Anitta sobre carreira internacional: 'Quanto mais vou, mais quero voltar'

A ideia de falar da disputa pelo sucesso comercial no clipe foi de Anitta, que diz que essa é uma questão que vem mais dos fãs que dos próprios artistas. "As pessoas estão mais ligadas nessa coisa da competição e dos números e quase que não falam mais sobre a qualidade do trabalho musical de um artista", afirmou a cantora.

Os dois apostaram em uma estratégia em que trocaram provocações nas redes sociais antes de anunciarem a colaboração, o que incendiou os fã-clubes. "Minha ideia foi dar ao público o que eles gostam, isso de 'quem bombou mais', em vez de escutar a qualidade da música e debater a qualidade daquele som", disse Anitta.

Alok diz que até já foi alvo dos fãs de Anitta ao comemorar ser o artista brasileiro mais ouvido nas plataformas de streaming. "Se o artista não tiver uma cabeça e não tiver muito apoiado naquilo que ele acredita, ele acaba entrando nessa armadilha mesmo. E por que não andarmos juntos, né? Foram dois dias meio caóticos ali nas redes sociais, mas depois a gente se amenizou e já fez as pazes", brincou o DJ.

Para a dupla, a ânsia pelo sucesso pode fazer os artistas perderem a busca pela inovação. "Pra você se manter nas paradas e nos algoritmos, você tem que fazer um som que já esteja rolando, que já esteja no gosto das pessoas", diz Anitta. "O artista não pode perder esse fogo dentro dele de tentar buscar mover a cultura pra frente", concorda Alok.

Anitta e Alok refletiram sobre sucesso internacional e conquistas

Alok falou de um retorno às raízes em meio ao sucesso internacional. "Como brasileiros, muitas vezes somos condicionados a acreditar que o que vem de fora é melhor, que temos uma cultura inferior. A gente só consegue valorizar o nacional quando temos uma validação internacional. [...] É muito importante a gente olhar para o tanto que nossa cultura é rica em vários sentidos."

Engraçado que, quando a Anitta vai lá e consegue uma validação internacional, quando eu vou lá e consigo uma conquista internacional, ela volta e olha pro funk, eu volto e olho pros povos indígenas. Tem uma questão de lembrar de onde a gente vem e valorizar mais isso. Alok

Anitta também diz que está começando a olhar mais para o público nacional e menos para uma carreira internacional. "Quanto mais eu vou lá pra fora, mais eu tenho vontade de voltar e ficar no Brasil, fazer a minha carreira no Brasil, mudar meu propósito. [...] Nós dois, quando alcançamos o sucesso internacional, a gente falou: 'Caramba, não é isso'", disse Anitta.

Para ter sucesso internacional, a gente tem que estar longe da família, longe do país que a gente ama, da nossa comida, das nossas celebrações, da nossa cultura, dos nossos costumes. Essas coisas me preenchem muito mais do que o público no mundo inteiro. Anitta

Ela também afirma que tem privilegiado a própria satisfação com a arte em vez do sucesso comercial. "Eu vou lançar um EP de Carnaval, e nele tem as músicas que a galera vai curtir, com certeza, e tem meus experimentais, que é o que eu curto cantar no show."

Anitta aproveitou e rebateu as críticas à música "MC Cabral", que cantou pela primeira vez no Rock the Mountain. "Tem gente que falou que é legal, tem gente que falou que é uma bosta. Eu não tô nem aí se falaram que é uma bosta, se falaram que é legal. Eu acho divertidíssima, eu adoro cantar no show, eu me jogo."

O artista pode fazer a música que o público vai bombar, que é comercial, mas não pode esquecer de fazer aquilo que gosta. [...] Tá muito na moda falar que 'flopou', lançou e não deu certo. Não deu certo pra você, pra mim deu certo porque eu adorei. Achei divertido, achei maneiro. Adoro quando eu canto, eu me empolgo. Pra mim, esse é o dar certo. Anitta

A dupla gravou e vai lançar, em breve, uma versão em português, já que a primeira versão é em inglês e espanhol. "Tem a versão em português, mas também tem [a versão em inglês e espanhol porque] é importante que os brasileiros olhem pra gente competindo da mesma maneira ali [com artistas internacionais]", disse Alok.

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