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Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres

Por Luiza Souto

Cerca de um terço das mulheres assassinadas no mundo foram vítimas dos parceiros. Segundo a ONU, em 2017, de um total de 87 mil assassinatos contra a população feminina em todo o planeta, 30 mil perderam a vida pelas mãos do ex ou do atual companheiro.
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Para frear a violência de gênero, países vêm criando leis cada vez mais severas, como a Maria da Penha, reconhecida pela ONU Mulheres como a terceira mais avançada do mundo para o enfrentamento desse tipo de crime, depois de legislações similares de Espanha e Chile.
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No Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres, celebrado em 25 de novembro, Universa destaca os benefícios conquistados com as leis desses três países e os novos desafios para conter os crimes de gênero.
Fernando Fernandes

O que é o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres?

A data foi oficialmente escolhida pelas Nações Unidas para relembrar o assassinato das irmãs Mirabal (Patria, Minerva e Maria Teresa), que lutavam contra a ditadura de Rafael Trujillo, na República Dominicana, em 1960. Desde 1981, esse dia se tornou, em toda a América Latina, uma data para marcar a luta das mulheres contra a violência. Em 1999, a data virou referência mundial.
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Os feminicídios acontecem quando não existe a política pública

Maria da Penha Maia Fernandes,
Ativista que deu seu nome à lei brasileira que combate a violência doméstica
LEANDRO DE SANTANA - 5.set.2019/AGÊNCIA PIXEL PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Promulgada em 2006, a Lei Maria da Penha prevê mecanismos de denúncia, prevenção e assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar, seja ela física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral. A ONU destaca que, após a criação da lei, foi possível popularizar o debate sobre o tema e chamar a atenção para crimes como o feminicídio.
Kevin David/A7 Press/Estadão Conteúdo
Entre as principais mudanças que esta lei trouxe estão a criação das Delegacias da Mulher, dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher e de espaços para assistência psicossocial para as vítimas. Apesar disso, o Atlas da Violência mais recente aponta que o Brasil tem 13 homicídios de mulheres por dia, o maior número em dez anos.
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Em 2015, o Brasil classificou o feminicídio como crime hediondo. Até aqui, 16 países promoveram essa alteração em suas legislações, entre eles o Chile (2010), o Paraguai (2016) e o Uruguai (2017).
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A sociedade inteira precisa desenvolver a cultura de prevenção e respeito aos direitos e ter tolerância zero com as desigualdades. Lei nenhuma muda sozinha o machismo que ameaça, pune, agride e mata

Ana Carolina Querino,
representante interina da ONU Mulheres Brasil
ONU Mulheres/Bruno Spada
Para maior alcance da Lei Maria da Penha, o governo sancionou neste ano um projeto que apreende armas de fogo em nome de agressores e uma medida que dá prioridade às mulheres vítimas de violência doméstica para matricularem os filhos em escolas mais próximas a suas casas.
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Queremos uma Espanha feminista porque, somente a partir do feminismo, vamos acabar com a violência baseada em gênero e alcançar a igualdade real

Pedro Sánchez,
Primeiro-ministro interino espanhol
AFP

Pelo mundo...

A Lei Orgânica de Medidas de Proteção Integral contra a Violência de Gênero, promulgada em 2004, na Espanha, é considerada até hoje uma das legislações mais avançadas e exemplares sobre o tema, por contemplar medidas assistenciais e de prevenção, além de atenção para políticas educativas para a igualdade.
AFP
Naquele país, a lei estabelece que estudantes desde o ensino fundamental até o universitário tenham aulas sobre o respeito aos direitos, liberdades e igualdades entre homens e mulheres.
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Outro destaque: por causa do sistema de cotas, 47% dos integrantes do Legislativo espanhol são mulheres, tornando a Espanha o país europeu com a maior presença proporcional feminina no Congresso. Apesar disso, há no país uma disparidade salarial de 14,2% entre homens e mulheres.
AFP

As políticas precisam ter especificidade de gênero, senão o resultado não será sustentado e nem garantirá os direitos [das mulheres]

Michelle Bachelet,
Primeira mulher presidente do Chile e alta-comissária de direitos humanos das Nações Unidas
Fabrice Coffrini/AFP

Como é no Chile

O Chile também trabalha com políticas de prevenção da violência doméstica, especialmente contra mulheres, adultos idosos e crianças. Lá, o Serviço Nacional da Mulher, criado em 1991, é visto como um dos mais fortes exemplos de mecanismo nacional voltado para as mulheres.
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Segundo a ONU, o Serviço Nacional da Mulher vai além da sensibilização e assume um papel ativo na formulação de políticas sobre a violência doméstica, a discriminação de gênero e a garantia de direitos para as mulheres, como a adoção de infraestruturas para filhos de mães que trabalham e a licença-maternidade para as empregadas domésticas.
AFP
Em 2010, o Chile definiu o crime de feminicídio, com penas maiores de acordo com agravantes. Em 2018, o país registrou oficialmente 11 casos de feminicídio, levando ao menos 100 mil pessoas para as ruas da capital, Santiago, como parte das manifestações pelo Dia Internacional da Mulher.
AFP
Também em 2018, o governo chileno anunciou uma "agenda de gênero", que inclui, entre outras medidas, uma reforma constitucional para estabelecer a igualdade de direitos entre homens e mulheres. Já em 2019, o Congresso aprovou uma lei que criminaliza o assédio sexual em lugares públicos.
JORGE VILLEGAS

A violência contra as mulheres é a expressão da tentativa de controle, dominação de seus corpos e liberdades, da punição daquelas que tomam as rédeas da própria vida. É preciso mudar a cultura de violência contra as mulheres

Ana Carolina Querino,
Representante interina da ONU Mulheres Brasil
STEFAN WERMUTH/AFP
Publicado em 25 de novembro de 2019.
Reportagem: Luiza Souto; Edição: Adriana Küchler

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