Opinião

Por que incentivar a imunização em gestantes? Vacina protege mãe e bebê?

A vacinação materna atua como uma dupla proteção: para a mãe, durante a gestação, e para o bebê, após o nascimento. Ela deve ser usada como uma estratégia importante de cuidado materno-infantil e como ferramenta para a promoção da saúde, já que ambos têm maior vulnerabilidade a quadros infecciosos.

Podemos até pensar no conceito de "imunização vertical", em uma antítese positiva à ideia da transmissão vertical, que ocorre quando uma infecção ou doença é passada da mãe para o feto, durante o parto, ou para o recém-nascido, na amamentação. Mas, o que ocorre com as vacinas é uma transferência transplacentária de anticorpos para o bebê, proteção que pode durar até um pouco mais de seis meses de vida para doenças infecciosas como influenza, coqueluche e bronquiolite.

Na prática, a mãe toma a vacina e começa a produzir defesas contra aquele vírus. Os anticorpos da classe IgG atravessam a placenta e passam para o bebê, conferindo uma proteção passiva pelos primeiros meses de vida, período de maior risco para infecções como as causadas pelo vírus sincicial respiratório (VSR).

A discussão sobre a importância da imunização em gestantes emerge com base na chegada de uma nova vacina contra esse vírus sincicial, causador da bronquiolite, doença que acomete mais de um terço das crianças nos primeiros dois anos de vida. Em países em desenvolvimento, como o Brasil, as infecções causadas por esse vírus são a principal causa de internação e morte até 1 ano de idade.

Para se ter uma ideia, em 2021, segundo dados do Ministério da Saúde, foram 13,5 óbitos para cada mil nascidos vivos de até cinco anos. Em 2023, o VSR foi responsável por 30% das infecções respiratórias registradas no país durante o primeiro trimestre. De janeiro a março do ano passado, foram mais de 3,3 mil infecções - dessas, 95% atingiram apenas bebês e crianças de zero a quatro anos.

Um estudo do fabricante mostrou que a eficácia dessa vacina foi de 82% para infecções graves do trato respiratório inferior em crianças com até 3 meses de vida. Para formas leves, a eficácia foi, em média, de 51% até seis meses. Considerando que as infecções por VSR ocorrem com maior frequência e maior gravidade em crianças de até um ano, período em que o sistema imune ainda é imaturo, essa ferramenta se torna importantíssima para ajudar os nossos bebês a não desenvolverem bronquiolite nem outra doença como pneumonia ou gripe.

O Ministério da Saúde recomenda algumas vacinas de rotina às gestantes: influenza, difteria-tétano-coqueluche acelular (dTpa), Covid-19 e hepatite B. Contudo, há outras doses indicadas em situações específicas e imunizantes que são contraindicados - como a tríplice Viral - que combate o Sarampo, a Caxumba e a Rubéola -, Varicela (Catapora), Febre Amarela e BCG (contra a Tuberculose). Por isso, o acompanhamento pré-natal é fundamental antes de dar esse primeiro passo na proteção de mãe e bebê.

Com a nova vacina, mais doenças podem ser evitadas nos neonatos graças ao avanço da ciência. Cabe a nós, profissionais da saúde, incentivar, orientar e aconselhar sobre a vacinação de gestantes como estratégia e medida de saúde pública para reduzir os quadros graves, as complicações para mãe e bebê e preencher a lacuna de imunização até que a criança possa desenvolver a própria imunidade por meio da vacinação direta.

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*Natasha Slhessarenko é patologista clínica e pediatra da Dasa. A Dasa faz parte da vida de mais de 23 milhões de pessoas por ano, com alta tecnologia, experiência intuitiva e atitude à frente do tempo. A empresa garante uma navegação ágil, descomplicada e sem atritos na jornada da saúde, tanto para pacientes quanto para médicos, por meio da sua plataforma de gestão de saúde digital, o Nav Dasa. Para mais informações, clique aqui.

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