Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Pandemia, hormônio ou fase: como superar falta de desejo sexual na relação?
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De longe, a falta de desejo sexual é a queixa mais comum em consultório. Nem sempre é fácil localizar as causas para o desinteresse, sendo constante a multiplicidade de fatores. Antigamente era mais frequente encontrar mulheres com essa reclamação, no entanto cada vez mais homens estão também sofrendo com a perda do interesse sexual.
Em situações específicas, como a pandemia, a sexualidade pode ser bem afetada. O aumentou da insegurança e da carga de trabalho, além da privação de lazer, influenciam fortemente. A convivência com os ambientes externos e as outras pessoas mobiliza nossa energia. Sair para o trabalho, se arrumar, olhar para os outros, ser olhada; tudo isso pode ajudar a alimentar o desejo e algumas pessoas minguam quando confinadas em casa, mesmo que estejam com parcerias com quem convivam de maneira satisfatória.
A pandemia também aumentou significativamente os transtornos mentais da população e sabemos que muitos quadros depressivos, ansiosos, fóbicos, entre outros, podem interferir diretamente na vontade e na capacidade de entrega consciente ao ato sexual.
É importante investigar a saúde de modo geral e a saúde sexual especificamente. Desequilíbrios na produção de hormônios e outras substâncias envolvidas na "orquestra do desejo", podem inibir a libido em homens e mulheres. Fatores como idade, doenças crônicas, menopausa e a amamentação, por exemplo, contribuem para desafinar alguns instrumentos. Além disso, o uso contínuo de alguns anticoncepcionais e contraceptivos de emergência pode influenciar no desejo sexual, assim como alguns antidepressivos, inibidores de apetite, entre outros. É necessário sempre discutir com os médicos o quanto um medicamento pode influenciar na sua resposta sexual, para que outras possibilidades sejam avaliadas, além do acompanhamento necessário durante o uso.
Mas se a falta de tesão não tem relação com o impacto da pandemia, nem com fatores biofisiológicos, pode ser que sua parceria não esteja atraente, nem tanto fisicamente, mas que esteja faltando tempero, sedução, "pegada". Quem sabe é uma fase difícil que ele(a) esteja vivendo, ou vai ver que o sexo entre vocês está chato e monótono, ou ainda que vocês se tornaram "irmãos".
No momento, até abrir a relação, para que o envolvimento sexual com outras pessoas apazigue a necessidade de variação sexual e descoberta do novo, tem sido uma opção dificultada. Um casal que tem química e bom encaixe sexual consegue, com motivação dos dois lados, resgatar uma vida sexual mais animada e criativa. É fundamental conversar sobre o assunto, a fim de identificar o que mobiliza a excitação de cada pessoa.
Uma relação cheia de problemas
Embora algumas pessoas sejam sexualmente movidas pela raiva e pelo ciúme, boa parte das pessoas leva para a cama os problemas da relação. Como fazer sexo com alguém que é agressivo, desrespeitoso, frio, distante? Toda relação que se preze tem fases e fases, mas algumas são tão devastadoras para a entrega sexual, que se faz necessário buscar ajuda profissional para a reaproximação da intimidade entre o casal, se é que isso seja possível.
Desejo? O que é isso?
Há um grupo bem grande de mulheres que não sente desejo sexual espontâneo, ou seja, não tem vontade de "transar" como um apelo físico; ou o sente esporadicamente. Por outro lado, "pegam no tranco", quer dizer, quando excitadas respondem positivamente ao sexo. Ser responsiva, como dizemos, não é um problema; a questão é saber quais são os gatilhos que disparam o desejo e se disponibilizar para o sexo. Embora homens, no geral, tenham mais apelo sexual físico, por causa da testosterona, eles também precisam de estímulos para responderem às suas parcerias. Mulheres podem cobrar de seus parceiros uma espontaneidade do desejo e serem, por vezes, cruéis. A construção da sexualidade feminina, deve também passar pela desconstrução de um machismo internalizado.
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