Pé no chão e apaixonada: Marina Sena volta à 'roça' para gravar novo disco
Marina Sena pisou descalça na areia para começar a sua nova era. Prestes a finalizar o terceiro álbum, a cantora precisou sair da cidade grande e ampliar o contato com a natureza - o que está impresso no seu novo clipe, "Numa Ilha".
Sensual, praieiro e um tanto 'dark', ao interpretar a paixão como uma forma de canibalismo, "Numa Ilha" abre os trabalhos de forma passional — é como a cantora resume a nova safra autoral.
"Foi uma das primeiras músicas que veio no violão, estava aqui em casa apaixonada. Sabe quando você está apaixonada e quer ir para praia com a pessoa? Para mim se concretiza o amor naquele ambiente tropical. Ela trouxe o tom e o assunto do novo álbum", diz a cantora, que namora atualmente o influenciador Juliano Floss.
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O ato de pisar no chão descalça vai além da estética e da música com toque caribenho e lirismo abundante na composição -- de um jeito bem Marina Sena.
O novo disco é resultado desse movimento em desacelerar e retomar o ritmo e as amizades da época em que morava em Taiobeiras, cidadezinha de pouco mais de 30 mil habitantes no interior de Minas Gerais.
"Não quero fazer música com produtor e computador"
Marina alugou um sítio no interior de São Paulo para a primeira leva de gravações. "Fiz o que eu sempre sonhei na minha vida, que era ter uma sala numa roça, montar uma banda com possibilidade de gravar tudo microfonado."
O processo de se interiorizar contou com o apoio dos antigos companheiros Mateus Bragança e André Oliva, de A Outra Banda da Lua, que marcou sua estreia na música em 2015.
"Eles têm uma textura de composição e de arranjos muito específica e que eu sentia falta. Na época que eu tava na Outra Banda da Lua eu me sentia completa, me sentia a pessoa mais foda do mundo e eu só tinha os fãs de Montes Claros. Mas o que eu fazia ali me preenchia muito", ela explica.
"Eu quero fazer música com a banda tocando. Não quero mais fazer música só com um produtor no computador."
Nessas sessões, ela recebeu instrumentistas variados, inclusive um para tocar Duduk, flauta indiana, que dá o tom também em "Numa Ilha".
Entre os presentes, estava a cantora Luiza Lian, com quem Marina fez quatro músicas. "Não terminamos nenhuma, mas quatro músicas fodas. Temos um processo ainda de se encontrar. Vai sair. Eu gosto de ir para brincar e ver o que pode sair desse encontro."
Marina revela que o álbum está pronto, mas ela quer pegar mais dois meses, após encerrar a turnê de 'Vício Inerente' para burilar o novo trabalho e deixar a porta aberta para novas composições entrarem. Tudo num ritmo diferente do álbum anterior, quando ela diz ter sido influenciada pela cidade grande.
"Eu estava deslumbrada até o momento que sua cabeça fica louca. Por um momento isso me emocionou, porque eu estava trabalhando muito e era uma coisa que eu queria muito", conta.
"Quando cheguei a São Paulo o negócio era balada, andar de carro, mas chegou uma hora que isso fica tão chato. Eu não era essa pessoa, eu nem ia em balada. Se o lugar não tivesse céu aberto, se fosse um lugar fechado, eu não ia. Aí de repente tudo aqui é fechadinho, você não vê o céu, você não pisa no chão, você não suja a mão."
A primeira volta à sua terra, depois desse período, teve efeitos duradouros.
"É daquele lugar que eu saí. Eu sou matéria-prima daquele ambiente. Hoje eu fico muito tentada em ser uma pop star ou comprar uma casinha na roça."