Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Bolsonaro tenta conquistar voto feminino, mas não consegue. Por quê?
De acordo com a última pesquisa do Datafolha, divulgada em 30 de maio, sobre intenção de voto para 2022, a rejeição a Jair Bolsonaro se mantém alta entre mulheres de todas as faixas de renda, da mais alta à mais baixa. Ao contrário dos homens que, quanto maior a renda, maior apoio ao atual presidente. No geral, o rejeitam 61% das entrevistadas.
Ao mesmo tempo, as notícias falam de esforços da campanha de Bolsonaro para conquistar o eleitorado feminino, seja por meio do uso da figura de Michelle Bolsonaro ou por sanções de última hora de leis direcionadas à população feminina. Mas os efeitos não foram sentidos na opinião pública. Por quê?
Porque quem sente na pele todos os dias os efeitos materiais de um governo misógino e classista não se engana por uma tentativa apressada de recuperação de votos. Quem não se enxerga nas pessoas que estão no poder não se confunde pela imagem de uma primeira-dama que busca se aproximar do eleitorado feminino. Quem não passava fome e agora não consegue alimentar sua família não quer saber de encenações no horário eleitoral.
Que o foco de seu trabalho não teria como prioridade as mulheres era sabido desde sua eleição. As ofensas e declarações misóginas permearam toda a sua trajetória política muito antes de sua campanha à presidência. Foram desde declarações de cunho machista em tom de piada —quando afirmou, por exemplo, que sua filha seria resultado de uma "fraquejada"— até violências explícitas —quando mandou uma jornalista calar a boca ao perguntar por que ele não usava máscara durante um evento público, em meio à pandemia.
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