'Nossas músicas não são descartáveis', defende Shirley Manson, do Garbage

Em 1995, ela cantava que só era feliz quando chovia. Quando as coisas davam errado. Hoje, 30 anos depois, Shirley Manson está mais? positiva. Um dos maiores ícones do rock alternativo, ela volta com o Garbage para o Brasil, para shows em conjunto com o L7 no Rio de Janeiro (21), São Paulo (22) e Curitiba (23).

O que ela disse

Mas, calma. Por "positiva" não significa que Shirley começou a distribuir risadinhas à toa —embora tenha esbanjado simpatia durante a entrevista com TOCA, por telefone, de sua casa em Los Angeles. Basta dizer que ela, agora, vive um dia de cada vez. "Sempre fui uma pessoa voltada para o futuro, raramente olhando para trás. Mas, nos últimos anos, me tornei alguém do 'agora'", comenta.

Eu simplesmente não penso no futuro. Mantenho o pânico à distância focando em como estou hoje, se estou tendo um dia incrível, se estou saudável e feliz. Afinal, o futuro não está nas minhas mãos. Shirley Manson

Pudera: em agosto de 2024, a cantora precisou cancelar toda a turnê do Garbage para tratar de uma lesão —que demandou cirurgia e muita reabilitação. Devidamente recuperada, se juntou ao guitarrista Duke Erikson, o baixista Steve Marker e o baterista Butch Vig para voltar à estrada bem a tempo de celebrar os 30 anos da estreia da banda, com o celebrado "Garbage".

Shirley Manson, do Garbage, em show na OVO Arena Wembley, em julho de 2024, em Londres
Shirley Manson, do Garbage, em show na OVO Arena Wembley, em julho de 2024, em Londres Imagem: Jo Hale/Redferns

Lançado em 1995, o disco rompeu com o que sobrava do purismo no rock. O trabalho misturava guitarras distorcidas, batidas de hip hop e programação eletrônica para falar sobre liberdade sexual, rebeldia e empoderamento.

"Sinto um orgulho enorme, porque, quando nosso primeiro álbum —na verdade, os três primeiros— foi lançado, estávamos fazendo algo ousado. E isso capturou a imaginação das pessoas, quebrou regras e mudou o rumo do rock alternativo", reflete a vocalista. Vale lembrar que o Garbage também ajudou a levar pautas feministas para um meio dominado por homens.

Para ela, essa atemporalidade de letras, música e atitude é o que garante uma presença maciça de jovens nas plateias do Garbage. Gente que sequer era nascida quando a banda surgiu e hoje canta a plenos pulmões hinos como "Stupid Girl", "I Think I'm Paranoid" e "Bleed Like Me".

Nossas músicas não são descartáveis, elas falam de coisas reais, que tocam na vida das pessoas. Assim, nossos fãs, independentemente da idade, acabam crescendo com a gente, compartilhando experiências e encontrando nos nossos álbuns algo que os acompanha na vida adulta. Shirley Manson

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Show clássico, disco novo

O repertório do show que traz o Garbage de volta ao Brasil mistura hits pinçados dos seus sete discos —como "Push It", "Only Happy When It Rains", "Cherry Lips (Go Baby Go!)" e "When I Grow Up". Sim, nada de música do novo trabalho, "Let All That We Imagine Be the Light", agendado para chegar às plataformas no dia 30 de maio.

Mas Shirley adianta que o disco, ao contrário dos trabalhos anteriores do Garbage, será mais leve. "É um disco rebelde, direto e alegre e, ao mesmo tempo, repleto de ternura — algo que, talvez, eu nunca tenha explorado tão profundamente. Está cheio de amor e energia", salienta.

Donita Sparks e Jennifer Finch, da banda punk/grunge L7, que abre os shows do Garbage no Brasil
Donita Sparks e Jennifer Finch, da banda punk/grunge L7, que abre os shows do Garbage no Brasil Imagem: Rich Polk/Getty Images/The Art of Elysium

Seria o reflexo de alguém que, depois de só ser feliz quando chovia, está curtindo um pouquinho de sol? "Acho que, ao longo da vida, aprendi que cada pessoa tem muitas facetas —pode, num instante, ser difícil e, no seguinte, mostrar toda sua luz", filosofa a cantora. "Essa é a mensagem central do álbum: você é o capitão do seu próprio navio, capaz de definir os limites da sua vida."

Não podemos controlar os eventos externos, mas podemos controlar nossa mente e nossa relação com o mundo. Shirley Manson

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Shirley Manson, do Garbage, se apresenta na OVO Arena Wembley, em 20 de julho de 2024, em Londres
Shirley Manson, do Garbage, se apresenta na OVO Arena Wembley, em 20 de julho de 2024, em Londres Imagem: Jim Dyson/Getty Images

Setlist

  1. Queer
  2. Fix Me Now
  3. Empty
  4. Sex Is Not the Enemy
  5. The Men Who Rule the World
  6. Wicked Ways/Personal Jesus (Depeche Mode)
  7. The Trick Is to Keep Breathing
  8. Blood for Poppies
  9. Wolves
  10. The Creeps
  11. Cup of Coffee
  12. Vow
  13. Special
  14. Stupid Girl
  15. Only Happy When It Rains
  16. Milk
  17. #1 Crush
  18. I Think I'm Paranoid
  19. Cherry Lips (Go Baby Go!)
  20. Push It
  21. You Look So Fine
  22. No Horses
  23. When I Grow Up

Garbage e L7

  • Rio de Janeiro

Quando: sexta (21/3), a partir das 19h
Onde: Sacadura 154 (r. Sacadura Cabral 154, Rio de Janeiro, RJ)
Quanto: a partir de R$ 300
Ingressos à venda pelo site da Fastix.

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  • São Paulo

Quando: sábado (22/3), a partir das 19h
Onde: Terra SP (av. Salim Antônio Curiati, 160, São Paulo - SP)
Quanto: a partir de R$ 300
Ingressos à venda pelo site do Clube do Ingresso.

  • Curitiba

Quando: domingo (23/3), a partir da 18h
Onde: Ópera de Arame ( Rua João Gava 920, Curitiba, PR)
Quanto: a partir de R$ 500
Ingressos à venda pelo site da Fastix.

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