Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Consultor de intimidade: a nova profissão que garante limites em Hollywood
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Uma nova atividade profissional ligada sexologia surgiu recentemente: os consultores de intimidade. Após o movimento #metoo, que denunciou inúmeros casos de assédio e abuso sexual na indústria cinematográfica, as produtoras, canais de TV e de streaming tem cuidado para que, em cenas de sexo, os envolvidos saibam exatamente o que é para fazer, e não deixem com que atores e diretores estabeleçam os limites ao seu bel prazer.
Quando eu me especializei em sexologia, há 25 anos atrás (cringe, eu sei), só havia três atividades profissionais: os terapeutas sexuais, normalmente psicólogos ou médicos, que recebem seus pacientes em consultórios ou ambulatórios com queixas sexuais; os educadores sexuais, graduados em qualquer profissão, que trabalham com projetos de educação em escolas, comunidades, instituições, empresas, mídias diversas; e os profissionais ligados a pesquisa ou que estudam a sexualidade sob a perceptiva sociocultural.
Hoje, além dessas já bem delimitadas atividades profissionais, novos campos de atuação surgiram, alguns frutos da percepção de necessidades da população, outras tentando embarcar na onda e de qualidade bastante duvidosa. Enfim, tem para todos os gostos e títulos, desde os sex coachs, até os terapeutas tântricos, então, se você busca um profissional, sugiro que pergunte a ele objetivamente qual é o método e o objetivo do trabalho que propõe.
Se antes eu poderia me espantar quando alguém me perguntava se eu faria sexo com paciente, porque essa não é uma prática considerada ética na minha profissão, hoje em dia compreendo a pergunta, porque certamente há alguém que se auto denomina terapeuta que faz. Até porque, terapeuta é uma palavra ampla, não é mesmo?
Consultores(as) de intimidade são uma profissão em expansão nos EUA, mas ainda não chegaram no Brasil. Reveem os roteiros, aconselham, discutem técnicas e criam protocolos para as cenas de nudez e sexo simulado. São uma misto de mediadores(as), conselheiros(as) e coreógrafas(os), da mesma forma que fazem os contratados para a segurança do elenco nas cenas de lutas, violência e perigo.
Faz todo o sentido tornar ainda mais profissional uma cena que, em boa parte dos casos, envolve nudez e às vezes muita emoção. Há tomadas que retratam violência sexual, por exemplo, que podem mobilizar sentimentos profundos e difíceis para os atores e atrizes, que precisam ter sua vulnerabilidade bem cuidada pelos colegas, diretores e técnicos.
A cautela também é direcionada ao público, por isso a indústria busca orientação em como abordar temáticas difíceis. A utilização de aviso de gatilho, por exemplo, para os casos de abuso e violência sexual, foi uma sugestão da RAINN - Organização americana de apoio a vítimas de abuso, estupro e incesto - e é largamente utilizada nas produções atuais, seja TV, cinema ou streaming.
Mas como em toda atividade profissional, os "acidentes" de trabalho podem acontecer. As cenas de sexo tórrido, resultantes de um encontro efusivo e apaixonado, podem envolver atores e atrizes. Os protagonistas da série Sex/life por exemplo, se apaixonaram durante as gravações e são o casal hit da temporada. Talvez, toda a preocupação com os ensaios e a coreografia sexual tenham os estimulado ainda mais, pois puderam compartilhar o segredo do envolvimento emocional. Nada como criar cumplicidade no crime, não é mesmo?
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