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Lays Peace dá aula de sexo oral e viraliza. Precisamos mesmo ser ensinados?
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Lays Peace está novamente dando o que falar. A acompanhante de luxo que fez uma live sobre beijo grego, no final de 2020, agora deu uma aula de sexo oral, ao vivo e em cores.
Claro que choveram comentários de todos os lados, mas o que mais surpreendeu foram as mulheres criticando, chamando de "boquete mixuruca", que fazem melhor, etc e tal. A velha necessidade de ficarem se comparando, umas às outras, para ver quem é mais sexy ou boa de cama. Vergonha alheia.
A garota é profissional, tem um quê exibicionista, vaidosa e adora orgulhar-se do que faz. Ela condensa clichês masculinos (carros, helicópteros) e femininos (roupas, bolsas e corpo), em uma só pessoa, por isso mesmo pode ser adorada e odiada num mesmo tanto. Ainda por cima, ela revira do avesso a ideia da profissional do sexo vítima da sociedade, mostrando que em se tratando da vivência sexual, mesmo o sexo pago pode ser uma experiência muito diferente.
Nesse campo, vamos da miséria, escravidão e violência, ao prazer da ostentação, um assunto complexo, repleto de vieses: raça, gênero e condição sócio-econômica, são só alguns deles.
Mulheres profissionais do sexo sempre deram aula de sedução e práticas sexuais, em ambientes privados, isso não é novo. Pelo fato de encarnarem mais facilmente uma personagem padrão, dessas que estamos acostumadas a ver em filmes, sejam os pornográficos ou eróticos, sabem muito bem como fazer caras e bocas, além é claro de terem uma experiência a partir da observação do prazer alheio. Se você faz questão de alguém com vivência prática em determinado assunto a lhe orientar, elas serão, certamente, boas referências.
Mas nós precisamos mesmo de uma aula de sexo oral? Sobre isso eu tenho sentimentos ambivalentes. Por um lado, ninguém nasce sabendo, e as referências que temos são restritas ao campo do pornográfico, que embora tenham lá suas consequências negativas, principalmente no que se refere ao consumo exagerado e possa aprisionar a modelos pré-estabelecidos, genitalizados e machistas em relação ao sexo, ensinam alguma coisa. E, se podemos ser contrários a esse tipo de conteúdo pasteurizado sobre o sexo, onde buscar outras fontes?
Há muito que eu questiono a dificuldade que temos de abordar o prazer sexual nos contextos educativos. Normalmente escolas acabam tratando do tema sempre pelo viés biológico e preventivo, pouco se discute sobre resposta sexual.
Não que professores e professoras devam dar uma aula de sexo oral, algo que tem mais relação com o ambiente privado, do que o público, mas não considerar o tema do prazer e discuti-lo, é uma maneira de empurrar cada vez mais os adolescentes para a pornografia.
Por outro lado, sabemos que uma boa orientação ajuda, mas não é o suficiente. Na hora da relação sexual, vale muito mais a curiosidade que demonstramos ter pelas sensações prazerosas que podemos ter e provocar nas outras pessoas, do que seguir um script decorado e performático.
Cabe a nós, adultos e educadores, refletir que, com o advento da tecnologia, cada vez mais conteúdos dessa natureza estarão disponíveis por todas as plataformas, sites e apps.
Ficará cada vez mais complicado conter acesso de crianças e adolescentes, na visualização de cenas sexuais, sejam as pornográficas ou educativas. A educação para o uso da tecnologia terá que incorporar a discussão sobre sexualidade e ela não é simples de fazer, pois nela cabe o prazer, mas também a ética, o privado e o público, o individual e o coletivo.
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