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Indicado ao Grammy Latino, Jota.pê diz que nunca sonhou com a fama

Jota.Pê Imagem: Reprodução/Instagram

Tarso Oliveira

Colaboração para Splash, em São Paulo

29/10/2024 12h00

Jota.Pê está em fase de celebrar o sucesso do álbum "Se Meu Peito Fosse o Mundo" após 3 indicações ao Grammy Latino. A ideia do projeto surgiu com o disco "Garoa", lançado em 2021, e, desde então o artista vinha estudando para ir mais a fundo na sua composição e sonoridade, que vai de Jorge Ben até o manguebeat de Chico Science.

O artista, que concorre nas categorias Melhor Álbum de Música Popular Brasileira/ Música Afro-Brasileira; Melhor Álbum de Engenharia de Gravação; e Melhor Canção em Língua Portuguesa, com "Ouro Marrom", disse para Splash que o trabalho é o disco de sua vida por representar sua trajetória pessoal e também musical.

Pra você que ainda não conhece

Nascido em Osasco na Grande São Paulo, Jota.Pê vem de uma família de músicos e por conta do trabalho do seu pai, o cantor mudou bastante de endereço passando por Fortaleza, Rio de Janeiro e Salvador. Durante sua caminhada pelo país, o artista bebeu muito da fonte da música brasileira além das referências de fora.

O fato de eu ter morado em outros lugares me fez entender outras realidades e outros pontos de vista. Automaticamente, fui influenciado pelo que eu ouvi nessas cidades e também pelo que a minha família ouvia.

Em 2015, o artista lançou seu primeiro trabalho, "Crônicas de um Sonhador", que lhe deu a oportunidade de participar do programa The Voice, da Globo, sendo considerado por Lulu Santos uma das melhores vozes de todas as temporadas do programa. Com essa participação, o artista começou a se apresentar fora do Brasil esgotando vários shows.

Sua primeira indicação ao Grammy Latino aconteceu no ano de 2021 com o álbum "Onze", que, homenageando intérpretes como Elza Soares e Zeca Baleiro, Jota.Pê e sua amiga e cantora Bruna Black foram convidados para participar do projeto "Colors Studios", um dos maiores canais de música do mundo.

Vivi momentos muito bonitos com a minha família na busca de viver da minha arte. Mesmo minha família me apoiando, eles tinham muito receio de que aquilo não pudesse dar certo. Até fui estudar e trabalhar com outras coisas por esse motivo. Mas eu sempre soube que independente do que eu fosse fazer, eu queria trabalhar com música.

Durante a pandemia, o cantor começou a utilizar as redes sociais e começou a fazer lives para mostrar mais o seu trabalho cantando músicas autorais e isso chamou muita atenção de artistas consagrados. Em uma dessas lives, uma fã do Rio de Janeiro resolveu editar transformando a apresentação em vídeos curtos. Esses vídeos explodiram nas redes sociais fazendo com que o artista saísse de 15 mil seguidores no começo da pandemia para 200 mil no final da pandemia.

Com lançamento de 'Avuá', participação no 'Colors Studio', foi no período da pandemia que eu cresci muito com o alcance da minha arte nas pessoas. Após a pandemia, foi quando eu comecei a vender shows esgotando ingressos e tendo oportunidade de também atuar na área da publicidade.

Todas essas influências foram retratadas no álbum. Desde referência do forró na faixa 'Naíse', referência de músicas rap como "A Ordem Natural das Coisas", do cantor Emicida, e a referência da MPB como a faixa "Um, Dois, Três". Aliás, durante a pesquisa de referências o artista comentou que durante 3 anos foi feito uma playlist de pesquisa que ia do disco "Geography", de Tom Misch, do álbum "Manga", de Mari Andrade; "AmarElo", do Emicida. O artista comenta que o garimpo de inspirações foi fundamental, mas ele destaca que a produção de Felipe Vassão, Marcus Preto e Rodrigo Lemos potencializou a sonoridade musical.

A forma de me encontrar musicalmente é estudar outros artistas para desenvolver a minha vertente musical. Ouvindo muito essas referências, eu consegui, com a ajuda dos produtores, mostrar qual é a minha visão sobre tudo aquilo que me inspirou. Não é à toa que eu escolhi até os músicos que gravaram esses trabalhos para gravar meu disco também.

O artista está na disputa dos prêmios de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira / Música Afro-Brasileira, de Melhor Álbum de Engenharia de Gravação e de Melhor Canção em Língua Portuguesa com "Ouro Marrom no Grammy Latino e também integra a lista de indicações ao Prêmio Potências 2024 —projeto que celebra os talentos pretos que se destacaram ao longo do ano.

Meu sonho sempre foi trabalhar com música e não ser famoso. Fico feliz que essa minha dedicação com a música me faça ter uma atenção das pessoas, mas ter paciência comigo e sempre buscar trabalhar comigo é o que me mantém vivo!

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