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Henrique Portugal: 'Minha música começou muito antes do Skank e continuará'

Colaboração para Splash, em São Paulo

31/10/2024 05h30

Henrique Portugal, ex-tecladista do Skank, foi o convidado da semana em No Tom, programa de Toca com Zé Luiz e Bebé Salvego, e relembrou o início de sua carreira como músico. Ele trabalhava em uma multinacional, quando decidiu trocar os ternos de uso diário por bermudas e boné virado pra trás.

Como começou

De uma banda inicial com Samuel Rosa, nasceu o Skank, em 1991. Mas, antes disso, Henrique chegou a gravar três discos do Sepultura. "No final da história, eu gosto de música. Toco desde os cinco anos. Eu era analista de sistema, economista e larguei tudo para realizar meu sonho de ser artista —e não me arrependo de absolutamente nada", diz.

Sou a prova viva de que é possível viver de arte no Brasil. Henrique Portugal

Com uma família de músicos, Henrique diz que aprendeu a ler partituras antes de aprender a ler palavras. "Minha música começou muito antes do Skank e vai continuar depois", diz. "A música faz parte da minha vida."

Ainda assim, ele ressalta que o Skank continua existindo, apesar de não fazer mais shows —e que o grupo ainda tem trabalhos para serem lançados, como o registro de seu último show, no Estádio Mineirão (Belo Horizonte).

Artista vê 'inversão social' na música: 'As comunidades mandam'

Henrique Portugal diz querer provar que é possível viver da arte —e não só subindo em um palco. "A indústria da música é o maior fator de inclusão social que existe", afirma ele, que procura fazer um trabalho de inclusão como representante da Associação Brasileira de Música e Artes (Abramus), em Minas Gerais.

Segundo o artista, quem manda na indústria hoje é a música urbana das comunidades e periferias. "E o mais legal: os artistas não precisaram sair das comunidades [para gravar]; os estúdios estão perto, e isso não tem nada a ver com leis de incentivo, porque a maioria desses projetos são viáveis financeiramente".

Existe atualmente uma "inversão" da pirâmide de decisão do cenário musical, diz Henrique, na qual as classes C e D começam a definir o que as classes A e B consomem. "Na verdade, sempre teve essa inversão, de uma forma meio escondida. Hoje está escancarada", acrescenta Bebé Salvego.

Além da regionalidade, outro papel importante na cultura musical brasileira é o do beatmaker, avalia Henrique. "Ele é considerado compositor, porque é tão importante quanto quem faz a letra", diz. "Há nem uma, nem duas, nem três músicas do Skank que nasceram de um bit que o Haroldo [Ferretti] levou pro estúdio".

A mixagem e a música eletrônica também ganham espaço nessa equação. "Hoje, músico não pode ser só artista, tem que ser múltiplo para inovar", diz.

Henrique Portugal conta bastidores de novo EP: 'Não tenho que provar mais nada'

Em junho deste ano, Henrique Portugal lançou seu mais recente projeto: um EP com o grupo Solar Big Band, que soma clássicos de Roberto Carlos, Beatles, Tom Jobim e Carlos Gardel.

Não tenho que provar mais nada, tenho uma história maravilhosa, linda, vitoriosa, acho que é hora de me divertir um pouco. Henrique Portugal

Segundo o artista, foram necessários quatro anos para conseguir autorização para lançar a regravação de "Olha", de Roberto Carlos —mas foi justamente essa música que o fez "sair do lado do palco para ir para a frente dele".

A ideia da gravação, inclusive, nasceu como um presente de Henrique para sua então namorada e atual esposa, Daniela Pacheco. "Roberto Carlos é o cara que mais entende a alma feminina no Brasil", elogia.

No Tom

No novo programa de Toca, Zé Luiz e Bebé Salvego entrevistam artistas de diferentes vertentes num papo cheio de revelações, lembranças e muito amor pela música. Assista ao programa completo com Henrique Portugal:

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