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Longe do fim? 'Definitivamente, sim', diz Herbert sobre futuro do Paralamas

Herbert Vianna, durante o show 'Paralamas Clássicos', em São Paulo Imagem: Rafael Strabelli/Espaço Unimed

David Carneiro

Colaboração para Toca, em São Paulo

16/12/2024 12h00

Os Paralamas do Sucesso continua sendo Os Paralamas do Sucesso. Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone não só surpreendem o Brasil com os seus mais de 40 anos de carreira como também por conseguir manter a sua formação original durante todos esses anos.

A banda formada em 1982 e moldada com a galera do "rock de Brasília" acumula prêmios, reconhecimento nacional e internacional, parcerias com praticamente todos nomes da música brasileira e uma discografia de 31 discos e muitos hits que formam a identidade sonora do rock genuinamente brasileiro.

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O Toca conversou com exclusividade com o trio, que anunciou uma grande turnê de shows em estádios para celebrar os seus 40 anos. O primeiro show, no Allianz Parque, acontece no dia 31 de maio. Na conversa, Herbert Vianna brinca com essa questão do tempo.

A gente esperava que a banda ia acabar sempre na próxima semana, mas a nossa amizade, não. Herbert Vianna

E continua ao lembrar que a banda e consequentemente as suas canções vêm envelhecendo muito bem e tendo músicas que ganham sentindo em pleno 2024, sendo assim atemporais.

Leia a entrevista

Qual a importância do tempo na história do Paralamas do Sucesso?

Herbert Vianna - O tempo é uma barreira a ser vencida até o próximo show. Até o próximo fim de semana. A ansiedade de subir no palco e presenciar a resposta (do público) para aquilo que chamamos de nossos "vômitos emocionais", sejam sentimentais ou políticos. Você vê ali de cima do palco, moleques que nem eram nascidos na época daquelas músicas, cantando com grande convicção do que estão dizendo ali com a gente, então isso é atemporal e indescritível.

Bi Ribeiro, baixista da banda Paralamas do Sucesso Imagem: Mauricio Santana/Getty Images

Mantendo a ideia de imaginar o tempo como presente. Lá no começo do Paralamas, o que era mais difícil de imaginar. A banda se manter por 40 anos ou depois desse tempo ainda realizar shows em estádios pelo Brasil?

Herbert Vianna - Uma coisa importante dessa trajetória foi o fato de a gente não ter pensado nisso. Não ter imaginado. Quando a gente viu um dia a gente tava tocando em bares, no outro era em um festival na Suíça. Essas surpresas são muito bem recebidas pela gente. E sempre muito bem apreciadas.

Bi Ribeiro - A gente não sabia o que ia rolar com a gente 40 dias depois, imagine 40 anos?

João Barone, baterista do Paralamas do Sucesso Imagem: Mauricio Santana/Getty Images

E nesses 40 anos. Quais seriam os três grandes momentos da história de vocês?

João Barone - A gente sempre se lembra de quando fomos chamados para abrir o show de Lulu Santos no Circo Voador. Era o nosso sonho tocar lá. O nosso Everest. Outro momento, inevitavelmente, o Rock in Rio em 1985, que saímos dali consagrados.

Herbert Vianna - Na sequência eu mencionaria os primeiros shows na Concha Acústica de Salvador. Ali as nossas músicas estavam tendo uma resposta pela sintonia das pessoas muito grande, e quando subimos ali no palco e vimos a resposta da molecada cantando junto, dançando de uma maneira acima do normal, isso marcou a gente e foi muito simbólico.

João Barone - Lembrei de um evento que foi muito marcante. Fizemos dois shows na mesma noite no Ginásio do Gigantinho, em Porto Alegre, completamente lotado. Aquilo era fora do comum, fazer dois shows na mesma noite.

O show 'Paralamas Clássicos' em São Paulo Imagem: Rafael Strabelli/Espaço Unimed

O novo rolê

A turnê Os Paralamas do Sucesso 40 anos vai contar com 33 músicas, desde o seu primeiro disco, "Cinema Mudo", até os dias de hoje, para condensar a história de hits da banda.

Como foi montar o repertório de 33 músicas para esses shows?

João Barone - Algumas são meio óbvias que jamais poderíamos deixar de tocar: "Óculos", "Alagados", "Vital e Sua Moto"...

Herbert Vianna - Tem muitas que são da nossa filtragem do resultado de tocar essas músicas em qualquer lugar. A resposta que a gente sente das pessoas e a sintonia que isso causa nelas. Infelizmente não podemos tocar as 300 canções. Então selecionamos aquelas 33 que conseguem contar a nossa história.

O shows dos Paralamas do Sucesso no Rock in Rio 1985 Imagem: Divulgação Star+

Temos agora uma grande demanda de shows em estádios, porém, em sua maioria, são shows de despedida ou retorno de alguma banda que já tinha encerrado as suas atividades. O Paralamas do Sucesso fez diferente e anunciou um show de contemplação a sua carreira. Isso é um aviso que vocês estão longe do fim?

Herbert Vianna - Definitivamente, sim. A nossa trajetória foi também construída nesse sentido de começar pra 10 pessoas, depois pra 15, consequentemente 20 na outra.

João Barone - E também temos uma experiência muito boa em grandes eventos. Falamos do Rock in Rio, Fizemos recentemente o Lollapalooza. Então a gente tem certa experiência, a diferença é que a gente vai apresentar o nosso show particular em um estádio. Vai ser uma celebração. A gente não tá começando agora e muito menos acabando. É uma autoafirmação mesmo.

E a escolha por não ter participações especiais, já que Os Paralamas tem inúmeras parcerias durante esses 40 anos?

Herbert Vianna - Se fosse para chamar todo mundo teria uma fila enorme atrás do palco. A gente preferiu de fato ser só a gente, porém, podem rolar algumas surpresas, quem sabe durante as apresentações.

Sobre as composições. Muitos de seus sucessos e letras de certa forma denuncias de um Brasil foram escritas 30, 40 anos atrás. Trazendo para o Brasil de hoje. Sobre o que vocês escreveriam?

Herbert Vianna - Tem uma música muito simbólica, digamos, de contemplação da sociedade brasileira, que é "O Beco". É uma narrativa de um momento superexplosivo do Brasil, ou por exemplo, "A Pólvora", nesse caminho, nessa busca de sintetizar esse Brasil.

Herbert Vianna e os Paralamas do Sucesso tocam no Lollapalooza Imagem: Clayton Felizardo/Brazilnews

Vocês acham que essas músicas encaixam e fazem sentindo no Brasil de hoje?

Herbert Vianna - Total...

Isso para vocês é triste? Um Brasil que não mudou.

João Barone - A gente queria se lembrar delas como passado. Mas parece que o prazo de validade dela ainda não venceu. Essa realidade ainda é muito dura.

Herbert Vianna - E a gente vê as cidades crescendo e esses problemas aumentando potencialmente. Como a falta de acessibilidade e muito mais.

Assista a um trecho da entrevista:

Paralamas no Allianz Parque

Quando: sábado, 31 de maio, às 21h
Onde: Allianz Parque (São Paulo, SP)
Quanto: a partir de R$ 50
Ingressos à venda pelo site da Eventim.

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