Para diretor, Lollapalooza 'é um festival caro para a realidade brasileira'
Chegando na 12ª edição no próximo fim de semana (dias 28, 29 e 30 de março) estabelecido como um dos maiores festivais de música do país, o Lollapalooza é conhecido por trazer grandes artistas internacionais que geralmente nunca tocaram no Brasil ou estão há um bom tempo sem vir para cá. Com o mundo dolarizado, tudo isso tem um alto preço.
Custo dos ingressos
Para Marcelo Beraldo, diretor do festival no Brasil, não é possível comparar o Lolla com um festival que recebe 15 mil pessoas de público: "A escala é totalmente diferente, a gente tem que fazer uma comunicação diferente. O Lolla a gente caracteriza como um festival grande, multi-gênero e internacional, porque são bandas internacionais, tem bandas brasileiras, mas é mais ou menos meio a meio", afirma em entrevista ao editor do TOCA, Fabrício Nobre (assista ao vídeo abaixo).
Marcelo admite que o valor cobrado pelos ingressos é caro para a realidade brasileira. Preços de 2025 variam de R$ 425 o dia até R$ 3.349 o passe dos três dias. "O que eu vou falar aqui pode soar esquisito, mas é a mais pura verdade e transparência. A gente sabe que o Lolla é um festival caro para realidade brasileira, [mas] para uma realidade global não é", declara.
O diretor do festival explica que a maior parte do custo na contratação de artistas é em dólar, moeda em que os cachês são nivelados globalmente: "[O que pagamos] não é o cachê que se paga no Brasil, é o cachê que se paga em qualquer lugar do mundo. Então nosso custo é muito grande em dólar. Portanto, a gente sabe que para uma realidade brasileira é um ingresso caro".
O próprio festival observa que com o passar dos anos, o público do Lollapalooza comprava ingresso pelos artistas estrangeiros. É por isso que a organização aproveita os muitos headlines internacionais para apresentar artistas novos brasileiros: "A Sofia Freire, que eu acho incrível o trabalho dela. Clube Dezenove que eu também acho incrível, meninas que tem um público underground que a gente não estava ciente. (...) De artista maior nacional tem o Jão, que eu acho o maior artista nacional desta edição", cita Marcelo.
A confirmação de Jão veio após o próprio artista expressar desejo de voltar ao festival após três anos quando despontava com o terceiro álbum de estúdio "Pirata" e antes de esgotar o Allianz Parque três vezes com a Superturnê: "Foi um pedido dele também [de novamente] fazer o Lolla. Claro que a gente respeita e conseguiu atender, porque para ele, dito por ele, quando ele fez o Lolla em 2022 foi um marco na carreira".

Integração sul-americana
Marcelo também trabalha em conjunto com as edições argentinas e chilenas do Lollapalooza. São nessas negociações que ele viu nomes de artistas brasileiros confirmados aqui também irem para outros países.
A banda Sepultura confirmada para o domingo (30) também tocou no Lolla Chile e Argentina após escolha dos artistas em conjunto — junto com o Stereo Picnic, da Colômbia. Como parte do esforço de trazer mais latinos na edição brasileira, neste ano vêm ao Brasil o Ca7riel & Paco Amoroso, também no último dia.
Marcelo é responsável pelo Lollapalooza na América do Sul: "Não é que eu sou o guardião da marca, acho que seria demais falar isso. Mas eu faço a interface entre gringos e os parceiros locais. Então assim tudo ou quase tudo, a gente tem que aprovar, por exemplo, as ativações, o patrocinador, como é que vai ser, como é que não vai ser, acho que tem um pouco da preocupação de tentar manter ao máximo o festival focado na essência dele, que é música".
"A gente tenta preservar o DNA e a linguagem que ele tem com o Lolla lá fora", afirma Marcelo Beraldo. O Lolla já está em oito cidades: Chicago (EUA), São Paulo (Brasil), Santiago (Chile), Buenos Aires (Argentina), Paris (França), Estocolmo (Suécia), Berlim (Alemanha) e Mumbai (Índia).
Em cada mercado, em cada cidade, ele atua como parceiro local, para fazer a produção, para entrar com com a experiência que tem do mercado. Em cada lugar tem uma empresa parceira. Aqui no Brasil, a parceira é a Rock World, que é a empresa mais conhecida por fazer o Rock in Rio e o The Town. Marcelo Beraldo, diretor de festival da C3 na América do Sul, responsável pelo Lollapalooza Brasil
Perguntado sobre três atrações internacionais que recomendaria, Marcelo respondeu baseado no gosto pessoal. Ele diz gostar muito do Tool e do Michael Kiwanuka: "Esse [último] foi um esforço meu [trazer aqui]. Eu falei 'cara, a gente precisa ter esse cara aqui'. Não necessariamente é um cara que a gente sabe que atrairá grandes multidões e tal, mas eu amo o show do cara".
Sobre o festival ser no final de março, quando costuma chover, Marcelo garante que o local e equipe estão preparados: "A gente não faz em março porque a gente escolhe, tem toda uma agenda global e de festivais, de rota, dos artistas, porque o segundo semestre é um pouco mais complicado, aí logo depois do Lolla tem um festival no México (...), o Coachella nos EUA, e no segundo semestre aqui a Fórmula 1".
O autódromo está em uma região que tem microclima, ou seja, a qualquer momento, principalmente, final de verão, pode vir uma tempestade rápida que também acaba rápido. (...) Mas chuva não é a nossa grande preocupação, a preocupação maior de qualquer evento grande é raio e ventos fortes. Tem todo um protocolo aqui de coisas a serem serem feitas. Estamos preparados para isso. Marcelo Beraldo, diretor de festival da C3 na América do Sul, responsável pelo Lollapalooza Brasil
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.