Um debate no Instagram

Mamilos. De homem, pode. De mulher, não.

O Instagram proíbe a reprodução de seios. Em pinturas, colagens, fotos e aquarelas, mamilos femininos são censurados. Até mesmo imagens de mulheres indígenas (que não poderiam estar vestidas, por motivos óbvios) são bloqueadas. Isso rende arte crítica como é a da artista alemã Marius Sperlich. Você vê algumas de suas obras nessa reportagem.
Reprodução/Instagram @mariussperlich
"Não permitimos nudez no Instagram. Isso inclui fotos, vídeos e alguns conteúdos criados digitalmente que mostram relações sexuais, genitais e close-ups de nádegas totalmente expostas, além de algumas fotos de mamilos femininos", diz o posicionamento oficial da marca
Reprodução/Instagram @mariussperlich
A rede social, entretanto, afirma permitir seios de ensaios artísticos ou produzidos em obras de arte. Na prática, porém, nem sempre é bem assim. Daí surgem protestos frequentes de artistas e fotógrafos, como Marius, que querem discutir o corpo da mulher com mais liberdade.
@Mariussperlich
A artista paulistana Angelita Cardoso está com dificuldades para pagar pela divulgação das obras da exposição "Do eu ao nós profundo", que estreou em São Paulo na sexta (8), devido à censura. Seus perfis pessoais e a possibilidade de anunciar as obras são constantemente bloqueados pela rede.
Reprodução/Instagram @doeuaonosprofundo

"O absurdo é que estou longe de ser artista erótica, com obras realistas. Mesmo assim, meu trabalho é mutilado"

Angelita Cardoso, artista plástica,
Artista
Reprodução/Instagram
A fotógrafa brasileira Milena Paulina registra imagens artísticas de mulheres gordas no perfil Olhar de Paulina. Em setembro, a página foi deletada por conta da nudez nas fotos.
Milena Paulina

"Excluída, apagada, deletada. Tudo o que eu construí sumiu"

Milena Paulina, fotógrafa
Reprodução/Instagram
Essa foto da modelo não-binária americana Rain Dove foi apagada após mais de 50 mil likes. "Instagram, não usar camiseta não é um crime. Evolua com a gente!", ela disse.
Reprodução/Instagram @raindovemodel
Em 2018, o Facebook, dono do Instagram, assumiu que errou ao censurar uma imagem da Funai em que uma índia aparece com os seios à mostra. Não foi o primeiro caso de imagem indígena vetada pela rede.
Divulgação/Funai
Os atritos reforçaram a campanha "Free the Nipples", inciada em 2015, que defende que corpo feminino é discriminado e comparado à pornografia ao ser banido. A obra original é "The Oreads" (1902), de William Bouguereau. A censura "crítica" foi feita pelo artista Morgoth.
Arte @morgoth.photo
Mamilos masculinos podem ser exibidos na rede social. A diferença de tratamento gera imagens como essa, de Marius Sperlich. Lado a lado, são idênticos. Para o Instagram, não.
Reprodução/Instagram @mariussperlich
A cantora Ana Canãs teve o mamilo censurado em setembro. A foto, que você vê aqui, é da fotógrafa Fernanda Carvalho. "Às mulheres e aos homens deveriam ser concedidas a mesma liberdade e proteção", protestou. No Rock in Rio, no mesmo mês, ela se apresentou sem camiseta.
Reprodução
Ainda em 2019, uma aliança formada por 250 museus e associações da Europa enviou uma carta ao Facebook para pedir mais liberdade aos mamilos. Essa foto foi tirada em julho, num ato que aconteceu em Nova Iorque. Até agora, pelo que se vê nessas queixas recentes, o pedido não foi atendido.
Stephanie Keith/Getty Images
Publicado em 13 de novembro de 2019.
Reportagem: Marcos Candido; Edição: Luciana Bugni.

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