Emicida x Fióti: o que é a LAB Fantasma, no centro da briga milionária


Do UOL, em São Paulo
03/04/2025 05h30
Os irmãos e músicos Emicida e Fióti se envolveram em uma disputa milionária. Segundo um processo civil que tramita na 2ª Vara Empresarial e de Conflitos de Arbitragem de São Paulo, Emicida acusa o irmão de desviar R$ 6 milhões da empresa que ambos fundaram e gerenciavam, a Laboratório Fantasma Produção Ltda, também conhecida como LAB Fantasma.
O que é a LAB Fantasma?
É uma empresa criada em 2009 na periferia da zona norte de São Paulo pelos irmãos Emicida e Evandro Fióti. Inicialmente fundada para gerenciar a carreira de Emicida, a empresa expandiu sua atuação para diversas áreas da cultura e entretenimento.
A empresa atua como gravadora, editora, produtora e estúdio. Também está ligada à moda, a marcas e licenciamentos. O foco, segundo a companhia, é a representação e valorização de vozes historicamente silenciadas dentro da cultura hip hop e do mercado criativo. No mercado musical, a empresa já lançou 750 fonogramas, teve 500 obras editadas e quase 1 bilhão de visualizações em produções audiovisuais.
Segundo o site oficial, a empresa defende valores como ancestralidade, equidade, pluralidade, representatividade, coletividade e sustentabilidade. O site também afirma que a LAB Fantasma adota uma política de inclusão priorizando parcerias e contratações de grupos identitários e diversos. De acordo com a empresa, mais de 50% dos colaboradores são negros ou pardos, 53,6% são mulheres e 25% pertencem à comunidade LGBTQIA+.
A empresa desenvolveu a marca de moda LAB, lançada oficialmente na São Paulo Fashion Week em 2016. A marca é conhecida no mercado de streetwear, com vendas em plataformas online, revendas multimarcas e em shows.
Entenda a disputa
A disputa financeira que levou ao rompimento entre Emicida e Fióti envolve acusações de desvio milionário. Um processo judicial que revela detalhes do conflito tramita na 2ª Vara Empresarial e de Conflitos de Arbitragem de São Paulo.
Emicida acusa Fióti de desvio de R$ 6 milhões da Laboratório Fantasma Produção Ltda nos últimos nove meses. O salário de R$ 40 mil mensais era motivo de insatisfação, segundo Emicida, que alega que o irmão desejava uma remuneração maior.
Fióti afirma que havia um acordo para deixar a empresa de forma equilibrada, mas foi surpreendido ao perder o acesso às contas. A mudança societária alterou a participação dos irmãos, com Fióti detendo 10% da empresa em 2024, enquanto Emicida ficou com 90%.
Transferências bancárias causaram desentendimento, e Emicida alega ter descoberto um saque de R$ 1 milhão em janeiro de 2025 e outro do mesmo valor em fevereiro. Uma auditoria interna revelou mais movimentações, apontando que, entre junho e julho de 2024, outros R$ 4 milhões foram enviados para contas pessoais de Fióti.
A defesa de Fióti argumenta que os valores foram acertados previamente para equilibrar diferenças históricas nas retiradas da empresa. Emicida revogou a procuração de Fióti, assumindo controle total das contas da Laboratório Fantasma.
Fióti levou o caso à Justiça em 14 de março de 2025, pedindo bloqueio de contas, impedimento de novos contratos e a proibição de Emicida se apresentar como único sócio. Reuniões internas trouxeram embates, com Fióti expondo sua versão para colaboradores e Emicida reafirmando sua posição como administrador.
Em 27 de março, Emicida oficializou a revogação dos poderes de Fióti, consolidando a separação na empresa. No dia seguinte, o rompimento foi anunciado publicamente, marcando o fim da relação entre os irmãos.
Uma decisão judicial negou o pedido de Fióti, que tem cinco dias para se manifestar no processo. Fióti se pronunciou nas redes sociais, negando qualquer desvio e afirmando que todas as movimentações foram registradas e feitas de forma transparente.
*Com informações de matéria publicada em 01/04/2025