MC Cabelinho vive fase de amadurecimento: 'A favela me levou para o mundo'

Passando o recado de que ninguém é perfeito e que não se pode apontar o dedo para os erros dos outros, Cabelinho lançou nesta segunda (16) o álbum "Não Sou Santo Mas Não Sou Bandido", uma seleção de 11 faixas entre 150 músicas compostas pelo artista nos últimos dois anos. O MC diz agora entregar algo diferente de tudo o que já lançou até hoje, com sonoridade diversificada e elementos de outros gêneros, além de funk e trap.

O que ele disse

Amadureci muito nesses dois anos de produção. Foram acontecendo muitas coisas na minha vida e eu só fui colocando tudo para fora no estúdio e da melhor forma que eu sei fazer que é fazendo música. É um álbum que quem ouvir do começo ao fim vai perceber que tem uma narrativa, conta uma história, tem mensagens nas transições. MC Cabelinho

O artista explica que esse novo momento de experimentação musical aconteceu de forma muito natural. Mas garante que não esquece de onde veio e que o novo álbum carrega a essência de "cria" do Cabelinho do Velho Testamento —como os fãs que o acompanham desde a era funk costumam falar:

"Eu sou funkeiro favelado. As pessoas falam que eu sou do trap, mas eu gosto de ressaltar que eu sou funkeiro", explica Cabelinho. "Acho que foi a favela que me levou para o mundo."

Desde que eu fiz o 'Poesia Acústica' e fui migrando para o trap, ali eu já fui ganhando o público da pista, a playboyzada e tudo mais. Quando fiz novela, eu atingi um público mais velho. No Rock in Rio, tinha também uma galera mais velha me vendo. Cada trabalho que eu faço, eu furo bolhas e ganho um público novo. Mas eu agradeço muito ao meu público da favela, que está me fazendo sonhar cada vez mais alto e que está com o Cabelinho desde o funk. MC Cabelinho

MC Cabelinho no palco do Mainstreet Festival, no Rio
MC Cabelinho no palco do Mainstreet Festival, no Rio Imagem: Rômulo Guimarães/CS Eventos

"Não Sou Santo Mas Não Sou Bandido" foi mixado no Miraval Studio, propriedade de Brad Pitt. Pelo local já passaram grandes nomes como Sade, Pink Floyd, AC/DC, The Cure.

Essa é a minha primeira vez em um estúdio internacional. Eu fui primeiramente para gastar uma onda, fincar bandeira, fazer a parada no mesmo estúdio que o Travis [Scott] gravou 'Utopia'. Mas ficamos poucos dias lá, foram dois finalizando o álbum. Foi muito maneiro conhecer o lugar. MC Cabelinho

O produtor do álbum, João Pedro Palma, complementou que estar nesse lugar por onde já passaram grandes astros da música é almejar estar no mesmo patamar deles. Além de contar com o aporte que o lugar oferece: "É um dos melhores estúdios do mundo. São 400 mil equipamentos diferentes, e nós pudemos usá-los para fazer os ajustes finais do disco", contou Palma.

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Pacto para a fama

O teaser, liberado há poucos dias, revelou o conceito do álbum, que faz uma brincadeira com uma teoria que circula na internet de que Cabelinho teria feito um pacto para alcançar a fama. Com símbolos de ocultismo, o material deixou alguns fãs intrigados e preocupados com o cantor que recebeu uma série de comentários nas suas redes sociais.

Eu estou adorando tudo isso. Quem tá criticando na hora vai ouvir. É impactante, porque é um bagulho que meu público não está acostumado. Mas algum abençoado falou na internet que eu tinha pacto, e o bagulho simplesmente bombou. Então, pensei que a gente tinha que aproveitar o gancho e fazer o marketing. Eu acho que tirei algo bom de algo ruim. O pacto que eu tenho é de cuidar da minha família, meus amigos, minha carreira. Esse é o pacto que eu tenho comigo mesmo. MC Cabelinho

MC Cabelinho se apresenta no palco Mundo na 6ª noite de Rock in Rio 2024, em 21 de setembro
MC Cabelinho se apresenta no palco Mundo na 6ª noite de Rock in Rio 2024, em 21 de setembro Imagem: Wagner Meier/Getty Images

O artista ainda avalia que o lançamento do disco marca o fim de um ciclo de dois anos de trabalho. "Esse ano foi muito foda para mim. Amadureci muito. Foi muito gratificante cantar no Rock in Rio e ver meu trabalho indicado a prêmios como Grammy e Multishow. Foi um período de aprendizado pessoal e profissional, e o álbum vem brindar tudo isso."

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Das 150 músicas que tínhamos, a gente acredita ter escolhido as melhores opções, mas a cartada final quem dá é o público. MC Cabelinho

Veja a capa do disco:

"Não Sou Santo Mas Não Sou Bandido" sucede o álbum "Little Love" —lançado em 2022. Os fãs que já haviam recebido amostras do novo álbum, incluindo um feat com Major RD apresentado no Rock in Rio, podem agora conferir o trabalho na íntegra e em todas as plataformas de streaming.

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