Dia da visibilidade Trans

AS PIONEIRAS

Por Mariana Gonzalez

AS PIONEIRAS

No Dia da Visibilidade Trans, Universa lembra as mulheres que abriram portas no passado e as que lutam hoje para que permaneçam abertas - da TV às casas legislativas, passando pelos quadrinhos, pelos palcos e pela educação pública.
Arte/UOL

DE ONTEM

Getty Images

Claudia Celeste

A atriz foi a primeira mulher trans a participar de uma novela brasileira "Espelho Mágico", da Globo, em 1977. O público não sabia da transexualidade e, por conta das regras da Ditadura Militar, ela foi forçada a deixar o folhetim.
Arte/UOL

Para o brasileiro, [transexual] é coisa do outro mundo. Para ele, a gente está na cama o dia inteiro e não sai de lá. A gente não cozinha, não lava, não passa, não tem inteligência, não estuda? Não é professora, não é médica, não é nada... É sexo.

Claudia Celeste,
em entrevista para a Revista Geni, em 2013

Roberta Close

A modelo brasileira foi a primeira mulher trans na capa da Playboy, cinco anos antes de realizar uma cirurgia de adequação de gênero na Inglaterra, em 1989. Mas seu nome e gênero só foram alterados 16 anos depois, após uma longa batalha judicial.
Arte/UOL

Tive muitos obstáculos para ser aceita. Existiam valores muito fortes e rígidos na sociedade aqui no país [...] Temos que lutar por direitos civis, não podemos ficar para trás. Acho que ajudei. Esse mundo é muito incompreendido. Não podemos nem pensar em retrocessos

Roberta Close,
em entrevista à Quem, em 2019

Kátia Tapety

Em 2021, um número recorde de pessoas trans ocupa cargos legislativos, mas essa é uma conquista recente: a primeira transexual eleita no Brasil foi Kátia Tapety, em 1992, como vereadora de Colônia do Piauí (PI). Ela foi a candidata mais votada da cidade por três mandatos consecutivos.
Arte/UOL

Eu provei para o meu pai e para a sociedade que sou séria, digna e honesta

Kátia Tapety, durante campanha à vereança, em 2020

Bianca Magro

Há 23 anos, Bianca foi a primeira pessoa a realizar uma cirurgia de adequação de gênero pelo SUS, após uma jornada de quase três anos, dezenas de laudos médicos e a autorização de um juiz. Com isso, abriu portas: em 2018, o SUS realizava em média 57 procedimentos por ano.
Arte/UOL

Que coisa mais gostosa estar inserida na sociedade, pertencer a ela e ser respeitada como igual. Quando você está adequada física e juridicamente, portas se abrem

Bianca Magro,
em entrevista à Universa, em 2021

Laerte Coutinho

Laerte é uma cartunista consagrada desde a década de 1970, mas, há dez anos, passou pela transição de gênero de forma bastante pública, dividindo com os fãs seu processo de descobertas, primeiro como crossdresser e mais tarde como mulher transexual.
Arte/UOL

Sou uma mulher trans. Vivi 50 anos como homem e não tive problemas em ser homem. Essa coisa de 'nasci no corpo errado', para mim, não é assim; eu estava no corpo certo o tempo todo.

Laerte Coutinho,
em entrevista à Universa, em 2019

Lea T

Há dez anos, a modelo Lea T, filha do jogador de futebol Toninho Cerezo, fez história ao revelar que é transexual, desfilar para a Givenchy e posar nua para a Vogue francesa.
Arte/UOL

A melhor descrição para como eu me sinto é tentar colocar os sapatos invertidos e andar com eles assim o dia todo

Lea T,
em entrevista a Marília Gabriela, em 2011

DE HOJE

Getty Images

Luma Nogueira

Luma foi a primeira transexual do país a conquistar o título de doutora, em 2012, pela Universidade Federal do Ceará, e foi pioneira também ao se tornar professora universitária, na mesma instituição.
Arte/UOL

É sempre um choque quando chego [à sala de aula]. Daí tento mostrar que tudo bem, sou travesti. E sou, acima de tudo, um ser humano, com valores

Luma Nogueira,
em entrevista à Folha de S.Paulo, em 2009, quando foi aprovada no doutorado

Liniker

A cantora despontou aos 19 anos, em meio ao processo de transição de gênero, e chegou a ter sua voz comparada à de Tim Maia. Três anos depois, em 2019, se tornou a primeira pessoa transexual indicada ao Grammy Latino, pelo disco Goela Abaixo.
Arte/UOL

Ser uma mulher com um pau é revolucionário. Nossa feminilidade está em várias outras coisas.

Liniker, em entrevista à Marie Claire, em 2019

Tiffany Abreu

Tiffany foi a primeira mulher trans a jogar na elite do vôlei feminino no Brasil, com a camisa do Sesi Bauru. Ela entrou para a equipe em 2017 e, desde então, luta pela inclusão de pessoas transexuais nos esportes.
Arte/UOL

Você não pode se destacar. Você só pode ser ruim e levar bolada, não pode ser a que dá bolada. Por quê? Porque você é uma trans. Mas não é assim. A gente pode bater e pode apanhar, pode chorar e pode sorrir

Tiffany Abreu,
em entrevista ao UOL Esporte, em 2018

Gabriela Augusto

Depois de ser barrada em festa de aniversário, ouvir de um professor que nunca seria juíza e passar por outras situações de transfobia, a advogada criou uma consultoria especializada tornar empresas mais inclusivas e, com isso, levar pessoas trans ao mercado de trabalho.
Arte/UOL

A vida de uma pessoa trans não é nada fácil: a gente sofre violência e dá de cara com uma série de barreiras. A principal, para mim, estava relacionada ao mercado de trabalho. Ainda na faculdade, via um ambiente empresarial num contexto muito conservador e poucas pessoas como eu nas empresas

Gabriela Augusto,
em entrevista à Universa, em 2021

Valentina Sampaio

Aos 22 anos, a modelo cearense Valentina Sampaio acumula no currículo trabalhos para Marc Jacobs, Balmain, L'Oréal e Vogue Paris. Nas duas últimas, foi a primeira garota-propaganda transexual na história das marcas. Em 2019, fez história ao ser a primeira trans a integrar o famoso time de angels da Victoria's Secret
Arte/UOL

Desde o início, não foi fácil e nem motivador, porque dei de cara com o preconceito, mas não desisti. Vi que era uma forma de lutar por mim e por outras pessoas que, assim como eu, sofrem preconceito por serem quem são

Valentina Sampaio,
em entrevista à Capricho, em 2020

Érika Hilton

Érika Hilton é a primeira mulher trans eleita vereadora em São Paulo. Ela tomou posse em 2021, depois de ser o sexto nome mais votado pelos paulistanos, a mulher mais votada em 2020 e a mulher negra que mais recebeu votos na história da cidade.
Arte/UOL

Precisamos entender uma forma de nos fortalecer, de nos amparar para que saíamos desse lugar de marginalização, para que saiamos desse lugar de escória, para que resgatemos a nossa humanidade.

Érika Hilton,
em entrevista a Ecoa, em 2021
Publicado em 29 de janeiro de 2021.
Reportagem: Mariana Gonzalez. Ediição: Bárbara dos Anjos Lima. Arte: Ana Carolina Malavolta.

Veja Também