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'Modão é sempre modão': sertanejos reverenciam música raiz nos palcos

Do TOCA

28/12/2024 05h30

Em shows de sertanejo, não é raro que os artistas separem um momento para cantar músicas "raiz". Músicas como "Fio de Cabelo", "Boate Azul" e "Ainda Ontem Chorei de Saudade" ressurgem ao vivo na voz de artistas novos e veteranos, ganham novos públicos e se consolidam como clássicos do gênero.

Músicos como Lauana Prado, Edson e Hudson, Gian e Giovani têm apostado na nostalgia e rodam o Brasil com turnês que reverenciam suas origens. Em entrevista ao TOCA, sertanejos falam da importância de rememorar essas canções e contam quais já consideram "clássicos modernos".

Lauana transformou a nostalgia em turnê e roda o Brasil com "Raiz", show em que mescla músicas próprias e sucessos de outros artistas. Foi assim que ela chegou ao topo das paradas em 2023, com uma versão de "Escrito nas Estrelas", uma canção da MPB que fez muito sucesso na voz de Tetê Espíndola em 1985.

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A música sertaneja é muito rica, muito preciosa. Todos os artistas já fizeram algum movimento de regravação, de releitura, que faz com que esse movimento cíclico de gerações e de sonoridades fique vivo e possa ser acessado pelas novas gerações. O 'Raiz' traz a releitura de grandes clássicos, respeitando as interpretações de todos esses ídolos, mas trazendo um frescor pra que as novas gerações também consigam cantar, ouvir. Lauana Prado

Ela celebra as conexões entre diferentes gerações que o projeto tem trazido. "Essa é a coisa mais preciosa desse projeto. Mais do que fazer um álbum, tenho o propósito de manter viva a cultura e a raiz da música sertaneja e da música brasileira", conta, nos bastidores do cruzeiro Maiara e Maraisa em Alto-Mar.

César Menotti e Fabiano contam que o momento "raiz" surgiu despretensiosamente nos shows e se tornou parte importante das apresentações. "A música raiz é o começo de toda nossa vida. São músicas que a gente viveu na infância e que a gente realmente gosta de ouvir. É uma raiz. Para a música de hoje ter sustentação, tem que ter raiz", diz Fabiano.

A gente faz isso com muita honra, com muito carinho. A gente começou a fazer isso sem se preocupar se o público gostava ou não. Era algo que a gente oferecia. Hoje, é um momento importante do show. César Menotti

As duplas Edson e Hudson e Gian e Giovani uniram forças e cantam clássicos próprios e de outros artistas no show "Boate Azul". "No 'Boate Azul', a gente não se preocupa. É um projeto que simplesmente acontece. Não tem aquela preocupação: 'Qual música que vamos trabalhar?'. A gente simplesmente sobe no palco e se diverte", diz Gian.

Para Edson, os "modões" clássicos são insubstituíveis. "Modão é sempre modão. Não adianta, vai passar um milhão de anos, as pessoas vão continuar sabendo que é 'Saudade da Minha Terra', 'Fio de Cabelo', 'O Grande Amor da Minha Vida', 'Te Quero Pra Mim'."

Maiara & Maraisa, Luan Santana e Marília Mendonça trazem os "clássicos modernos"

Lauana Prado escolhe "Cobaia", sua parceria com Maiara e Maraisa, e "10%", da dupla sertaneja, como novos clássicos. "[Maiara e Maraisa] têm músicas maravilhosas que, com certeza, daqui a cem anos, vão estar sendo cantadas ainda", concorda Fabiano.

Toda geração deixa sempre um clássico pra posteridade. Essa nova geração vai deixar vários. Se você garimpar, tem coisas muito legais. A música sertaneja é o sucesso que é também pela parceria entre os próprios sertanejos. Se os artistas do rock tivessem o mesmo esmero um com o outro, como têm os sertanejos, talvez não estaria em uma decadência tão grande como está hoje no Brasil. Hudson, da dupla com Edson

Edson cita Luan Santana, Gusttavo Lima, Henrique & Juliano e Jorge & Mateus como donos dos novos clássicos. "Luan Santana é um dos maiores artistas da história do Brasil. É muito inteligente, tem postura artística, canta bem", elogia.

Ana Castela e Luan Pereira são citados como os representantes da geração mais recente. A renovação é importante. Os artistas jovens trazem uma renovação e parte do público que atraem acaba conhecendo a gente. Assim, a música vai criando esse ciclo, que eu acredito que será infinito para a música sertaneja", diz César.

*A repórter viajou a convite da organização do evento.

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