Desigualdade de gênero desafia Alemanha mesmo após Merkel

Dentre os tantos muros que se colocaram no caminho político da mulher que por anos foi considerada a mais poderosa do mundo, os decorrentes das desigualdades de gênero estão entre os de mais difícil superação, segunda a própria Angela Merkel.

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A primeira líder a ocupar o mais importante cargo da Alemanha deixa o cargo quase 16 anos depois com aprovação de 90% da sociedade. Apesar de ter sido elogiada pelas diversas crises que enfrentou, há hoje debate sobre o espaço das mulheres na esteira de seu período no poder.

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Quem poderia imaginar que o mais alto cargo do governo seria entregue a uma mulher?

Angela Merkel,
em 2005
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Preconceito

Alemã oriental divorciada e sem filhos, Merkel enfrentou barreiras para se posicionar na política inclusive em seu partido, o conservador União Democrata Cristã (CDU). Hoje, críticos atacam de seu modo austero de vestir ao apoio considerado 'discreto' a políticas para mulheres.

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33%

Um dos terrenos nos quais as disparidades de gênero permanecem após a 'era Merkel' é no da disputa política. Nessas eleições, das mais de 6 mil candidaturas apresentadas somente um terço é de mulheres. O parlamento — Bundestag — é formado por maioria masculina.

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Única mulher na sala

Foi comum nos últimos anos presenciar reuniões internacionais nas quais Merkel era a única mulher. Xingamentos de caráter misógino por figuras como Silvio Berlusconi, embates com Donald Trump, ex-presidente dos EUA e duras negociações com Vladimir Putin, líder russo, estiveram na agenda da chanceler.

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Feminismo

Pragmática e de postura majoritariamente conciliadora, Merkel sempre evitou posicionar-se como feminista, o que viria a fazer apenas recentemente em um evento com a escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie.

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Pensei muito e posso dizer que sim: devemos todos ser feministas.

Angela Merkel,
em 2021
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Forte para o futuro

Em 2020 o governo de Merkel lançou plano nacional para a promoção da igualdade de gênero chamado de Forte para o Futuro. Dentre as nove metas está a implementação de cotas de participação das mulheres na gerência de empresas e partidos políticos, por exemplo.

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Entorno

De acordo com a imprensa alemã, a chanceler sempre nomeou mulheres para cargos-chave de sua administração e assessoramento e manteve diálogo com lideranças. O Ministério da Defesa esteve sob a liderança de mulheres várias vezes nos últimos anos, algo até então inédito na história alemã. Atualmente, o cargo é ocupado por Annegret Kramp-Karrenbauer (foto).

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Políticas públicas

A ampliação das vagas em creches, estratégias para facilitar o retorno de jovens mães ao mercado de trabalho e a instituição da licença e auxílio financeiro para pais e mães foram algumas das mais destacas políticas com impacto de gênero desenvolvidas pela chanceler.
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Críticas

Dada a extensão de seu poder setores da oposição consideram que Merkel poderia ter avançado com mais ênfase em programas de combate à violência contra a mulher, no financiamento a abrigos e na luta contra a desigualdade salarial e a pobreza familiar.
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'Mutti'

Mamãe (mutti) foi um dos nomes pelos quais Merkel foi chamada. Para muitos alemães o aposto é considerado inconveniente para referir-se a uma líder, ainda que seja usado por apoiadores com intenção elogiosa.
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Merkel deixa o poder com dificuldades para emplacar um nome para sucedê-la. O bloco conservador, a que pertence, obteve o pior resultado de sua história no último domingo — mas ainda pode tentar formar governo.

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Ainda não alcançamos a igualdade entre mulheres e homens na Alemanha. Ainda há muito a ser feito.

Angela Merkel
JOHN MACDOUGALL/AFP
Publicado em 28 de setembro de 2021.
Texto: Murilo Matias; Edição: Clarice Cardoso.

Com agências de notícias.

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