessoas querem saber dessas coisas. Nunca dói dar uma entrevista. Isso mostra que as pessoas estão interessadas em você. Então não tenho problema nenhum com isso."

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Ela também não se esquiva quando o assunto é política e costuma criticar Trump publicamente. "As pessoas querem saber o que eu acho de certas coisas. Elas me perguntam, e eu respondo da forma mais honesta possível. Só sei ser assim. [...] É fácil para mim falar o que penso."

Eu amo o que faço. Amo cantar e amo que as pessoas queiram me ver e me ouvir. Estou há 60 anos na indústria da música e minha música durou por todo esse tempo. [...] Então faço o que as pessoas querem que eu faça. Dionne Warwick

Vou cantar até quando puder entregar meu melhor, afirma

Dionne diz que o último show acontecerá quando ela já não puder se apresentar como deseja. "Eu não vou embora quando deixar de ser a Dionne Warwick que as pessoas conhecem e amam", garante.

Ela fica feliz que sua música siga adiante nas versões originais e em remixes de outros artistas. A rapper Doja Cat, por exemplo, fez um sample de "Walk on By" na faixa "Paint the Town Red". "É interessante que, de repente, todos esses jovens que chamo de 'meus bebês' usem minha música descubram músicas ótimas e queiram fazer parte disso. É animador para mim, e vejo como um grande elogio", comemora.

Cantando há décadas sobre o amor, Dionne afirma: para ela, sempre há espaço para o romance. "O amor se apresenta de formas variadas. É a família, o país, as amizades, o lar, eu mesma. É a forma mais simples como consigo descrever. E há sempre espaço para o romance. Sempre", conta.

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Dionne Warwick no Brasil
Belo Horizonte: 25/10, no Befly Minascentro
São Paulo: 26/10, no Vibra São Paulo
Rio de Janeiro: 27/10, no Theatro Municipal
Ingressos no site Ticket360

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