'Rede Música reorganiza setor musical', diz Maria Marighella, da Funarte
Fabrício Nobre e Gustavo Brigatti
Da Redação
18/12/2024 12h34
Desmontadas durante o governo Jair Bolsonaro (PL), as políticas públicas de incentivo à cultura foram retomadas nos últimos anos. Agora, com os primeiros resultados começando a tomar corpo, o desafio é continuar fortalecendo novas iniciativas.
Uma dessas ações é o resgate da Rede Música Brasil. Criada durante a gestão de Gilberto Gil e Juca Ferreira no Ministério da Cultura, e desarticulada nos últimos anos, a Rede voltou oficialmente no último final de semana, em evento paralelo à 20ª Feira da Música do Ceará.
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Segundo a presidente da Funarte, Maria Marighella, o restabelecimento da Rede Música Brasil atende a uma série de reivindicações do setor musical - entre elas, um olhar mais atento para festivais, casas de espetáculos e agentes públicos e privados.
"A volta da Rede representa primeiro a reorganização social, a reorganização dessas entidades, que voltam a ter voz. Por que não existe política pública sem participação social", comenta, em entrevista ao TOCA, que acompanhou a Feira da Música no Cariri Cearense.
A data e local da retomada da Rede Música Brasil, aliás, foi feita durante outra iniciativa inédita: a participação da Funarte no Worldwide Music Expo (Womex), em Manchester, Inglaterra, em outubro. O evento, uma das mais importantes feiras de música do mundo, recebeu o maior estande brasileiro da história, com 29 agentes do setor musical.
"O Brasil sempre teve espaço na Womex, mas sempre foi muito difícil chegar lá. Então, a gente definiu diretrizes públicas para criar condições de ir e levar uma grande comitiva", detalhou Maria, ressaltando que pela primeira vez um artista brasileiro foi homenageado na Womex: o multi instrumentista Hermeto Paschoal.
Internacionalização em 2025
Para 2025, Maria destaca primeiro a manutenção da participação brasileira na Womex — que será na Finlândia. "O que a gente precisa mesmo é manter os espaços, a continuidade das políticas, o monitoramento e avaliação dessa experiência. Por que desse lugar nós vamos para outros e aí continuamos no circuito", comenta.
Outra iniciativa que deve ganhar tração é o Ibermúsicas, programa de fomento das músicas ibero-americanas do qual o Brasil é presidente desde o retorno da Funarte. Atualmente, o projeto, além de estreitar relações com a América Latina, conecta-se também com países da Europa e África.
"Então, quando a gente vai ver, por exemplo, a música independente nos circuitos, a África, Europa, América Latina, América do Sul, tem esse espaço de cooperação. Quando a gente fala, por exemplo, do verão europeu, deste circuito, dessa nova cena, da cena independente brasileira, ela está circulando", pontua a presidenta da Funarte.
Maria lembra também de outra iniciativa que está sendo retomada, o Bolsa Funarte Brasil Conexões Internacionais, que conecta agentes artísticos brasileiros e de outros territórios culturais em ações internacionais.
"A política pública está aí para produzir mediações, para equilibrar, produzir direito, produzir um espaço de medidas, um sistema de valores que tenha interesses mais coletivos", define Maria.
* O TOCA viajou a convite da Feira da Música do Ceará